quinta-feira, 29 de março de 2012


Deputados evangélicos causam polêmica na Assembléia do Rio de Janeiro

Redação 24 de março de 2012 



Utilidade Pública garante às entidades, associações civis e fundações o reconhecimento como instituições sem fins lucrativos e prestadoras de serviços à sociedade.
Entidades sem fins lucrativos são aquelas capazes de reverter em finalidades estatutárias ou em manutenção e expansão do próprio negócio todos os lucros obtidos em atividades comercial, industrial e de serviços desenvolvidos por ela.
Na última quinta-feira (22), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) viveu uma polêmica com o debate do projeto de lei nº 1177/2011. De autoria do deputado Gilberto Palmares (PT), o pedido era que fosse considerada de utilidade pública estadual a tenda espírita Caboclo Flecheiro Cobra Coral.
Isso não agradou a alguns parlamentares, em especial o deputado Samuel Malafaia (PR), irmão do pastor Silas Malafaia, da Assembléias de Deus Vitória em Cristo.
Todos os deputados evangélicos votaram contra a homenagem à tenda espírita, o que lhes rendeu acusações de preconceito. Muitos outros deputados acabaram votando contra por acreditar que tinha ligação com o “cacique” contratado pelo governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes para controlar o tempo.
Apesar do nome parecido, a Fundação Cacique Cobra Coral que visa “intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza” não tem ligação com a tenda espírita Caboclo Flecheiro Cobra Coral, que se dedica a “estudos, consultas, desobsessão, cirurgias espirituais” além de ter trabalhos comunitários que visam levar alimentos e os ensinamentos da Umbanda a quem desejar.
Fonte Gospel Prime com informações JB e Tecaf Umbanda

quarta-feira, 28 de março de 2012

TERÇA-FEIRA, MARÇO 20, 2012

O Brasil não é regido pela Bíblia!





ALEXANDRE VIDAL PORTO



A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico e assegura liberdade religiosa para todos os cidadãos. As autoridades devem dar garantias ao culto de qualquer religião, sem, no entanto, agir em nome de nenhuma. Em uma democracia, esses princípios são importantes porque preservam o pluralismo da sociedade e protegem o pleno exercício dos direitos individuais.

Trata-se de uma conquista da civilização ocidental que se encontra ameaçada no Brasil. Hoje, fé e política parecem manter uma relação espúria, na qual princípios religiosos contaminam de forma indevida o processo legislativo nacional. Absurdamente, começa-se a achar natural que projetos de lei submetidos à Câmara dos Deputados, ainda que consonantes com os princípios da Constituição e dirigidos ao todo da população — religiosa ou não —, tenham de passar pelo crivo doutrinário das igrejas e fiquem reféns de sua sanção.

Retira-se, assim, de parcela considerável do povo brasileiro, a possibilidade de regular seus direitos constitucionais fora de preceitos bíblicos que não abraçou. Ao mesmo tempo, as lideranças religiosas assumem ares de superioridade moral e alavancam seus interesses políticos baseados em uma ideologia teocrática de exclusão, que desqualifica quem não partilha de sua fé.

Ninguém é melhor ou mais ético porque tem religião. Cada um tem o direito de escolher os princípios morais que nortearão sua vida de acordo com a sua consciência. Essa prerrogativa fundamenta os direitos individuais. Foi conquistada a duras penas, em reação, justamente, ao monopólio ideológico e religioso que, diversas vezes na história, impôs-se com resultados terríveis para a humanidade.

Ao longo dos séculos, muitas atrocidades foram cometidas em nome da Bíblia e de outros textos religiosos. Não fosse a garantia da pluralidade democrática, o mesmo deputado que vocifera contra cultos de matriz africana ou direitos reprodutivos das mulheres, poderia ter sido queimado na fogueira da Inquisição católica ou morto por apedrejamento como infiel.

O Brasil é um país diverso. E quer continuar a sê-lo. Nele, não deve haver espaço para a intolerância O Congresso não legisla apenas para quem tem religião. Tem de proteger a todos. Tentar impor uma ideologia religiosa por meio da ação legislativa desfigura nossa democracia. Os religiosos têm o direito de observar seus princípios, mas não podem impingilos ao resto da população. O Brasil não é regido pela Bíblia. Que os religiosos cultuem o que quiserem, mas que respeitem quem não pensa como eles (grifo nosso) e não quer viver como eles.

É importante que as autoridades do governo tentem colocar em perspectiva a ação política de grupos religiosos no Brasil. O Estado brasileiro é laico e deve comportar-se como tal. Em mais de uma instância, minorias sociais têm visto seus direitos individuais virarem moeda de troca. Tolerar a intolerância pode render votos, mas não é uma forma justa de governar.



ALEXANDRE VIDAL PORTO é advogado
Fonte: http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/03/o-brasil-nao-e-regido-pela-biblia.html

quarta-feira, 28 de março de 2012 7:00

Professora evangélica prega em aula e aluno sofre bullying na escola





Adolescente de 15 anos passou a ser vítima de bullying e intolerância religiosa como resultado de pregação evangélica realizada pela professora de História Roseli Tadeu Tavares de Santana. Aluno do 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Antonio Caputo, no Riacho Grande, em São Bernardo, o garoto começou a ter falta de apetite, problemas na fala e tiques nervosos.

Ele passou a ser alvo de colegas de classe porque é praticante de candomblé e não queria participar das pregações da professora, que faz um ritual antes de começar cada aula: tira uma Bíblia e faz 20 minutos de pregação evangélica aos alunos. O adolescente, que no ano passado começou a ter aulas com ela, ficava constrangido. Seu pai, o aposentado Sebastião da Silveira, 64 anos, é sacerdote de cultos afros. Neste ano, por não concordar com a pregação, decidiu não imitar os colegas. Eles perceberam e sua vida mudou.

