sábado, 28 de janeiro de 2012

Ilê-Ifé, a origem do Mundo - 


23.01.12




A cidade de Ilê-Ifé é considerada pelos yorubas o lugar de origem de suas primeiras tribos. lfé é o berço de toda religião tradicional yoruba (a religião dos Òrìsà, e do Candomblé do Brasil) , é um lugar sagrado, onde os Deuses ali chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem, nos primórdios da civilização.
Ilê-Ifé é a cidade-santa para os Yorubás. Uma espécie de Jerusalém africana. Localizada na orla das florestas equatoriais, no sudoeste da Nigéria, Estado de Òṣun, Ifè data de 500 a.C., segundo as evidências físicas e históricas. Significando “amor”, Ifé é o ponto mítico da origem da humanidade, local de onde partiu a diáspora humana, e onde os Imolès e Òrìṣàs doutrinaram os seres humanos, deixando-lhes os segredos do culto. O Oníìfè é o sumo-sacerdote da fé Yorùbá. 
Ifé é considerada a fonte de dispersão do poder e da mística Yorubá, local onde retomavam os restos mortais dos reis. Ifé foi a primeira cidade-estado a assumir uma feição de monarquia divina. A organização social de Ifé centrava–se na identidade pela Ebi, a família, e só a partir da família existia um vínculo cívico a uma cidade ou estado. 
"Em um tempo onde os Deuses e Heróis andavam na terra com os Homens.


História


Ifé é um dos reinos do Império Yorùbá, as suas origens, mergulhadas na mitologia do seu Deus Olodunmàre e os Orixás, não nos fornecem, do ponto de vista cronológico, um ponto inicial preciso.
Os Yorubas, vieram do Nordeste, talvez do Alto Nilo, por vagas sucessivas, entre o século VI e o século XI, com paragens, em particular na região do Kanem.
Ifé provavelmente foi habitada no século VI, data mais antiga fornecida até agora pelo método do radiocarbono a materiais recolhidos de escavações na cidade.
Ela foi o centro de dispersão, sendo reconhecida pôr todos os Yorubas como a fonte místicas do poder e da legitimidade: o lugar de onde partia a consagração espiritual (sendo o Oni, chefe de Ifé, o grande pontífice ) e onde retornavam os restos mortais e as insígnias de todos os reis, Ifé era considerada uma cidade sagrada para os Yorubas


A organização de Ifé


Esta foi a primeira civilização do Império Yoruba a adotar a monarquia do tipo divina, essa possibilidade é muito aceita pelos peritos na civilização de Ifé.
A cidade de Ifé era cercada pôr uma muralha de cintura, que era ao mesmo tempo uma fortificação e um muro de barreira.
O Reino do Benin está ligado a Ifé pelo seu fundador lendário, Oranyan, filho de Oduduwa, o mesmo que será o primeiro Rei do Oyo.
O vinculo social era o sangue, entre os Yorubas, um indivíduo pertencia a uma família ( Ebi ) em yorubano, e só pôr causa deste elo de sangue, a um Estado.
Quando vários reis invocavam um antepassado comum ( Oduduwa ou Odùduà ), havia entre eles uma relação de irmãos, e entre eles e aquele que ocupa o trono do ancestral de todos ( o Oni de Ifé), o laço entre filhos e pais.
Apesar das várias lendas sobre a origem real da monarquia de Ifé, sempre o soberano é considerado um rei divino.
A unidade sociopolítica era aldeia, outro dado interessante sobre está sociedade, eram os teares, pois os homens também trabalhavam na tecelagem, com os pequenos teares, onde confeccionavam pequenas tiras, que mais tarde se uniam as grandes peças de panos feitas pelas mulheres, nos grandes teares, que mais tarde se uniam, formando a tapeçaria e véstuario de Ifé.


-
Fonte:
Aulo Barretti Filho
Junho de 1984
Bibliografia:
Texto de Aulo Barretti Filho : "IIê-Ifé : o berço religioso dos yorubas , de Odùduwà a Sàngó" In : Revista Ébano, São Paulo ,nº 23 : 33 , Junho de 1984








Home » Jornal Online » 2012 » Janeiro » Política

Meritíssimo senhor, juiz de todos os juízes, assim consignado nos autos, Deus


27 de janeiro de 2012 às 12:33
JM Cunha Santos
brasileiro, residente e domiciliado no fim do mundo, à Avenida da Indignação Pública s/n, CPF cancelado, RG apreendido, vem, respeitosamente, à Sua presença, por meio do advogado do Diabo, para propor a presente
AÇÃO PENAL/CÍVEL, INDENIZATÓRIA E RESTRITIVA DE LIBERDADE CONTRA A JUSTIÇA DO MARANHÃO
em face da extrema necessidade de proteger da Justiça o povo maranhense pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
Dos fatos
1 - A Justiça do Maranhão, especialmente a Justiça Eleitoral, transferiu seus poderes e passou a funcionar na Casa Civil do Governo do Estado, a um nível de canalhice jurídica e esbórnia judicial que provoca sensações de náusea, como se instalado fosse um esgoto legal no estômago dos maranhenses.
2 - A Justiça do Maranhão demonstra ter se reduzido a uma duplicata simulada das vontades do Governo, patrocinando permanente extinção da punibilidade e ad eternum prescrição de toda e qualquer pretensão punitiva contra os que detêm o poder.
3 - Por motivos que desafiam as leis da razão e do bom senso, a Justiça transferiu o julgamento das demandas judiciais do governo, como crimes de abuso de poder político e econômico, para um filho do secretário da governadora do Estado.
Dos fundamentos jurídicos
Diante dos fatos relatados, configurando danos morais sofridos por 6 milhões de maranhenses, em face de ato ilícito da Justiça, a pretensão do autor se fundamenta nos 10 mandamentos da lei de Deus, registrando que os senhores magistrados estão obrigados a Honrar Pai e Mãe, a não cobiçar coisas alheias e não pecar contra a castidade das leis.
Do pedido
Diante do exposto requer:
I - A citação da Justiça maranhense diante do tribunal divino para que exerça a faculdade de contestar a exordial sob pena de revelia e confissão.
II - A concessão de assistência jurídica divina para o povo desse Estado com fulcro no primeiro dos 10 Mandamentos da Lei de Deus - “não terás outros deuses diante de mim”.
III - a condenação do TRE ao pagamento das custas processuais divinas.
IV - a condenação dos juízes, governantes, corruptos e corruptores a arderem no fogo do inferno depois de longa passagem pelo óleo fervente do purgatório.
Dá-se à causa o valor de R$ 1 bilhão.
Sem nenhuma esperança, pede deferimento.
São Luís, 27 de janeiro de 2012.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Freud está perdoado porque nem o exu compreende as mulheres


Título original: "Seu Catatumba"



por Luiz Felipe Pondé para Folha



Conversava eu com um exu numa festa num terreiro de candomblé quando, de repente, ele começou a falar de mulher. Grande especialista. Para quem é "consumidor" do sexo frágil, exus são grandes mestres. Você já conversou com um exu?





Recomendo conversar. Pura sabedoria popular, daquelas que marxistas menos obcecados chamariam de espírito menos alienado porque mais "orgânico". No caso, a palavra "espírito" tem duplo sentido, e um deles é espírito como "fantasma incorporado".



Não, exus não são demônios, são mais uma espécie de orixá que media as relações entre nós e os deuses. Alguns os relacionam a Hermes (Grécia), Mercúrio (Roma) e Thot (Egito), todos os três deuses mensageiros entre os homens e os deuses.



Como ele está em meio ao nosso mundo, é "melado" com ele, claro. Ocupa-se de nossas demandas e, por isso, são famosos por "trancarem ou abrirem as encruzilhadas da vida".



Claro que existe aí um sincretismo, porque este exu também tem um nome próprio de "quando viveu na Terra", e orixá africano "puro" nunca "viveu na Terra" como um encarnado.



