segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Terreiro de candomblé é alvo de vandalismo em Nova Iguaçu

Márcia Villanova
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Dirigentes do terreiro de candomblé Kwe Cejá Danlomin LojiquejiI Axé, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, denunciam que o espaço foi alvo de vandalismo, na noite desta quarta-feira. Situado na Rua Capitão Chaves, no Centro da cidade, o centro espírita teve boa parte de sua estrutura destruída e incendiada. O caso aconteceu por volta das 19h e foi comunicado à polícia. A informação chegou por meio do WhatsApp do EXTRA: (21) 99644-1263.
De acordo com o pai pequeno da casa, Álvaro Leone, o Álvaro Doté Ty Togum, de 51 anos, ao chegar ao local ele viu que o salão estava todo bagunçado.
— A princípio pensei que fosse por causa da vento. Mas, ao descer, vi que o terreiro havia sido invadido. Todos os nossos santos e materiais das obrigações foram destruídos e queimados — conta, revoltado.

A estrutura do salão ficou toda destruída e queimada
A estrutura do salão ficou toda destruída e queimada Foto: Foto do leitor
O pai de santo Doté Bruno Ty Tobossy disse que não foi a primeira vez que o terreiro foi alvo de vândalos:
— Tivemos um caso assim há cerca de 10 anos. Não podemos mais conviver com este tipo de intolerância religiosa. Por causa desse absurdo tivemos que cancelar a festa de Omulu que estava programada para acontecer no próximo sábado. Não fazemos mal a ninguém. Merecemos e precisamos de respeito.
O caso foi registrado na 52ª DP (Nova Iguaçu).

Pai de Santo divulga como era o terreiro antes do suposto vandalismo
Pai de Santo divulga como era o terreiro antes do suposto vandalismo Foto: Foto do leitor

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Caso de intolerância religiosa leva MP a alertar contra ofensas em eleições
Por iG São Paulo * | 29/07/2016 12:56 - Atualizada às 29/07/2016 13:00
Recomendação foi motivada por campanha que induziu ódio a crenças de matriz africana em 2014 na Bahia ; texto diz que partidos devem orientar seus candidatos e verificar conteúdo das propagandas antes de divulgá-las
Ricardo Cardoso/Framephoto/Estadão Conteúdo - 02-02-12
Devotos celebram o Dia de Iemanjá, orixá protetora das aguas, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, em 2012

Propagandas eleitorais que atacam crenças ou propagam a intolerância religiosa deverão ser retiradas das ruas da Bahia por decisão da Procuradoria Regional Eleitoral e do Ministério Público do Estado. A duas semanas do início da campanha eleitoral, os dois órgãos expediram uma recomendação conjunta direcionada a partidos e candidatos que estarão nas disputas pelos cargos municipais em 2016.
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A recomendação foi motivada pelas propagandas veiculadas por um candidato baiano nas eleições federais de 2014. Na campanha, ele usou palavras ofensivas ao se referir a religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé. O reclame ainda induzia a discriminação e a intolerância religiosa, propondo, por exemplo, a retirada de imagens de orixás de espaços públicos na capital baiana.
Manifestações do tipo são proibidas pelos códigos eleitoral e penal e pela Constituição, que assegura a todo brasileiro o direito à crença e ao livre exercício de culto religioso. A Constituição Baiana também condena a prática – por meio da Lei Estadual 13.182/2014, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia.

Agência Brasil
De 2011 a 2014, 35% dos casos denunciados de intolerância religiosa no Brasil se referiam a religiões de matriz africana
De acordo com a recomendação da Procuradoria e do Ministério Público, “a liberdade de manifestação de pensamento, como todo direito fundamental, observa limites e não pode servir de justificativa para o desrespeito a outras religiões e à propagação do discurso do ódio”.
O documento assinado nesta sexta-feira (29) orienta os políticos para que observem todas as normas relacionadas e que, na difusão de propostas de campanha, abstenham-se de praticar a intolerância religiosa. A recomendação foi subscrita pelo procurador regional eleitoral Ruy Mello e pela promotora de Justiça Lívia Sant'Anna Vaz, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação.
É de responsabilidade dos partidos divulgar a recomendação entre seus candidatos e “observar o conteúdo das propagandas eleitorais antes da veiculação nos meios de comunicação, evitando a propagação de mensagens que atentem contra a igual liberdade de crença de todas as religiões”.
O não cumprimento da recomendação pode gerar penalidades como a tomada de “providências cabíveis pelos promotores eleitorais e pelo Ministério Público do Estado da Bahia”, diz a recomendação.
*Com informações do Estadão Conteúdo e da Agência Brasil