Desde janeiro, ele sofre ataques. Primeiro, uma bola de papel lhe atingiu as costas. Depois, ofensas graves aos pais, que resolveram agir. "Ficamos abalados", disse Silveira. "A própria escola não deu garantias de que meu filho terá segurança."

O garoto estuda na unidade desde a 5ª série. Poucos sabiam de sua crença. E quem descobria se afastava.Da professora, ouviu que pregação religiosa fazia parte do seu método. Roseli não quis comentar sobre o caso.

A Secretaria Estadual da Educação promete que a Diretoria de Ensino de São Bernardo irá apurar a história e reconhece que pregar religião é proibido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Na escola, os alunos reclamam da prática. "Não aprendi nada com ela. Só que teria de ter a mesma religião que ela", disse um menino de 16 anos.

‘Nossas crianças não têm direito a ter uma identidade. São discriminadas'

A presidente da Afecab (Associação Federativa da Cultura e Cultos Afro-Brasileiros), Maria Campi, anunciou que dará amplo suporte à família de Magno pelo que o garoto vem sofrendo. "Nossas crianças não têm direito a ter uma identidade. São discriminadas quando usam as vestimentas. Falta estudar mais as culturas africanas", completou.

Um registro de ocorrência foi feito no 4º DP (Riacho Grande), e a Comissão de Liberdade Religiosa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Ministério Público foram acionados. "O Estado brasileiro é laico e não pode promover uma religião específica através de seus agentes. É preciso compreender a importância do respeito à escolha do próximo", disse a presidente da comissão, Damaris Moura.

"Escola não é lugar para se fazer pregação", definiu Carlos Brandão, doutor em Educação pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). "O superior que está permitindo isso não está só indo contra a lei, mas sim prejudicando a moral dos alunos."

Até mesmo pais evangélicos de alunos do local criticam a postura. "Nunca foi falado em casa que ela fazia isso. Senão eu reclamaria, é errado", disse a doméstica Edemilda Silva, 46 anos, moradora do Capelinha. Seu filho, 13, está na 8ª série do Ensino Fundamental e confirmou a atitude da professora. "Se quiser ouvir a palavra, vou na igreja. "


Rafael Ribeiro Do Diário do Grande ABC




terça-feira, 20 de março de 2012

sábado, 17 de março de 2012


Liberdade, igualdade, fraternidade e escravidão


escravos

A escravidão foi uma das páginas mais triste da história da humanidade, pois todos os povos tanto foram escravistas como escravizados. Nesse cenário, o tráfico negreiro para a América foi uma das peças marcada pela ganância. Os altos lucros atraiam nobres, burgueses, plebeus, europeus, africanos, americanos e árabes e tornou uma atividade comercial importante, fonte de altas rendas. As ações e quotas das companhias traficantes eram negociadas nas bolsas de Londres, Amsterdam, Paris e Lisboa.
Desde o início o tráfico tendeu a ser uma atividade em si mesma, quebrando o pacto colonial no que concerne à rigidez do monopólio metropolitano. Os comerciantes portugueses preferiam fornecer escravos às colônias espanholas (onde ganhavam mais) a trazê-los ao Brasil. Os traficantes ingleses, holandeses, franceses, norte-americanos, suecos e dinamarqueses os vendiam a quem quisesse comprá-los - legalmente, se possível; como contrabando, quase sempre.
Na França, a terra da "liberté, égalité, fraternité", filósofos e reis não tiveram pudor de obterem ganhos com o comércio negreiro. Voltaire - embora suas considerações contra a escravidão no seu Dicionário Filosófico -, "não teve escrúpulos em pertencer às companhias (traficantes) de seu tempo" e a nobreza também não.
Os registros do tráfico francês nas costas africanas remontam a 1566, quando uma frota comandada pelo corsário Bertrand de Montluc (Moluc) saqueou a Vila de Funchal, na Ilha da Madeira. Porém até o final do século XVI os francos tiveram um papel secundário no tráfico internacional de africanos escravizados. Somente no ministério do Cardeal Richelieu (o principal ministro de Luiz XIII) o tráfico negreiro foi praticado regularmente pelos franceses, através das "Compagnie du Cap Verte e Senegal" e "Compagnie du Guineé", cujas principais funções eram o fornecimento legal de escravos à América Francesa e, clandestinamente, às outras colônias.
No ano de 1641 subiu ao trono da França o rei Luís XIV, autor da célebre frase "o Estado sou eu". E assim agiu, tendo Colbert como seu ministro principal, superintendente das construções, das artes e das manufaturas, controlador geral das finanças, secretário de Estado da Marinha e da Casa Real. A partir de então a política colonial "adquiriu as feições de um comércio colonial". Com Colbert o tráfico de escravos passou a ser protegido e, ao mesmo tempo, controlado pela coroa.
Após a subida do novo governo, foram fundadas várias outras sociedades negreiras, monopólios foram dados, ampliados, reduzidos e extintos. Todo esse fluir de esforços tinha como objetivo abastecer regularmente as colônias francesas da América, especialmente as colônias do Caribe, com escravos negros. Entretanto, somente a partir de 1675 é que foi sistematizado o transporte anual de dois mil escravos africanos para essas possessões. O encorajamento das companhias traficantes de escravos, inclusive com a participação de recursos do Tesouro Público, resultou na mão de obra necessária ao grande impulso que a economia das ilhas francesas nas Antilhas registrou na segunda metade do século XVII.
A pressão da demanda por escravos para as Antilhas Francesas era grande. Somente os traficantes de Nantes, vendedores de cerca da metade dos africanos ali introduzidos, foram responsáveis pela venda de uma média de três mil escravos por ano (isso desde 1725), chegando, às vezes a quatro mil ou seis mil e novecentos. As máximas alcançadas foram 7.146 negros, em 1739, e 7.200, em 1769. Para se ter uma ideia do peso do tráfico negreiro franceses, basta que se compare dois números: mais de dois mil navios eram ocupados com o tráfico de escravos; somente 562 transportavam mercadorias na rota Caribe-França.
A Revolução Francesa de 1789 tinha como base a difusão das ideias de liberdade, igualdade e fraternidade; direitos que deveriam ser comum a todos os homens. Em 1794, a Assembleia Nacional Francesa decretou a abolição da escravidão e do tráfico negreiro em todas as dependências da França. Todavia, ambos voltariam a ser legais 1802. O decreto do Consulado Francês restabelecendo a escravidão e o tráfico negreiro era claro: "O tráfico de negros e sua importação nas colônias se farão conforme as leis e regulamentos existentes antes de 1789". Tornou-se lei em 20 de maio de 1802. Em meados do século XIX, Luís Bonaparte (Napoleão III), rei da França, segundo Marx, "ressuscitou o infame tráfico, com suas piores características, com o pretexto de livre emigração dos negros para as colônias francesas" e passou a ser conhecido como o "anjo guardião do tráfico de escravos" ...e de seus lucros.