As parceiras dos exus são as "pombagiras", mulheres que gostam de falar de amor e sexo, que, quando vivas, tiveram muitos amantes e que representam, assim como os exus, a dimensão mais carnal e erótica da vida.



Quando elas "descem" e começam a dançar, é bonito de ver e de escutar suas músicas de lamento de amor e de desejo de sexo.



Incrível como também nessa religião de origem africana, as mulheres são especialistas em amor e sexo e só pensam "naquilo".



Ingenuidade masculina pensar que somos mais obcecados por sexo do que elas. Se um dia você, meu caro leitor, tiver a chance de ouvir um papinho entre mulheres, você provavelmente vai se sentir um santinho inexperiente.



Então me dizia "Seu Catatumba", o nome que ele escolheu para si mesmo depois de assumir sua função na "falange" dos exus: "Não dá para entender as mulheres!". Imagine só: o cara é um deus numa religião africana e me disse isso num papo em que ele e eu fumávamos charutos cubanos e bebíamos cerveja.



Até os deuses sabem disso, menos elas. As mulheres são incompreensíveis. Mas essa incompreensibilidade não as atinge prioritariamente quando atuam como profissionais, mas principalmente quando relações de afeto estão envolvidas.



Dizia "Seu Catatumba": "Quando você está dizendo a verdade, ela não acredita; quando você está mentindo, ela acredita; quando chora, é porque ri por dentro; quando ri, é porque está triste; quando você acha assim, ela acha assado, quando você acha assado, ela acha assim; quando você vai para cá, ela vai para lá; quando você vai para lá, ela vem para cá; quando diz sim, é não; quando diz não, é sim".



Ríamos juntos, o "sobrenatural" e eu. Uma delícia levar um papo sobre mulher com o "sobrenatural", fumando legítimos cubanos (presente meu para ele) e cerveja, e ver que nem ele sabe nada sobre o que as mulheres querem.



Meu caro Freud, você está perdoado: nem deuses africanos sabem o que a mulher quer.



"Seu Catatumba", pelo que me disse, "morreu de mulher" (por causa de mulher). Aliás, morte bem dramática e digna de ópera: esfaqueado pelas costas. Como se dizia antigamente, "crime passional", hoje seria apenas "crime de gênero".



Teoria de gênero é a teoria segundo a qual não existe mulher e homem, mas sim "construções sociais" a serviço da opressão, assim como o mito do Papai Noel está a serviço das lojas de brinquedos. Para os tarados da teoria de gênero, um exu é apenas mais um machista.



Continuava "Seu Catatumba": "Morri de mulher; passei a vida atrás delas; tentei sempre fazer o que elas queriam; sempre amei as mulheres; sempre no meio delas, atrás delas; coisa gostosa é mulher; a gente homem é bicho bobo por mulher, e sempre acaba morrendo por causa de uma".



Não é novo o que me disse o exu, mas é encantadora a ideia de que mesmo ele, meio homem, meio deus, aliás, como uma espécie de Eros platônico em versão africana, confirma: não dá para entender as mulheres.





Você pergunta se eu acredito em exus? "Yo no creo en las brujas pero que las hay las hay."







Reprodução do www.paulopes.com.br/

domingo, 22 de janeiro de 2012




Lula indica a Dilma, Senador PT para a Igualdade Racial

19.01.12
O ex-presidente Lula sugeriu a Dilma Rousseff que nomeie o senador petista Paulo Paim (RS) para o Ministério da Igualdade Racial. A indicação de Paim, que é negro, foi feita na semana passada, quando Lula e Dilma discutiram em São Paulo os detalhes da reforma no primeiro escalão.
A opção é vista com ressalvas, já que o senador foi motivo de dor de cabeça para o Planalto ao defender no passado reajustes maiores para o salário mínimo e para o benefício dos aposentados.
Para Lula, essa é justamente uma das razões para levá-lo à Esplanada: eliminar do Senado um foco de pressão por aumento dos gastos.
Além disso, ele avalia que Paim daria mais visibilidade à secretaria. Dilma, porém, ainda não encerrou as buscas para o lugar da ministra Luiza Bairros, cuja gestão considera “apagada”.
Sobre a mesa da presidente há até agora sete ministérios com potenciais mudanças à vista: Educação, Ciência e Tecnologia, Trabalho, Cidades, Cultura, Mulheres e Igualdade Racial.
A mudança, desidratada após a queda de sete ministros ao longo de 2011, atinge PP, PDT e PT.
A largada da reforma será dada na semana que vem, com a saída de Fernando Haddad para disputar a eleições em São Paulo e a transferência de Aloizio Mercadante para a Educação.
Seu lugar no Ministério da Ciência e Tecnologia tende a ser ocupado por alguém com perfil mais técnico. O nome mais forte é o de Marcos Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira e indicado por Mercadante. Com menos chance, corre o deputado federal Newton Lima (PT-SP).
Palco de escândalos no ano passado, o Ministério das Cidades é um dos maiores orçamentos da reforma.
A presidente tenta convencer o PP a aceitar Márcio Fortes no cargo, ex-ministro da pasta e aliado de confiança.
O partido, porém, resiste, razão pela qual voltou a falar na manutenção de Mário Negromonte na cadeira ou na indicação do deputado Agnaldo Ribeiro (PB).
No Trabalho, a dificuldade é semelhante. Na lista de cotados pela presidente estão os deputados pedetistas André Figueiredo (CE); Brizola Neto (RJ) e Vieira da Cunha (RS). O ex-ministro Carlos Lupi, presidente da legenda, veta Brizola.
Mesmo com uma reforma pequena e pontual, o Planalto deve anunciar as alterações a conta-gotas. Dilma pode definir, nas próximas semanas, a sucessora da petista Iriny Lopes na secretaria de Mulheres. Iriny disputará as eleições em Vitória. A deputada estadual Inês Pandeló (PT-RJ) pode assumir.
O temor de Dilma é que a reforma reduza o peso da cota feminina na Esplanada, por isso tende a definir, com mais calma, a substituição de Ana de Hollanda na Cultura, o que pode acontecer só em março. Hoje, são dez mulheres no primeiro escalão.
Antes de a “faxina” varrer sete auxiliares de Dilma Rousseff, a presidente cogitava fazer uma reforma mais ampla, o que incluía redução do número de ministérios.

Fonte: Editoria de Arte/Folhapress

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aumenta uso de Plantas Medicinais


Mercado fitoterápico cresce de 6% a 7% no mundo18.01.12O segmento global de fitoterápicos movimenta bilhões de dólares todos os anos e, somente no Brasil, estimativas apontam que ele movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano. “Nos últimos anos, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), o crescimento desse mercado no mundo foi de aproximadamente 6% a 7%. Ascensão que pode ser atribuída ao amadurecimento da indústria farmacêutica como um todo e a uma mudança no comportamento da população, que tem buscado e optado mais por terapias alternativas, sem abrir mão da eficácia e segurança que um medicamento oferece”, argumenta Bruno Gallerani, gerente de marca OTC do laboratório Takeda.




Nos últimos anos, estudo realizado pelo Centro Psicológico de Controle do Stress com cerca de 3.000 pessoas indicou que 35% dos brasileiros analisados apresentam nível de stress que traz algum comprometimento à saúde. “Com o aumento da percepção do consumidor em relação à segurança e eficácia dos medicamentos fitoterápicos, conseguimos estabelecer uma evolução consistente da marca”, complementa Gallerani, responsável por um medicamento fitoterápico indicado para facilitar o processo de digestão e líder no segmento de terapia do fígado.