reproduzido do portal Geledés

Racismo:
foto : G1(Foto: Marcelo Justo/Folhapress)

 Polícia baixa em stand up de Alexandre FrotaSegundo a Folha, um dos músicos da banda que fazia as vinhetas do espetáculo se sentiu ofendido durante apresentação do humorista Felipe Hamachi15.03.12
A polícia militar foi chamada na estreia do show de stand up comandado porAlexandre Frota, chamado "Proibidão", na última segunda, 13, diz a "Folha de São Paulo". Segundo o jornal, um dos músicos da banda que fazia as vinhetas do espetáculo se sentiu ofendido por uma piada racista contada pelo humorista Felipe Hamachi.
De acordo com o jornal, a confusão ocorreu quando Hamachi disse que não se pega Aids em relações sexuais com macacos e, em seguida, olhou para o tecladista insinuando que mantinha uma relação com ele.
O músico, conhecido como Rapha Dantop, se ofendeu, deixou o palco e acionou a polícia. Segundo a "Folha", a confusão foi resolvida apenas com conversa sem a necessidade de registrar um boletim de ocorrência.

De acordo com informações da "Folha", as pessoas da plateia tiveram de assinar um termo de compromisso dizendo que não ficariam ofendidas com nenhuma piada. O músico não assinou o termo.
Nesta terça, 13, o humorista Felipe Hamachi postou no Facebook um pronunciamento sobre o episódio. "Não acho que todo mundo é obrigado a aceitar piadas e não tenho problemas em pedir desculpas a quem se ofende com elas. Eu trabalho com o público e sei que as pessoas são diferentes e aceitam e interpretam as coisas de modos diferentes", escreveu em sua página na rede social.
Leia a íntegra do post de Felipe Hamachi no Facebook:
"Quaisquer opiniões expressadas por mim sobre o palco fazem parte de um texto humorístico e não representam a realidade.
Ainda assim, não acho que todo mundo é obrigado a aceitar piadas e não tenho problemas em pedir desculpas a quem se ofende com elas. Eu trabalho com o público e sei que as pessoas são diferentes e aceitam e interpretam as coisas de modos diferentes.
Ontem houve um caso desagr...adável durante um show chamado "Proibidão", onde quase todos os presentes estavam cientes de que haveriam *piadas pesadas de todos os tipos*. Por incrível que pareça, a única pessoa com quem eu brinquei durante o show era a única que não estava avisada do que aconteceria ali e isso causou um mal estar, que foi resolvido depois de muita conversa e depois de eu pedir desculpas para a pessoa que caiu de paraquedas no lugar errado e no dia errado.
Esta pessoa aceitou as minhas desculpas e vim pra casa com a consciência tranquila, porém pessoas que nem estavam presentes no evento e obviamente não podem entender do que se trata, ouviram a história, tomaram as dores e publicaram coisas a meu respeito por aí. Não sei que proporção isso pode tomar, então preferi me pronunciar antes...
Tudo ali era pra divertir um público que pagou para ouvir exatamente esse tipo de piada. É um conceito experimental e diferente de show de comédia e, como eu disse, o que falo no palco não faz parte de minhas opiniões pessoais, apenas segue a proposta do show.
As pessoas que estão tentando espalhar julgamentos de minha pessoa baseadas no que eu disse ontem em 5 minutos em cima do palco estão equivocadas e, principalmente, sendo preconceituosas.

Fonte: EGO


Evangélico é preso em flagrante ao quebrar santa de igreja da zona Sul

terça, 13 de março de 2012 • 13:10
Por Anselmo Moura 
Fotos: Dantércio Cardoso


Um homem identificado apenas como Elias foi preso em flagrante na manhã desta terça-feira (13) no bairro São Pedro, na zona Sul de Teresina. Ele, que é evangélico, é acusado de quebrar uma imagem de Santa Teresinha. A santa estava na igreja católica do bairro. O rapaz havia sido catequista daquela paróquia, mas acabou se convertendo a outra religião.

“Nós estávamos rezando o terço, quando ouvimos um barulho muito grande, pensávamos até que tinha acontecido um acidente de carro. Quando nos viramos, vimos a santa no chão e um homem correndo pra fora da igreja. Na hora conhecemos que era o Elias, pois ele já foi catequista aqui conosco. Entramos em contato com a polícia e ele acabou preso”, explica a bancária Marineide Albuquerque, que se encontrava na igreja na hora da depredação.


“Depois que ele se converteu para outra igreja, ele começou a atacar a nossa igreja. Essa já é a terceira vez que ele quebra santos aqui na paróquia. Se o pessoal de outras religiões não acreditam nas imagens, eles tem que respeitar a nossa crença. Isso que aconteceu hoje aqui é intolerância religiosa”, protesta Marineide Albuquerque.

O vândalo foi preso e encaminhado à Central de Flagrantes, no centro de Teresina. O pároco da igreja do bairro São Pedro, padre Valdery Veras, prestou queixa contra o acusado.

Veja fotos:
FONTE:portal AZ




COMENTÁRIO:

Ainda bem que esse tipo de evento, é raro e isolado, e não representa o pensamento da maioria dos evangélicos no Brasil, acreditamos que o autor de tal façanha tão nefasta, tenha sido movido muito mais por uma forma psicológica de desequilíbrio, do que por motivos religiosos.Pois os verdadeiros postulados religiosos obrigam os seus fiéis a respeitarem e honrarem os símbolos das outras religiões. Que esse rapaz seja punido na forma da lei e imposto a ele um tipo de tratamento psiquiátrico, pois, o que nós menos precisamos é gente dese tipo para acirrar mais ainda,os ânimos da discórdia, já tão acalorados.

João Batista de Airá/advogado/jornalista/babalorixá

quarta-feira, 7 de março de 2012



07/03/2012


Garoto apreendido mais de 20 vezes 'agradecia a santo' por assaltos no CE

Velas e cervejas seriam usadas para comemorar assaltos, diz Polícia.

Garoto foi apreendido e novamente entregue à família em Juazeiro do Norte.



Elias Bruno

Do G1 CE


Garoto foi flagrado com duas velas que seriam usadas para 'agradecer a um santo ' e cervejas para comemorar êxito de assaltos em Juazeiro do Norte (Foto: Chinês/ Agência Miséria)

Um garoto de 12 anos apreendido em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, na tarde de terça-feira (6) foi flagrado com velas e garrafas de cerveja que seriam usadas para agradecer e comemorar o êxito em assaltos na região, segundo a Polícia Militar. De acordo com o tenente-coronel Francinaldo Guedes, do programa de policiamento Ronda do Quarteirão, o garoto já foi apreendido mais de 20 vezes nos últimos dois anos pela corporação por suspeitas de infrações análogas ao crime de roubo.

“Ele disse que ia acender as velas para 'agradecer a um santo' pelo sucesso nos crimes praticados, que também seria comemorado com o consumo das cervejas e dos cigarros”, explica o tenente-coronel. Nesta terça-feira (6), o suspeito foi encontrado com R$ 500,00 após denúncias de ter roubado o celular de uma adolescente de 15 anos. “Na semana passada, ele foi apreendido outra vez ao gerar desconfiança pagando compras à vista no shopping da cidade. Na ocasião, ele foi preso com R$ 4.000 em espécie no bolso”, ressalta Guedes.



Garoto de 12 anos foi apreendido com o irmão de

13 após usar tesoura para roubar celular

(Foto: Normando Sorácles/Ag. Miséria de Com)

Garoto está solto novamente

No flagrante de terça-feira, o garoto foi apreendido junto com irmão de 13 anos e ambos foram conduzidos à delegacia regional da Polícia Civil de Juazeiro do Norte, que encaminhou apenas o irmão mais velho para o Conselho Tutelar, segundo Ary Nascimento, conselheiro tutelar do município. O G1 entrou em contato com a Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (7) e foi informado pelo inspetor Cícero Duarte, da delegacia de Juazeiro do Norte, que o garoto de 12 anos foi novamente entregue à família. Uma mulher de 63 anos suspeita de ter vendido as cervejas e o cigarro ao garoto também foi detida e levada para a delegacia, onde assinou um termo circunstancial de ocorrência (TCO) e liberada.

Garoto assalta desde os seis

Ainda de acordo com o Conselho Tutelar de Juazeiro do Norte , o órgão tem conhecimento da situação do jovem, que possuiu histórico de envolvimentos em assaltos e ligação com drogas.

“O caso ainda está sendo analisado porque a delegacia não pode dizer que uma criança cometeu um ato infracional. O garoto admitiu também cometer assaltos desde os seis anos de idade, quando saía pelas ruas praticando crimes e usando drogas com os dois irmãos, ambos já recolhidos em carceragens do Juizado de Proteção da Infância e Juventude em Fortaleza e Juazeiro do Norte”, explica o conselheiro Ary Nascimento.

Ainda na investigação da situação do garoto, o Conselho Tutelar apurou que a mãe dos menores infratores é conivente com os delitos praticados pelos filhos e apenas a avó, que é funcionária pública, é responsável por cuidar da alimentação da filha e dos netos. “Oferecemos também um trabalho social, mas, infelizmente, eles não se engajam pela facilidade de praticar assaltos, furtos e usarem drogas como cocaína e maconha”, lamenta o conselheiro.

tópicos:

Ceará, Juazeiro do Norte

segunda-feira, 5 de março de 2012




Lei do Pai Nosso gera muita polêmica em Ilhéus

Publicada: 02/03/2012 00:04

Vereador Alzimário autor do projeto é da bancada evangélica


Roberta Cerqueira REPóRTER





É correto obrigar alunos a rezarem, todos os dias, antes das aulas? Esta é a pergunta que não quer calar desde que escolas da rede municipal da cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, começaram a cumprir uma norma municipal que ficou conhecida como a “Lei do Pai Nosso”. A lei 3.589/2011, aprovada, na Câmara Municipal de Ilhéus é de autoria do vereador evangélico Alzimário Belmonte (PP-BA) e está sendo posta em prática, desde o início do ano letivo, nas escolas municipais da cidade, em 13 de fevereiro. A lei foi sancionada em dezembro do ano passado pelo prefeito Newton Lima (PT-BA).