A biodiversidade brasileira, o momento econômico positivo do país e os constantes investimentos em pesquisa provocam uma percepção otimista de crescimento do segmento fitoterápico no mercado farmacêutico nacional. E diante do cenário competitivo, o desafio das indústrias farmacêuticas, com relação aos medicamentos fitoterápicos, está em oferecer, cada vez mais, informações claras sobre a eficácia e segurança comprovadas por meio dos processos de aprovação e registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde (MS).



Fonte: Ministério da Saúde


Ajaká, o meio irmão de Sàngó

12.01.12

O Aláàfin de Oyó, o Obá Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacífico, apático e não realizava um bom governo.

Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas ( Nupe), local de origem de Torosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso, mesmo rejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico, se aclamou como Obá Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Oyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso, e com isso manteve seu titulo de Oba Kòso. Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Oyó.

Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Oyó para reinar numa cidade menor, Igboho,vizinha de Oyó, e não poderia mais usar a coroa real de Oyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado. Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Oyó, e esta chama-se Ade Bayánni (ver foto). Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó.

Sàngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Oyó e se refugia na terra natal de sua mãe, em Tapa. Após um tempo, suicida-se, enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn) na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Oyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Oyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Oyó.

Com Aganju, termina o primeiro período da formação dos povos yorubas e após seu reinado se dá inicio ao segundo período, o dos reis históricos. Vimos : "De Ifé até Oyó, de Odùduwà a Aganju, passando por Sàngó."







 A Grande Perseguição aos Xangôs de Pernambuco

Por Manoel do Nascimento Costa10.01.12



Os anos de quase silêncio

Em 1937, começou o chamado “quebra-quebra”, perseguição policial ao culto que levou pânico a todos os adeptos da seita africana, muitos deles sendo presos pela policia. O Sítio de Pai Adão e as casas de Artur Roseno e de Mãe Lidia, as três maiores casas de xangô da época, tiveram que esconder todo o material dos orixás: otás, guias, ferros, louças, imagens e demais objetos foram escondidos em lugares seguros para não serem quebrados pelos policiais.

Mãe Lidia escondeu os seus orixás e os apetrechos na casa de uma filha-de-santo no bairro de Jatobá, em Olinda. Sinhá Mila, filha de Ogum, que morava num pequeno casebre de taipa, foi escolhida pelos deuses da raça negra como guardiã de seus parentes, guardados em um baú antigo. Durante esse tempo, nenhuma função foi executada por Mãe Lidia que, junto com Joana Batista, enfrentou as autoridades, lutando pela reabertura de xangô em Pernambuco, o que aconteceu somente oito anos depois, em 1945.

Nesse intervalo, sediada em Maceió, a ialorixá Lidia da nação xambá vinha a Recife apenas para visitar parentes e trabalhar junto com Joana Batista pela reabertura. Com dinheiro ganho em Maceió, Mãe Lidia construiu nova casa de xangô em uma das transversais da Ladeira de Pedra em Água Fria, onde tocou pela primeira vez, para espanto de muita gente que não acreditava no milagre.

Com a ajuda de algumas pessoas influentes, as duas mulheres chegaram depois de muita luta ao palácio do governador Magalhães. Na época entregaram a ele uma solicitação de reabertura dos terreiros e no mesmo documento pediram providências contra as arbitrariedades procedidas pelas autoridades policiais. Entre as pessoas arbitrárias citadas no documento estavam os policiais Danilo e Fogão.







Abate de Animais

Um ritual nunca questionado nas chamadas grandes religiões11.01.12Recentemente, perto das festas de Natal, assisti a um filme bíblico, onde o povo judeu deveria ser libertado da escravidão egípcia. Uma ordem de Deus, que também lhes prometia a terra aonde os filhos de Israel construiriam sua Pátria. O fato está descrito em Êxodo, na Bíblia Sagrada dos Cristãos - (Ex 12.25-27).


Moisés, um hebreu, criado pela irmã do faraó, foi escolhido por Deus para mediar o conflito. Sua missão era exigir do Rei do Egito que libertasse seu povo. O faraó foi categórico. Não cedia aos pedidos de libertação dos escravos judeus. Assim, Deus foi enviando pragas, para ‘amolecer’ o coração do chefe divino do Egito.

Segundo o filme, foram 7 pragas que puniram todo o Egito. Uma delas Deus determinou que um cordeiro (carneiro) fosse imolado, e que seu sangue marcasse as portas das residências dos escravos judeus. Uma identificação para proteção da próxima praga: a morte dos filhos primogênitos de cada família egípcia. O restante do animal sacrificado deveria ser comido pelos hebreus, de forma assada e não cozido em água.

Assim, Moisés obedeceu. Imolou, marcou as residências e assou o animal.



Babalorixá Flávio de Yansan






quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

PL para negros terem nomes africanos 



Na justificativa do projeto, os autores alegam que, ao longo dos anos, esses nomes foram sendo substituídos por outros de origem não africana16.01.12Projeto de lei que propõe que a população negra possa incluir sobrenomes africanos além dos de família após completar 18 anos fará parte dos debates da Câmara dos Deputados no retorno dos trabalhos legislativos. Aprovado no fim do ano passado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa, o projeto foi encaminhado para decisão conclusiva na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).




De autoria do ex-ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial deputado Edson Santos (PT-RJ) e do deputado Nelson Pelegrino (PT-BA), a proposta institui o direito dos afrodescendentes de adotar os sobrenomes africanos mesmo que não tenham origem familiar. Atualmente, a lei permite apenas que o cidadão "após ter atingido a maioridade civil poderá alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família".



O que os dois deputados querem é acrescentar um parágrafo na lei para permitir que os afrodescendentes possam ter sobrenomes africanos. Na justificativa do projeto, os dois deputados alegam que, ao longo dos anos, esses nomes foram sendo substituídos por outros de origem não africana. Com a mudança na lei, eles esperam resgatar o passado dos negros no Brasil.



"Desse modo, não só a cultura, mas, também, a própria identidade desses afrodescendentes tem sido apagada, ao longo da história. Torna-se necessário adotar mecanismos que permitam o resgate dessa identidade. Um dos aspectos mais importantes, para atingir esse fim, diz respeito à possibilidade de adoção do sobrenome original", alegam os deputados.



O projeto recebeu parecer favorável do relator, deputado Márcio Marinho (PRB-BA), com substitutivo. O texto original previa apenas a possibilidade de alteração do sobrenome, e o relator optou por permitir o acréscimo. Desse modo, Marinho pretende preservar os sobrenomes familiares de quem optar pela mudança.



"Entendo que trocar a palavra modificar por acrescentar melhora o texto da lei, deixando mais clara a sua finalidade, até mesmo porque, segundo se depreende do contexto do projeto, a modificação a ser feita não pode prejudicar os apelidos de família", explicou o relator em seu parecer.



Aprovado na Comissão de Direitos Humanos no fim dos trabalhos legislativos, em dezembro do ano passado, a proposta já foi enviada para a CCJ, última instância pela qual deverá passar. Caberá à comissão analisar se a proposta é constitucional, não incluindo mais nenhuma mudança de mérito no texto. Se for considerado constitucional, o projeto seguirá para o Senado.



Fonte: A Tarde



terça-feira, 17 de janeiro de 2012

XANGÔ - Sàngó 10.01.12


O que notamos nesse primeiro período yorubano, é que na realidade, o que se fala de Sàngó, e a sua história nos Candomblés do Brasil, e de outros acima descritos, é incorreto, levando os fiéis a crer em fatos irreais.

Inicialmente, averiguamos que Odùduwà é um Òrìsà funfun masculino e único, é o pai do povo yorubano e não uma simples "qualidade" de Òrìsànlá ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive, não se suportavam, pelos fatos vistos; e que também Ìyá Olóòkun, é um Òrìsà feminino e a Dona do Mar, portanto da água salgada, é quem governa os oceanos e não o Òrìsà Yemojá, "Senhora do rio Yemojá e do rio Ògùn", divindade de água doce, e muito menos mãe de Ògún e de outros filhos Òrìsà à ela atribuídos. Notar a acentuação diferente no nome do Òrìsà Ògún e do rio, pois são palavras distintas.