Para o legislador, a medida tem como objetivo despertar nos jovens a importância de valores e que segundo ele, não prevê penalidades para quem não cumprir a orientação. “É uma lei extremamente livre. Eu não coloquei na lei nenhum artigo que obrigue a reza todos os dias, assim como não há nenhuma sanção para quem não queira orar”, defende.



No Instituto Municipal Eusínio Lavigne, que possui 1.700 alunos, uma das maiores unidades de ensino da cidade, os alunos e professores obedecem o ordenamento estão fazendo as orações todos os dias antes das atividades acadêmicas na instituição.



Apesar de a lei determinar obrigatoriedade, o diretor da unidade afirma que não há imposição à prática diária da oração. “Nós não conduzimos, nem impomos. Aqueles que são católicos, que creem, que confiam, participam. Aqueles que não acreditam, a gente respeita a religião de cada um”, garante José Eduardo Santos.



A secretária de Educação, Lidiany Campos considera a oração importante. “A nossa orientação é de que não exista jamais algum tipo de pressão no sentido de obrigar o professor no cumprimento da lei”, reafirma.



Para Campos, a crença é importante, principalmente, na tentativa de reduzir o alto índice de violência, nas escolas. “Há uma grande inversão de valores, quem sabe a religião amenize isto”, espera.



O filósofo, Ricardo Líber não vê nenhum problema em rezar, nas escolas, mas, lembra que sendo o Brasil um país laico, com liberdade religiosa, todas e não apenas uma religião, deveria ser contemplada. “Mas, se forem contemplar a todas as religiões não haverá aula então o melhor é não ter lei nenhuma a este respeito. A escola não é uma igreja.”, critica.



Para o antropólogo Roberto Albergaria a medida é mais uma tentativa de grupos religiosos de “resagralizar” a sociedade. “As pessoas estão cada dia mais materialistas e o sagrado cada vez mais difuso e esta é uma tentativa de modificar este quadro”, lembra.



O estudioso considera a “Lei do Pai Nosso” uma afronta à democracia e à liberdade individual, “além de ser uma representação do fanatismo religioso”, acrescenta ele que cita ainda outras medidas que têm a frente os mesmos grupos religiosos, católicos e evangélicos, como “a criminalização do aborto e a satanização da homossexualidade”, destaca.



Na França – Enquanto no Brasil, discussões sobre liberdade religiosa ganham corpo frente a iniciativas como a “Lei do Pai Nosso”, na França, desde 14 de setembro de 2010, o Senado francês aprovou a proibição do uso da burca, a vestimenta islâmica que cobre o corpo e o rosto da mulher, e também do véu integral, chamado niqab. Com isso, as muçulmanas do país não poderão utilizar a roupa nas ruas e em locais públicos.



O islamismo é a segunda maior religião na França e a lei causou polêmica e temores de que aumentem os casos de ódio contra os muçulmanos, em um país em que mesquitas e sinagogas são às vezes atacadas. A lei prevê multa de US$ 185 ou aulas de civilização para qualquer mulher flagrada cobrindo totalmente a cabeça com o véu integral ou usando burca.
 
Fonte: Tribuna da Bahia

sexta-feira, 2 de março de 2012

A Fogueira de Xangô

22.02.12


Numa festa de Xangô, não pode faltar a fogueira, que deve queimar durante o decorrer do Xirê, para que, quando Xangô vier abraçar os seus, a brasa viva seja o tapete vermelho, no qual o rei pisará. Quem vê Xangô pisar no fogo, passa a conhecer a força de um Orixá.
Um dos rituais presentes nesta cerimônia, é o Ajerê, nome do pote que Xangô carrega em sua cabeça com azeite em chamas. Há também o Akará , em que Xangô, juntamente com Yansan, engole pequenas tochas de fogo. Tais rituais, podem ser vistos em casas tradicionais, como as dos saudosos Pai Pérsio (São Bernardo – SP) e Pai Waldemiro (Baixada Fluminense – RJ).
No Brasil, devido aos festejos de São João, criou-se uma tradição de se acender uma fogueira em homenagem a Xangô e a Airá. Na realidade esse ato não existe na África e foi absorvido nessas festas. A cerimônia que ocorre na África é o Ajerê de Xangô, cerimônia em que o iniciado de Xangô em Oyó carrega um jarro com inúmeros orifícios e carregado com fogo sobre sua cabeça.

Fonte: Vodun Abe

quinta-feira, 1 de março de 2012


Na terra dos crentes, o diabo tem nome africano

Por James Mytho.




Quer mais na terra dos crentes, o diabo tem nome africano

Exu Objetivos do artigo:
  • Mostrar como houve a construção do mito do diabo cristão e sua associação com os orixás;
  • Mostrar a ojeriza que várias igrejas cristãs têm pela religiosidade africana;
  • Mostrar o racismo que está por detrás disso;
  • Mostrar o quão intolerante ainda é o cristianismo.
OBS: O termo “crente”, neste contexto, refere-se aos religiosos em geral, e não apenas aos evangélicos.

“Houve, com o decorrer dos séculos, um sincretismo religioso, ou seja, uma mistura curiosa e diabólica de mitologia africana, indígena brasileira, espiritismo e cristianismo, que criou ou favoreceu o desenvolvimento de cultos fetichistas como a umbanda, a quimbanda e o candomblé”. (Orixás, Caboclos & Guias – deuses ou demônios ?, 15° edição, cap. 1, pág. 13) No livro “Orixás, Caboclos e Guias – deuses ou demônios ?”, Edir Macedo expõe a sua visão, e a de muitos cristãos, sobre o que representam as religiões afro-brasileiras em nossa sociedade. Mas, engana-se quem pensa que foi Edir Macedo o primeiro a demonizar essas religiões. Diversos outros pregadores, protestantes e católicos, já travaram lutas contra as “forças das trevas”.
Os cristãos, e em especial os evangélicos, geralmente, reivindicam para si a exclusividade da “comunhão com Deus”, desconsiderando os ensinamentos das outras religiões e filosofias. Contudo, o curioso é que o “diabo” nunca tem um nome grego, romano, escandinavo ou mesmo árabe ou chinês. É quase sempre um nome africano a designação dos espíritos das “trevas”. E este “diabo” é idealizado com as histórias mitológicas africanas, simbolizado com elementos litúrgicos africanos, e personificado em figuras místicas e antropomórficas também africanas.
Os deuses gregos não representam perigo algum aos ditos “cristãos”: “Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido ?” (1 Coríntios 1: 12,13) Mas, as divindades africanas são uma “ameça”: “Para evitar atritos com a Igreja Católica, os escravos que praticavam a macumba, inspirados pelas próprias entidades demoníacas, passaram a relacionar os nomes dos seus deuses ou, para ficar mais claro, demônios, com os santos da Igreja Católica. Assim, podiam escapar à grande perseguição que a própria Igreja Católica moveu contra eles (...)” (Orixás, Caboclos & Guias – deuses ou demônios?, 15° edição, cap. 5, pág. 44). Apolo: referência bíblica em 1 Coríntios 1: 12,13.

fotos ilustração Mônica Buonfliglio

Culto a Iemanjá: algo “demoníaco” para muitos cristãos.

É certo que há uma rivalidade entre evangélicos, umbandistas e candomblecistas. Esta rivalidade é fomentada pelas pregações proselitistas de boa parte dos evangélicos. Os evangélicos, em especial os pentecostais, parecem ter elegido as religiões afro- brasileiras como seus principais adversários. Algumas igrejas pentecostais parecem ter isso como meta prioritária, não se cansando de “combater” aquilo que consideram como o “culto aos demônios”.
Os pentecostais usam de todas as formas possíveis para reprimir os cultos afro usando, inclusive, de preconceitos mesquinhos. Os mesmos preconceitos que, num passado recente, também eram vítimas. É que os pentecostais têm o seu projeto de poder (tal como a Igreja Católica no passado), e para validá-lo precisam eliminar qualquer adversário. E como eles não se acham fortes o suficiente para enfrentar a Igreja Católica, destinam toda a sua intolerância sobre a umbanda, o candomblé, etc... Contudo, não podemos deixar de falar da repressão religiosa empreendida pela Igreja Católica no Brasil até o início do século 20.

A construção do mito.

O diabo, na concepção cristã, é o ser espiritual que representaria o mal absoluto. Ele seria a origem de todas as desgraças existentes no mundo. O diabo também poderia ser compreendido como a antítese de cristo (ou o próprio anti-cristo). De qualquer forma, sua estratégia seria corromper a humanidade seduzindo os seres humanos de todas as formas possíveis. Portanto, teríamos uma espécie de “’batalha espiritual”, numa perspectiva mais fundamentalista. Por conseguinte, o cristão autêntico deveria combater o maligno de todas as formas, bem como não ceder às possíveis tentações. A idéia de um diabo, como um ser espiritual (ou transcendental), não é exclusividade do cristianismo. Contudo, esta religião moldou de uma forma bem peculiar esse “diabo”.
O diabo cristão não só tem formas antropomórficas, mas desejos, sentimentos, atitudes, e até ideais. Para justificar os possíveis intentos do demo, criam-se mitos, propagam-se lendas, e consolidam-se superstições. E este diabo cristão foi elaborado a partir das características dos deuses pagãos do “Velho Mundo”. Nas antigas religiões, os deuses tinham os seus mitos, e a sua justificativa social. Na mitologia grega, por exemplo, Hades era o deus do mundo subterrâneo, lugar onde todas as almas, as “boas” e as “ruins”, teriam o seu derradeiro destino.
Na Terra de Hades, havia um lugar chamado de “Campos Elíseos” para onde iriam as almas “boas”, era o caso heróis, dos adoradores mais dedicados, dos seres tidos como “mais evoluídos”. Mas, havia outro lugar chamado “Tártaro” para onde iriam as almas “ruins”. O Tártaro era semelhante ao inferno cristão, um lugar, portanto, de trevas, medo e sofrimento eterno.
Nas antigas religiões da Pérsia, Egito e Índia também havia a crença na imortalidade da alma, bem como um lugar reservado para os considerados pecadores. Entre os povos do norte da Europa (rotulados pelos romanos como “bárbaros”), a crença na reencarnação era mais comum. Todos estes povos tinham suas próprias representações iconográficas (imagens) acerca de suas divindades. Eram construídas estátuas e monumentos, quadros eram pintados, e ambientes eram decorados com motivos religiosos para o culto aos deuses antigos. Estes deuses podiam ser representados com uma imagem humana ou de algum animal dito especial.
Alguns dos deuses antigos tinham uma representação bem peculiar, tais como Cernunnos, o deus cornífero. Cernunnos tinha cifres em sua forma humanóide, e podia ter também a forma de um touro (ou algum animal forte e portador de chifres). Ele era um deus do panteão celta (povo europeu antigo), considerado como protetor e senhor das florestas.
Com o crescimento do cristianismo, os cristãos, outrora perseguidos, passaram a ser os perseguidores. Para justificarem os seus preconceitos, começam a demonizar os deuses das antigas religiões pagãs. Pouco a pouco, o diabo passou a ser vinculado aos antigos deuses. O diabo, antes um ser sem forma definida, passa a ter uma forma física, a saber: pés de animal, asas de morcego, rabo de boi, garras afiadas, enormes dentes, olhos grandes e ameaçadores, chifres, e uma cor quase sempre avermelhada, amarronzada, ou enegrecida.
O diabo também ganha alguns objetos de “ofício”, tais como o tridente, tumbas, caveiras, um cetro fálico, dentre outras coisas. Além disso, poderia ser representado numa carruagem de fogo puxada por bestas feras. Com o tempo, cresce a crença de que o diabo era o “senhor” da noite, dos prazeres “carnais”, e da morte.
É interessante dizer, portanto, que a imagem do diabo foi elaborada a partir dos elementos representativos de vários deuses ditos pagãos. Nada foi original, pelo contrário, o diabo enquanto ser mitológico cristão é um plagio de uma coleção de mitos, símbolos, e superstições dos povos da Antiguidade.