Quanto a Sàngó, demonstramos que foi um mortal em sua vida no Àiyé, portanto quando morreu, tornou-se um egún, pois seus pais eram mortais. O que ocorreu em sua vida, foi que uma de suas esposas, e a única que o acompanhou em sua fuga de Oyó, era a divindade Oyá, loucamente apaixonada por ele, e no instante de sua morte ela o pega com o seu poder de Òrìsà e o conduz diretamente a Olódùmarè, e por insistência de Oyá, Ele o "ressuscita" como uma divindade, já que em vida, Oya, perdida de amores, ensina-lhe vários segredos dos Òrìsà, principalmente o segredo do fogo que pertencia somente a Oyá, que ela lhe ensina e lhe dá este poder e outros, por paixão.

Esta afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade do panteão que é assentada de forma material completamente diferente, isto é, em madeira, numa gamela sobre um pilão, sua roupa ritual é composta de várias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, que lembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Bàbá Egúngún (ancestrais) e seu animal preferido para sacrifício é também o mesmo dos egún, dos mortos comum, o carneiro; existe também outras minúcias, que aqui não cabe mencionar.

Nos Candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo "qualidades" de Sàngó, que agora sabemos isto não é possível, pois, Ajaká é seu meio irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais e completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a honra de tornarem-se Òrìsà, mas são ancestrais ilustres. Também no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de "Coroa de Dadá" ou "Adê Baiani". A coroa é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó chamada de Banni ou lyamasse, que representa a mãe de Sàngó. Ora, sabemos que quem usou este ade foi, Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó lhe roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosí, filha de Elémpe, rei dos Tapa, e que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin.

Não estamos desmerecendo e nem tampouco desprestigiando o Òrìsà Sàngó, somente tentamos elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos Yorubas, sob os aspectos históricos, através da tradição oral, e divino que se convergem e se conservam na grandiosidade de Sàngó.

NOTA* : Os mitos e/ou fatos relatados, são baseados em dados religiosos, por vezes dogmáticos, que pertencem ao corpo da tradição oral yorubana. Sob o ponto de vista científico, são considerados parcialmente históricos, pois não são dados comprovados por documentos e nem tampouco pela arqueologia, que pouco investiu, os "pouquíssimos" artefatos que foram achados e datados pelo carbono 14, são de datas recentes, perto da longínqua História da Civilização Yoruba. No contraponto, em nenhum momento afirmamos que não exista a História dos Yorubas, isto sim, seria um absurdo afirmar. A tradição oral pode ser contraditória e a cronologia praticamente inexistente, pela forma cultural dos yorubas mensurarem o tempo, mas jamais poderá ser negligenciada e nem tampouco rejeitada.





Fonte: Aulo Barretti Filho / Junho de 1984



domingo, 15 de janeiro de 2012

Companhia proíbe pregação no trem, mas Irmão Guto não respeita




Apesar das reclamações, evangélico prega há oito anos



por Caio do Valle, do Estadão



A pregação religiosa nos vagões da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) é motivo de uma queixa por dia enviada por passageiros à empresa. De janeiro a junho, a estatal recebeu 177 mensagens de celular reclamando das orações. Em todo o ano de 2010, foram 261. O assunto é polêmico. Assim como há passageiros que reclamam, há os que reivindicam mais espaço para os religiosos.



A possibilidade de converter os passageiros é o que leva o analista de informática Agostinho Ferreira da Silva (foto), de 46 anos, a evangelizar há 8 nos trens da Linha 12-Safira, que liga o centro da capital a Poá, na Grande São Paulo. "A maioria das pessoas gosta de ouvir", garante.



Conhecido como Irmão Guto, ele prega diariamente no trem que sai às 19h30 do Brás. O vagão escolhido é sempre o mesmo, o quarto. Ele ora e entoa hinos evangélicos. "A situação melhorou nos últimos tempos. Antes, os seguranças nos tratavam com truculência. Uma vez, chegaram a rasgar minha camiseta."



A assessora jurídica Teresinha Neves, de 40 anos, já pregou nos trens da CPTM e hoje auxilia os evangelizadores que se sentem intimidados por agentes da CPTM. Se quiserem, eles podem ser truculentos. Isso eu acho que é ilegítimo em se tratando de um estado democrático e da liberdade religiosa, de culto."



A CPTM informou que a proibição à pregação nos trens "não se confunde com os direitos assegurados na Constituição", "nem se trata de preconceito a uma religião específica". A estatal ainda informou que "o Estado é laico e pela própria Constituição ninguém tem o direito de impor sua fé ao outro, notadamente em ambiente fechado como é o caso dos trens". Segundo a CPTM, quando um pregador é removido do vagão, ele perde o direito da viagem.



O operador de logística Vanderlei Aparecido Luiz, de 38 anos, usa a Linha 10-Turquesa (Luz/Rio Grande da Serra), a que tem mais denúncias. Ele diz sentir-se incomodado. "Às vezes, eles chegam a gritar. E atrapalham as pessoas que tentam voltam dormindo de um dia cansativo." Ele chegou a ver um evangelizador sendo expulso por passageiros revoltados. "Em uma estação, seguraram a porta e falaram que o trem só andaria se ele saísse."



Passageira da mesma linha, a operadora de impressão Adriane Proença, de 23 anos, defende a pregação em outros locais. "Tem de ser na igreja. Nem todo mundo gosta de ouvir ou tem a mesma religião."



A auxiliar de limpeza Dalva Maria de Jesus Pereira, de 49, discorda. "Tem muita gente que precisa, mas não vai à igreja", diz a usuária da Linha 12-Safira - a mesma a que o Irmão Guto vai todos os dias. "Então o trem é um bom lugar para pregarem o que está na Bíblia."



Fonte: Estadão

Jornalista acusa Silas Malafaia, R. R. Soares, Edir Macedo e Valdemiro Santiago de serem “vendilhões do templo e espertalhões da fé”




O jornalista Luiz Cláudio Cunha escreveu um artigo crítico e direto sobre os grandes pastores tele-evangelistas brasileiros e estendeu seus pensamentos sobre a influência da teologia da prosperidade na doutrina praticada pelas igrejas neo-pentecostais.




Visite: Gospel +, Noticias Gospel, Videos Gospel, Musica Gospel

Em seu texto, Cunha afirma que “incapaz de vender a alma ao diabo, a Rede Bandeirantes acaba de revender seu santo horário da noite para o pastor R.R. Soares”, numa menção à renovação de contrato entre a Igreja Internacional da Graça e a emissora do bairro do Morumbi, em São Paulo.



Sobre os programas religiosos na televisão, Cunha se mostra inconformado com o dinheiro empregado para que tais pastores se mantenham na televisão e critica também a sociedade, que assiste a “onda avassaladora do dinheiro que afoga a TV brasileira deste Brasil cínico que finge ser laico e imune à força econômica da religião e seus falsos profetas”.



Sobre o pastor Silas Malafaia, a quem chama de “Trovão homofóbico”, o jornalista afirma que o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo “fala muito” e “importa dos Estados Unidos especialistas nesta riqueza material”, numa referência à parceria de Malafaia com Mike Murdock.



Valdemiro Santiago não escapou das rigorosas críticas do jornalista, que o classifica de “bispo sertanejo” e afirma que o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus tem preferência por arrecadações volumosas e simples de ofertas: “o bispo sertanejo imaginou outra forma esperta de arrecadar dinheiro fácil, mas desta vez sem choro. Criou a campanha do “Martelinho da Justiça”, um pequeno, baratinho malho de madeira capaz de quebrar mandingas, maus-olhados e ‘as pedras que atravessam os seus caminhos’. A clava fajuta de Valdemiro, que despertaria a inveja do grande Thor, devia ser canonizada como a mais cara do mundo: cada oferta pelo martelinho tinha o mínimo de R$ 1 mil”.