O entendimento do mito.

Ora, no “Novo Mundo” não seria diferente, pois o diabo cristão também adotou as feições dos deuses das religiões nativas antagônicas ao cristianismo. A principio, foram os deuses indígenas os primeiros a serem demonizados, tais como Anhangá (ou Anhangüera), um deus do panteão tupi-guarani, erroneamente identificado como um “espírito malfazejo”. Com a entrada maciça dos povos africanos, em substituição a mão de obra escrava indígena a partir do século XVII, foi a vez dos deuses africanos serem renegados.
Os europeus, em sua maioria, viam os povos primitivos (indígenas e africanos), como seres “inferiores”. Contudo, alguns europeus não se demoraram a tentar disseminar a sua religião, e conseqüentemente a sua cultura, entre os povos nativos. Ora, qualquer forma de discriminação se torna completa quando o discriminado adere à ideologia do colonizador. Não foi uma atividade missionária ingênua e desinteressada que introduziu o cristianismo (em especial, o catolicismo) em nosso continente. Mas, sim o poder das armas bélicas, e uma descaracterização cultural dos povos dominados, com um posterior processo de aculturação e dominação sócio-econômica. 
Houve um processo de sincretismo religioso no Brasil, e em outras partes da América Latina. Mas, limitando-nos ao contexto brasileiro, podemos dizer que os negros africanos foram forçados a camuflarem as suas práticas religiosas para evitarem maiores hostilidades. Com isso, os orixás passaram a ser associados aos deuses católicos. O problema não é o sincretismo em si, pois é possível que duas religiões se complementem, tal como acontece com o xintoísmo e o budismo, no Japão. A questão é que a igreja católica sempre discriminou as religiões africanas, sempre as demonizou, de tal forma que não é coerente afirma-se, ao mesmo tempo, afro religioso e católico, pelo menos enquanto a igreja não rever seus conceitos.
Da mesma forma como várias entidades indígenas foram demonizadas, os orixás africanos também foram alvos de um estigma, e que foi imposto não por simples  ignorância ou fundamentalismo religioso. Houve um processo de desumanização dos povos africanos que foram escravizados. Os europeus acharam que deveriam “civilizar” os povos nativos, mas, claro, impondo a eles a sua própria visão de mundo. O problema é que esta visão de mundo só agravou a discriminação, pois introjetou nos povos ditos primitivos um auto preconceito. Estes povos passaram a se ver como “pecadores”, destituídos de uma “graça” divina, e em casos extremos como “sujos” e dignos de uma punição.
A independência do Brasil não representou uma autonomia cultural e ideológica, pois as elites dirigentes se viam como uma extensão – uma filial da metrópole, digamos assim - dos antigos colonizadores, vendo-os como um modelo a ser seguido. Logo, a estrutura social continuou a mesma, e conseqüentemente a escravidão. Com o tempo, o povo passou a elaborar os seus princípios e a codificar os seus valores morais e sócio-culturais tendo por base o ponto de vista europeu. Isto em si não é de todo ruim, pois de fato os europeus fazem parte da composição étnica de nosso país. Porém, esta aculturação se deu num processo opressor e penoso para muitos brasileiros.

Exú: de orixá mensageiro a diabo cristão.

Segundo especialistas no assunto, dentre os vários orixás cultuados pelo povo nagô, aproximadamente, cinqüenta se consolidaram no Brasil. Convém destacar que a crença nos orixás é específica das populações nagô, que compartilhavam da mitologia iorubá. Havia etnias africanas com outras cosmovisões, inclusive alguns muçulmanos, estes, porém, em quantidade bem reduzida. Contudo, os orixás são as deidades africanas mais populares no Brasil.
Dentre os orixás mais incompreendidos está Exú (também conhecido como Legbá ou Elegbara entre outros nomes). Este orixá foi erroneamente associado ao diabo cristão ou Satanás. Tal equívoco foi fruto de uma incompreensão dos religiosos cristãos quando descobriram a religiosidade dos povos da África Ocidental.
Exu é o orixá mensageiro entre o orun (mundo espiritual) e o aiye (mundo material), e que era encarregado de levar as oferendas para os outros orixás, e trazer aos fiéis os recados deles. Exú também tinha a função de proteger os fiéis contra possíveis infortúnios. De acordo com o que se conhece da mitologia ioruba, Exú era um ser brincalhão, irreverente e astuto. Além disso, era o deus da fertilidade, o que lhe conferia uma certa sensualidade. Podemos traçar um paralelo entre Exú e o deus grego Hermes.
Hermes era um dos deuses do Olimpo, filho de Zeus e irmão de Apolo. Hermes tinha como uma de suas atribuições conduzir as almas até o rio Aqueronte (ou Estige, em algumas versões), lugar onde se encontrariam com o barqueiro Caronte para, então, as almas serem conduzidas ao reino de Hades. Portanto, Hermes era um deus mensageiro que mostrava o caminho entre o mundo material e o mundo espiritual, podia inclusive transitar entre os dois mundos. Exú, por sua vez, promovia o intercâmbio entre os dois mundos (apesar de não conduzir almas ao mundo dito subterrâneo). Exú não tinha qualquer ligação mitológica com lugares ”infernais”. Contudo, o deus grego é encarado como uma mera mitologia escolar, enquanto Exú ainda é visto como um “demônio”. Outra associação é possível: entre Exú e o deus grego Príapo.
Príapo era o deus da fertilidade, sendo representado por um falo humano. Segundo a mitologia, Príapo era filho de Dionísio e Afrodite (na versão mais aceita), e foi alvo dos ciúmes de Hera (uma deusa que não admitia que Afrodite fosse mais admirada do que ela). Hera fez com que Príapo nascesse com uma deformidade: um falo muito grande e desproporcional ao corpo. Exú, por sua vez, também era deus da fertilidade, e apesar das diferenças mitológicas, tinha uma representação fálica. Tal representação em si não é maligna nem benigna, sendo adotada, inclusive, por outras culturas. Logo, a possível conotação sexual de Exú não o torna indigno.

A libertação do mito.

Atualmente, vemos pregadores evocando os orixás em cultos exorcistas como se estivessem evocando o próprio Satanás. Pessoas em transe psicótico embravejam dizeres que teriam como autores “entidades” como Exu, Oxossi, Olorun, etc... Milhões de pessoas ainda acreditam que as religiões afro-brasileiras são religiões “satânicas”, e que devem as suas precariedades e sofrimentos às suas origens africanas. No aurora do século XXI, assistimos ao recrudescimento do preconceito em relação a religiosidade africana. Isto é, um grande aumento, e com uma aversão que é desproporcional a capacidade de defesa dos praticantes afro-brasileiros.
A aversão às religiões de matriz afro extrapola as barreiras religiosas porque ela está impregnada do racismo contra as populações africanas. Esta aversão é o resultado dos mais de 300 anos de escravidão, e de um processo de aculturação que fez com que os brasileiros elaborassem seus princípios e valores tendo como modelo o que era mais aceito pelos antigos colonizadores europeus. Logo, para ser aceito era necessário se parecer com os europeus, viver como os europeus, e crer nos deuses europeus. Não podemos entender o sincretismo religioso como uma mera camuflagem. Mas, também, e principalmente, como uma tentativa de fuga de uma possível opressão perpetrada pela sociedade. É o medo da reprovação social que faz com que as pessoas se digam católicas “não-praticantes”.
Foi a instituição religiosa Igreja Católica Apostólica Romana quem primeiro demonizou as crenças nativas africanas. E, atualmente, são as igrejas pentecostais as que mais se dedicam ao combate às religiões afro. Existem religiões pentecostais que têm na completa eliminação dos cultos afro um ideal a ser seguido. Evidentemente, isto não é uma generalização, pois há cristãos evangélicos tolerantes e sem preconceito. Contudo, é inegável que para muitos evangélicos o “diabo” tem nome africano. O curioso é que nas religiões pentecostais há grande percentual de afro-descendentes (pardos e negros), o que revela que a aversão aos orixás também extrapola as barreiras de classificação “racial”.
O futuro para as religiões afro-brasileiras parece ser incerto. Há algumas iniciativas de valorização e autodefesa, porém nada que seja um consenso entre os seguidores dessas religiões. Diante de uma perspectiva de futuro não muito animadora, o que poderia ser feito para acabar com um estigma secular ?

Penso que a melhor resposta só pode ser dada pelos praticantes dessas religiões, e que deveriam ser os principais interessados na valorização de sua religiosidade. No entanto, poderia tecer algumas considerações pessoais. 
Entendo que as religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé, deveriam passar por uma ampla reformulação de suas liturgias. Eles deveriam fazer um resgate da cosmovisão africana original, fazendo as devidas adaptações à sociedade atual (quem se prestaria melhor a este papel seria o Candomblé, pois a Umbanda já nasceu sincrética). Eles deveriam também adotar uma nova linguagem, tornando o seu culto mais compreensível – e simpático - para um público mais amplo e secular. Além disso, dar uma nova roupagem ao culto afro, tirando-lhe o seu aspecto tribal, e dando-lhe uma feição mais moderna. Os seguidores deveriam perder a vergonha da religião, assumindo- a integralmente (obviamente, sem perder o bom senso). São mudanças simples, mas altamente eficazes.
Os pentecostais até os anos 70 eram uma pequena minoria, e alvo de estigma e desvalorização. Hoje, os pentecostais são o segundo agrupamento religioso do país, obtendo um crescente poder político. Isto poderia acontecer com as religiões afro-brasileiras ? Só os praticantes dessas religiões poderão dizer...
Referências bibliográficas:
  • Prandi, Reginaldo. “Exú, de mensageiro a diabo – sincretismo católico e
  • demonização do orixá Exú”. São Paulo, Revista USP, 2001.