O líder da Igreja Universal do Reino de Deus também foi alvo das observações do jornalista Luiz Cláudio Cunha, que responsabiliza o bispo Edir Macedo pelo surgimento da corrente neopentecostal adepta da teologia da prosperidade: “A primeira semente deste ostensivo neopentecostalismo brotou no Brasil com a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo”.



Sobre a teologia da prosperidade, Cunha fala sobre a capacidade de arrecadação das igrejas, motivada pela ambição de conquista dos fiéis e seus líderes: “A louvação ecumênica ao dinheiro pintado pela hipocrisia de todos os credos esclarece, em parte, a progressiva invasão destes templos cada vez mais eletrônicos, escancarados por vendilhões cada vez mais acessíveis a espertalhões cada vez mais abusados no assalto à boa fé de sempre dos desesperados. O velho evangelista Kenyon, profeta dessa cínica doutrina da prosperidade, poderia traduzir este Armagedom moral com o mantra invertido da religião de resultado que inventou: o que eu possuo, não confesso”.



A TV Globo e seu Festival Promessas não escaparam aos comentários de Luiz Cláudio Cunha, em seu texto publicado no site Sul 21. Para ele, a “conversão da Globo” se deve ao potencial do mercado evangélico brasileiro: “O olho cúpido e republicano da Globo está mirando um mercado de música gospel que o The Guardian estima em R$ 1,5 bilhão, um paraíso econômico onde se irmanam crentes, artistas, emissoras laicas, pastores, espertalhões, vigaristas e políticos de todas as crenças, devotos todos do santo dinheiro que cai do céu diretamente em seus bolsos”.



O jornalista ainda afirma que “os querubins globais sussurram nos corredores da ‘Vênus Platinada’ que os direitos de comercialização e os espaços publicitários do festival renderam à Globo algo entre R$ 35 milhões a R$ 55 milhões, o suficiente para remir muitos pecados, dúvidas e dívidas, aqui na terra e lá no céu”.



Em uma áspera crítica à participação de duas evangélicas no Big Brother Brasil, o jornalista afirma que “não se sabe ainda o tamanho do fio-dental que as duas evangélicas vão exibir na casa mais vigiada do Brasil, nem o salmo que irão recitar debaixo do edredom, cercadas por tantas câmeras indiscretas. Não deixa de ser simbólico que, cinco séculos após ser cravado nos portões da igreja de Wittenberg, o credo rigorosamente puritano e austero fundado pelo cisma de Luterano infiltre duas crentes assanhadas e iconoclastas no cenário conspícuo do programa mais ímpio da maior rede brasileira de TV aberta”.



Confira a íntegra do artigo de Luiz Cláudio Cunha:



Os vendilhões dos templos eletrônicos em tempos de espertalhões da fé



Incapaz de vender a alma ao diabo, a Rede Bandeirantes acaba de revender seu santo horário da noite para o pastor R.R. Soares, o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. O seu ‘Show da Fé’ de 20 minutos, que começava religiosamente às 21h, agora vai durar uma hora inteira, a partir das 20h30. Não se sabe ainda quanto custou esse novo e triplicado milagre, mas pelo contrato antigo o bom pastor já pagava R$ 5 milhões mensais à Band. O vil metal falou mais alto para a TV de Johnny Saad, que anunciava a devolução do horário nobre da noite a seriados consagrados, como o 24 Horas, para concorrer com as novelas da Globo e as séries do SBT, todas com melhor audiência.



A novidade escangalhou os planos do argentino Diego Guebel, que assumiu a direção artística da Band em outubro passado com a promessa de recuperar o espaço nobre e caro da noite para atrações mais mundanas do que a prosopopeia de Soares. A bíblica derrota de Guebel na Band é apenas outro indício da onda avassaladora do dinheiro que afoga a TV brasileira deste Brasil cínico que finge ser laico e imune à força econômica da religião e seus falsos profetas. Os canais de rádio e TV são concessões públicas, supostamente alheias aos credos e seitas religiosas que transformaram estúdios, igrejas, templos e estádios em púlpitos eletrônicos cada vez mais invasivos e escancarados.



Não existe ninguém no Governo ou no Congresso brasileiros com coragem para frear essa flagrante ilegalidade, sancionada por verbas, dízimos, patrocínios e uma farta hipocrisia. A irrestrita capitulação aos padres e pastores que lideram milhões de fiéis (e eleitores) ficou escancarada na última eleição presidencial, em 2010, quando os dois principais candidatos com raízes na esquerda — Dilma Rousseff e José Serra — sucumbiram vergonhosamente à chantagem das correntes mais atrasadas das igrejas, frequentando missas e cultos com o gestual mal ensaiado de pios devotos que não sabiam nem metade da missa, nem qualquer salmo dos evangelhos. Encenaram um constrangedor teatro de conversão medida para não ofender o eleitor mais ortodoxo. Para não perder votos, Dilma e Serra caíram na armadilha do falso debate religioso sobre o aborto — um tema que um e outro, por mera consciência política ou formação acadêmica, sabem que nos países mais evoluídos não passa de um grave e secular problema de saúde pública.



A submissão das instâncias do Estado secular ao poder cada vez maior das igrejas pode ser medida pela intrusão cada vez mais descarada da fé nos meios eletrônicos do Brasil, que deturpam a concessão pública pelo proselitismo religioso vetado pela Constituição. A igreja católica brasileira agrupa hoje mais de 200 rádios e quase 50 emissoras de TV, contra 80 rádios e quase 280 emissoras de TV de oito braços do crescente ramo evangélico. É um domínio que se fortalece cada vez mais, embora adaptando seu perfil para fórmulas mais agressivas e despudoradas de avanço sobre o bolso das populações mais pobres, mais desesperadas, menos instruídas.



Comer ou dormir



Em agosto de 2011, a Fundação Getúlio Vargas divulgou o Novo Mapa das Religiões, um denso estudo realizado pelo Centro de Políticas Sociais da FGV, com base em 200 mil entrevistas formuladas pelo IBGE em 2009 a partir de sua Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). O trabalho mostrou que o Brasil deixará de ser a maior nação católica do mundo nos próximos 20 anos, mantida a queda progressiva que sofre a Igreja no país. Ela representava 83,24% da população em 1991 e caiu para 68,43% em 2009. “As mudanças que antes ocorriam em 100 anos agora acontecem em 10. Se esta perda de 1% de católicos por ano continuar, a Igreja católica terá em 20 anos menos da metade da população brasileira”, destacou o coordenador da pesquisa, Marcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV.



A economia é um forte indutor desta transformação, diz Neri. Ele lembra que as chamadas ‘décadas perdidas’ de 1980 e 1990 foram demarcadas pela queda do catolicismo em contraste com a ascensão dos grupos evangélicos, especialmente seus ramos mais belicosos e vorazes — os neopentecostais. O período de 2003 a 2009, compreendido entre duas graves crises econômicas, observa uma segunda explosão evangélica, passando de 17,9% para 20,2%. A primeira explosão, ainda maior, ocorreu nas últimas seis décadas do Século 20, quando os evangélicos aumentaram seu rebanho em sete vezes: passaram de 2,6% em 1940 para 15,4% em 2000. A FGV foi buscar no alemão Max Weber (1864-1920), o pai da moderna sociologia, o fundamento teórico que explica o avanço arrebatador dos evangélicos, a partir de sua obra mais conhecida — A ética protestante e o ‘espírito’ do capitalismo, publicada em 1904-05. Ali, Weber explica o maior desenvolvimento capitalista nos países protestantes no Século 19 e a maior proporção desses fiéis entre empresários e trabalhadores mais qualificados. “A tese de Weber era que o estilo de vida católico jogava para outra vida a conquista da felicidade. A culpa católica inibiria a acumulação de capital e a lógica da dívida de trabalho, motores fundamentais do desenvolvimento capitalista”, escreve Neri.



Weber repetia um ditado da época: “Entre bem comer ou bem dormir, há que escolher. O protestante quer comer bem, enquanto o católico quer dormir sossegado”. O pensador alemão constrói seu texto em cima de máximas do inventor e calvinista americano Benjamin Franklin (1706-1790), um dos líderes da Independência dos Estados Unidos, que dizia que “tempo é dinheiro” e “dinheiro gera mais dinheiro”. Era uma notável conversão justamente aos argumentos opostos que levaram ao grande cisma do cristianismo, no início do Século 16, quando um atrevido padre agostiniano alemão, Martinho Lutero, pregou nos portões da igreja de Wittenberg as suas 95 teses que desafiavam a autoridade do Papa e quebravam a hegemonia de Roma sobre o mundo cristão. Na época, Lutero denunciava justamente o que seria o âmago da Reforma Protestante: o desvio do caminho de fé da igreja primitiva para o atalho da corrupção, da indulgência, da simonia e da luxúria de papas e cardeais rodeados de amantes e concubinas, antecessores lascivos dos bispos e padres que comem criancinhas.



Teologia do bolso



Lutero e sua radical volta às origens, estimulando o protesto aos desvios éticos de Roma e o retorno à palavra original dos evangelhos, geraram os dois termos que identificam os segmentos mais prósperos da dissidência cristã: os protestantes e os evangélicos, onde brilha sua facção mais agressiva e endinheirada — o pentecostalismo, que hoje abriga no mundo cerca de 600 milhões de seguidores, pulverizados em 11 mil seitas e subgrupos. Ali viceja sua parcela mais faustosa: a corrente neopentecostal, a que pertencem o abonado bispo R.R. Soares e seus parceiros mais ricos, os também bispos Edir Macedo, Silas Malafaia e Valdemiro Santiago, cada um chefiando sua própria seita, sempre na condição suprema de ‘apóstolos’. Todos mostram uma devoção especial pela alma e pelo bolso de seus seguidores, a quem não se acanham de pedir contribuições financeiras a que, recatadamente, chamam de ‘oferta’.



Para não atormentar ainda mais a vida de sua aflita freguesia, os quatro chefes religiosos tratam de facilitar ao máximo as ofertas financeiras. Na tela da TV de seus animados cultos, sempre se oferece o número das contas bancárias, a bandeira dos cartões de crédito ou o telefone para informações extras que permitam a oferta, rápida e facilitada. Nenhum deles fica ruborizado pela insistência do pedido de ajuda, porque todos são pios devotos da ‘Teologia da Prosperidade’, uma doutrina pecuniária que faria o velho Lutero engolir cada uma das 95 teses que vomitou contra a cupidez da velha Roma.



A ideia nasceu, evidentemente, no coração do capitalismo, os Estados Unidos, no início do Século 20. O pai dessa fé sonante é o americano Essek William Kenyon (1867-1948), um evangelista de origem metodista nascido em Saratoga, Estado de Nova York. Descobriu o milagre do rádio e plantou ali a sua “Igreja no Ar”, a ancestral eletrônica dos R.R.Soares e Malafaias da vida. Espalhou então aos quatro ventos o lema que explica as benesses divinas da fartura: “O que eu confesso, eu possuo”.



Kenyon passou o bastão da prosperidade para um conterrâneo, Kenneth Erwin Hagin (1917-2003), um jovem texano com deficiência cardíaca, que caiu de cama quando adolescente. Garantiu ter ido e voltado ao inferno e ao céu não uma, nem duas, mas três (três!) vezes. Com este desempenho singular, até para campeões de esportes radicais, o jovem naturalmente converteu-se. Dizendo-se ungido para ser mestre e profeta, Hagin garantia ter tido oito (oito!) visões de Cristo na década de 1950, além de acumular alguns passeios extracorpóreos. Tudo isso acrescido pela divina revelação de que os verdadeiros fiéis deviam gozar de uma excelente saúde financeira e que o caminho da fortuna passava, inevitavelmente, pela prosperidade de seus profetas aqui na Terra. Foi sopa no mel, e a teologia da prosperidade conquistou corações e mentes — e bolsos.



Na conta do santo



A primeira semente deste ostensivo neopentecostalismo brotou no Brasil com a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo. Três anos depois, o pastor R.R. Soares, casado com Magdalena, irmã de Macedo, saiu do ninho da Universal para fundar sua própria igreja, a Internacional da Graça de Deus, que acaba de alugar a tela do horário nobre da Band graças ao verbo divino e a verba milionária do pastor. Uma década depois, o bispo Macedo, ainda mais próspero do que o cunhado, comprou a sua própria rede de TV, a Record, hoje a segunda maior audiência do país (4,7 pontos) no horário nobre das noites de dezembro passado, embora ainda distante da Globo (13,8).



Os televangelistas brasileiros aparentemente compõem um paraíso na terra e no ar rico em mirra, incenso e ouro, muito ouro. Há tempos, quatro grupos evangélicos rondam o empresário Sílvio Santos, que topa tudo por dinheiro, na esperança de amealhar o espaço das madrugadas do SBT por módicos R$ 20 milhões mensais. Em 2009, o próprio Edir Macedo alvejou sua maior concorrente: ofertou R$ 545 milhões para alugar o espaço das madrugadas da Rede Globo para a sua Igreja. A Globo piscou, não respondeu, e o bispo voltou à carga em agosto passado, disposto a mover céus e terras. Nada feito.



A contabilidade desses pastores, pelo jeito, oscila entre o inferno e o paraíso. O bispo que oferecia milhões para comprar um naco do maior concorrente era o mesmo dono da Igreja que fazia um descarado apelo em seu blog, em abril passado, para que os fieis juntassem alguns trocados para ajudá-lo a pagar a conta salgada de seu site. Coisa miúda, apenas R$ 107.622 mensais, que o pobre bispo diz gastar com despesas mundanas como hospedagem do servidor, salário dos funcionários, água, luz e gastos administrativos da manutenção do site. “Se o Espírito Santo lhe tocar, nos ajude a carregar essa responsabilidade”, escreveu o bispo, implorando por uma doação mínima de R$ 20.



O espírito santo, aparentemente, tocou a Rede Globo. A emissora dos Marinho odeia o bispo Macedo, mas adora os evangélicos. Na véspera do Natal de 2011, 18 de dezembro, a maior rede desta vasta nação católica rasgou o hábito e transmitiu o seu primeiro evento evangélico, gravado uma semana antes no Aterro do Flamengo, no Rio. O público presente, apenas 20 mil pessoas, foi uma heresia para as ambições bíblicas da Globo, mas a fiel audiência na telinha na tarde do domingo seguinte foi uma bênção divina. Ao longo dos 75 minutos do programa, condensado de quase oito horas de gravação ao vivo (entre 14h e 21h30), apresentaram-se nove artistas no ‘Festival Promessas 2011′, sob o comando do astro global Serginho Groisman. Um dos mais festejados foi o cantor Regis Danese, 39 anos, que vendeu um milhão de cópias com um único disco gospel, “Compromisso”, o único a conquistar o primeiro lugar em rádios e TVs seculares do país e que lhe garantiu a indicação para o prêmio Grammy Latino em 2009.



A conversão da Globo



Antes desse sucesso, Danese já era consagrado como artista do “Só Pra Contrariar”, um grupo de pagode que ainda ostenta o 27º lugar do ranking brasileiro, com 8 milhões de discos vendidos. Apesar disso, com problemas no casamento, converteu-se ao protestantismo no início do século. Salvou o matrimônio com Kelly, sua parceira musical, e engordou ainda mais o bolso. O álbum “Compromisso”, que conquistou o ‘Disco de Diamante’ pela venda de 500 mil cópias em apenas quatro meses de 2008, traz o seu maior sucesso, Faz um Milagre em Mim. O jornalista Tom Phillips, do diário britânico The Guardian, anotou que, logo após sua triunfal apresentação no festival da Globo, Danese foi indagado na entrevista coletiva sobre os fundamentos deste milagre musical: “O senhor escutou a voz de Deus? O que ele disse?”, perguntavam-lhe. O ex-pagodeiro explicava e, embevecido, o isento repórter da revista Nova Jerusalém ressoava a cada resposta: “Amém. Louvado seja o Senhor!”



A genuflexão da Globo não representa uma súbita conversão da emissora ao credo evangélico da música: “A Globo não é um canal católico, e sim secular e republicano. Apenas documentamos um festival gospel por sua crescente importância na vida cultural do Brasil”, esquivou-se Luiz Gleizer, diretor da TV, ao jornalista britânico que ecoou o festival sob uma manchete embalada pela típica ironia inglesa: “O Gospel começa a dar o tom no Brasil, a casa da bossa nova”.



Os profetas da Globo não sabem entoar um único salmo, mas como os apóstolos eletrônicos da concorrência também têm um ouvido afinado pelo doce tilintar das moedas do templo. Isso não é contado nem no confessionário, mas os querubins globais sussurram nos corredores da ‘Vênus Platinada’ que os direitos de comercialização e os espaços publicitários do festival renderam à Globo algo entre R$ 35 milhões a R$ 55 milhões, o suficiente para remir muitos pecados, dúvidas e dívidas, aqui na terra e lá no céu. O grupo é dono da gravadora Som Livre e de um catálogo religioso onde brilham ídolos como o padre católico Fábio de Melo, que já vendeu quase 2 milhões de CDs pelo selo global.



O olho cúpido e republicano da Globo está mirando um mercado de música gospel que o The Guardian estima em R$ 1,5 bilhão, um paraíso econômico onde se irmanam crentes, artistas, emissoras laicas, pastores, espertalhões, vigaristas e políticos de todas as crenças, devotos todos do santo dinheiro que cai do céu diretamente em seus bolsos. O fluminense Arolde de Oliveira, deputado federal pelo PSD — aquele diabólico partido nascido da costela do prefeito Gilberto Kassab e que garante não pertencer nem ao paraíso, nem ao inferno, nem ao purgatório —, é dono da rádio 93 FM e do Grupo MK Music, que ele jura ser o maior selo de música gospel do continente. “Mais de 60 milhões de brasileiros estão direta ou indiretamente ligados à Igreja Evangélica”, lembra o deputado Oliveira. A Globo, como se vê, tem a inspiração divina e o ouvido apurado.



O festival Promessas abriu as portas de uma terra prometida para os profetas globais. No domingo gospel, a audiência da Globo subiu aos céus, dando-lhe a indulgência de miraculosos 13 pontos no Ibope (cada ponto representa 58 mil aparelhos ligados), bem mais do que os 7 humildes pontos habituais do horário. O pastor Silas Malafaia, inimigo da Universal do bispo Macedo, aproveitou e tripudiou no seu site: “A Record não acreditou nos evangélicos, a Globo acreditou e arrebentou na audiência! Enquanto a Record fala mal dos cantores e da igreja, a Globo abre espaço para o louvor e adoração a Deus”. E arrematou com um desajeitado elogio que deve ter sobressaltado as almas globais: “Quando os que deveriam abrir as portas fecham, Deus usa os ímpios para glorificá-lo”. Iluminada pela santa promessa do Ibope, a ímpia Rede Globo prepara mais três edições do sucesso gospel para 2012 — duas versões regionais e uma nacional, evitando cuidadosamente o Rio de Janeiro, que já padece a praga de um congestionamento evangélico todo santo ano.



O golpe do martelinho



Valdemiro Santiago é outro desgarrado da Universal. Depois de ser considerado um virtual sucessor de Edir Macedo, brigou com ele e saiu para fundar em 1998 a sua seita, a Igreja Mundial do Poder de Deus. Começou com 16 membros e hoje o apóstolo Valdemiro chefia mais de dois mil templos, alguns na África e em Portugal, e um jornal mensal, Fé Mundial, com tiragem de 500 mil exemplares — além de um maçante trololó diário de 22 horas na Rede 21, uma subsidiária da Rede Bandeirantes, que administra as duas horas restantes.



Sua marca registrada é um chapéu de boiadeiro, o que reforça sua imagem de astro sertanejo, que costuma ganhar espaço até no Jornal Nacional da Globo, uma devota do divisionismo que Valdemiro poderia provocar nas legiões de seu arqui-inimigo Edir Macedo. Quando enfrenta problemas de caixa, Valdemiro confia no santo gogó. Em 2010, chorou diante das câmeras de TV ao convocar 150 mil fiéis para ofertarem R$ 153, o número de peixes de um alegado milagre de Cristo. Faturou cerca de R$ 23 milhões.



Empolgado, o bispo sertanejo imaginou outra forma esperta de arrecadar dinheiro fácil, mas desta vez sem choro. Criou a campanha do “Martelinho da Justiça”, um pequeno, baratinho malho de madeira capaz de quebrar mandingas, maus-olhados e “as pedras que atravessam os seus caminhos”. A clava fajuta de Valdemiro, que despertaria a inveja do grande Thor, devia ser canonizada como a mais cara do mundo: cada oferta pelo martelinho tinha o mínimo de R$ 1 mil e Valdemiro esperava que 10 mil de seus seguidores o abençoassem com a compra do mimo, o que rechearia seu chapelão com R$ 10 milhões.



No reclame da Igreja Mundial na TV, o pastor de português trôpego, voz rouca, terno e gravata mostrava a certeza das favas divinas e muito bem calculadas: “Ainda hoje ou amanhã, na primeira hora, você vai até a agência bancária e faz esta ‘ofertinha’ de R$ 1 mil. Depois, mandaremos o martelinho pelo correio”. Para esse milagre acontecer, bastava ao crente fazer o depósito nas contas indicadas na tela e disponíveis no Banco do Brasil, Bradesco ou Caixa Econômica Federal. “De preferência no BB, como o nosso apóstolo tem nos orientado”, aconselhava o pastor, com ar compungido.



A atrevida igreja de Valdemiro já vendeu garrafinhas Pet de 400 ml com ‘água ungida’, entregues por ‘ofertas’ de R$ 100, R$ 200 ou até R$ 1.000, prometendo resultados espantosos: “Uma única gota dessa água será o suficiente para mudar a história de sua vida, para lhe abençoar de uma forma poderosa”, jurava o santo homem, escoltado por outros oito pastores calados e sisudos, todos de gravata e terno escuro. Se usassem óculos pretos iria parecer uma paródia do CQC, sem a divina graça do programa humorístico da Band que sucede o show religioso do pastor R.R. Soares nas noites da segunda-feira.



O trovão homofóbico



O bizarro merchandising da Mundial tem produzido bons resultados, pelo menos para as finanças da igreja de Valdemiro. No primeiro dia de 2012 ele inaugurou em Guarulhos, SP, a ‘Cidade Mundial’, um megatemplo de 240 mil metros quadrados e capacidade para acolher 150 mil fieis da Igreja Mundial do Poder de Deus — mais de duas vezes a lotação prevista do Itaquerão (68 mil lugares), o estádio que o Corinthians está construindo para a Copa do Mundo de 2014. Para erigir o templo, Valdemiro viu a igreja aumentar seus gastos mensais em R$ 30 milhões, prova de que o martelinho e a garrafinha são realmente miraculosos.



O pastor Silas Malafaia, chefe supremo da AVEC, sigla da associação que mantém a Igreja Vitória em Cristo, é a voz mais trovejante desse abusado mercado da fé ancorado nos fundamentos pétreos da Teologia da Prosperidade. Embora tenha os mesmos instrumentos de redenção econômica de Edir Macedo, Malafaia é um inimigo mortal do dono da Universal. Divergiram até na eleição presidencial de 2010: ele primeiro apoiou Marina Silva, depois fulminou sua opção pelo plebiscito no debate sobre o aborto (“cristão não tergiversa nesse tema”), e acabou fazendo campanha por Serra, adversário de Dilma, apoiada justamente pelo rival bispo Macedo. Malafaia é figura fácil no Congresso Nacional, em Brasília, onde veste a armadura de sua santa cruzada contra a proposta de lei que combate a homofobia: “O projeto [que garante a livre orientação sexual] é a primeira porta para a pedofilia”, reza, com a fúria dos justos. Numa entrevista a uma revista religiosa, crucificou como “idiotas” todos os pastores que, ao contrário dele, não apostam suas fichas, martelinhos e garrafinhas na Teologia da Prosperidade.



Ele não poupa a garganta e fala muito: quase todo santo dia, Malafaia se esparrama por cinco horas de programas variados em redes nacionais como CNT, Rede TV, Boas Novas e Bandeirantes e ocupa os sábados de emissoras regionais em outros 15 Estados. Seu programa se espalha pelos Estados Unidos e Canadá e, desde meados de 2010, Malafaia atinge 142 milhões de lares em 127 países da África, Ásia, Oriente e Médio e Europa, com o apoio da americana Inspiration Network, que faz a dublagem para o inglês.



Para tornar mais veraz sua pregação, às vezes importa dos Estados Unidos especialistas nesta riqueza material. No ano passado, junto com o pastor americano Mike Murdock, Malafaia lançou o projeto do “Clube de 1 Milhão de Almas”. Alma, sabem os televangelistas, custa caro. Ele pretendia arrebanhar um milhão de crentes para sua grei e seus programas de TV, mediante a ‘oferta’ (voluntária, claro) de R$ 1 mil — ou seja, um martelinho de madeira, pelo generoso chapéu do bispo Valdemiro. Na conta do lápis, uma bolada plena de R$ 1 bilhão, capaz de pagar mais do que cinco Mega-Senas da Virada, que bateu em R$ 177 milhões no réveillon de 2011. Os ofertantes ganhariam o livro 1001 Chaves da Sabedoria, do pastor Murdock, e um certificado do clube milionário, em todos os sentidos.



Para inspirar o seu rebanho, Malafaia teve a feliz ideia de colocar um contador de acessos na página da igreja para que todos acompanhassem a adesão em catadupa do milhão de almas. Algo deu errado, ou o martelinho não funcionou. Lançado em abril do ano passado, o contador da igreja Vitória em Cristo virou uma estátua de sal, como a mulher de Lot em Gênesis (19,26) e estagnou num número pífio: miseráveis 58.875 almas era a contagem de quinta-feira passada, 5 de janeiro. Um inferno de faturamento que não chegou a R$ 60 milhões, muito distante do paraíso do R$ 1 bilhão arquitetado pelo diabólico Malafaia. Faltam portanto ainda 941.125 almas para Malafaia inaugurar, sob as trombetas de Jericó, o seu clube milionário. Haja martelinho!



O supermercado da fé



O bravo Malafaia não desiste facilmente. Em 2009 ele lançou a campanha de uma Bíblia por módicos R$ 900, pouco menos que um martelinho. Era a tarifa da Bíblia da Batalha Espiritual e Vitória Financeira, sacada genial de outro gênio da prosperidade, o pastor americano Morris Cerullo. Desta vez, a garrafinha deve ter funcionado, pois antes do final do ano ele viajou à Flórida, nos Estados Unidos, e lá viu se materializar, em nome da Vitória em Cristo, um jato executivo Cessna quase novo, modelo Citation Excel, pela bagatela de 12 milhões — de dólares !



Se alguém tiver alguma restrição a Bíblia, martelinho ou garrafinha, nem assim terá qualquer constrangimento para auxiliar o empreendimento celestial de Malafaia. Na sua página na Internet (www.vitoriaemcristo.org), o bom pastor dá a boa notícia de que todos podem participar de sua jornada, tornando-se seu ‘Parceiro Ministerial’, um programa de fidelidade da Igreja que arrecada fundos para manter seus programas de TV. A porta está aberta a “qualquer pessoa que receba de Deus a visão de abençoar vidas, proclamando o Evangelho por meio das mensagens do pastor Malafaia”, explica o dono do site e da igreja. Dependendo do tamanho da carteira, seu título de parceiro também cresce: o ‘Especial’ paga R$ 15 mensais, o ‘Fiel’ doa R$ 30 e o ‘Gideão’ entra na cota de sacrifício do martelinho: R$ 1 mil mensais, com direito a um exemplar por mês da revista Fiel, livros, Bíblias e um cartão para 10% de descontos nos produtos da Editora Central Gospel comprados pelo telemarketing, “desde que não esteja em promoção”.



Virar parceiro do pastor é fácil, pagar é muito mais. A organização abençoada de Malafaia trabalha com o ganhoso instrumental financeiro de uma grande loja de departamentos, como convém a este éden da prosperidade. A igreja Vitória em Cristo opera, sem preconceitos, com cartões Visa, Master, Diners, Amex ou Hipercard e tem contas abertas, sem discriminação, com o Banco do Brasil, HSBC, Bradesco ou Itaú, além de trabalhar com boletos bancários ou cheques nominais. Malafaia aceita boletos antecipados para o ano todo, mas nenhuma contribuição abaixo de R$ 15. Acima, pode.



Abobrinhas e beterraba



Agora, esse mundo dourado de riquezas, promessas, ofertas, obras e fartura vai ganhar outro e inesperado púlpito: um espaço de brilho, luzes e discussões mundanas, terrenas, insinuantes, quase lascivas. Começa na terça-feira (10/1) a 12º edição do ‘Big Brother Brasil’, o reality showda Globo que arrebata o país por 12 semanas no seu jogo canalha de perfídias, traições, intrigas e sensualidade explícitas, onde garotas curvilíneas e garotos musculosos, todos transbordantes de hormônios e carentes de neurônios, desfilam suas abobrinhas em diálogos patetas e reflexões idiotas. O jornalista Eugênio Bucci, professor de Ética Jornalística da ECA-USP e da ESPM, de São Paulo, tatuou o BBB como “o mais deseducativo programa da TV brasileira, onde a fama justifica qualquer humilhação”.



Na TV, onde nada se cria e tudo se copia, a Record também tem sua versão BBB, “A Fazenda”, com mais roupa e a mesma dose intragável de papo imbecil. A personal trainer Joana, a vencedora da versão 4 da Fazenda, que acabou em outubro passado, arrebatou R$ 2 milhões após encontrar uma beterraba premiada, entre outros sofisticados desafios intelectuais.



Apesar dessa crônica indigência, mais de 130 mil jovens brasileiros se inscreveram para o BBB12, ao longo de sete meses, filtrados em seletivas regionais em 10 capitais. É uma febre televisiva que pode parar até a maior cidade brasileira, São Paulo, onde chega a bater em 40% do Ibope, o que significa quase dez milhões de telespectadores, metade da população da Grande SP.



A vencedora do BBB de 2011, a modelo paulista Maria Helena, 27 anos, de São Bernardo do Campo, faturou um cheque de R$ 1,5 milhão ganhando o voto por telefone de 51 milhões de pessoas. Se fosse candidata a presidente em 2010, Maria Helena, capa da edição de junho de 2011 da revista Playboy, teria derrotado José Serra por mais de sete milhões de votos e perderia para Dilma Rousseff por menos de cinco milhões.



Boninho, o diretor do BBB, apimentou a receita em 2012, para horror do pastor Malafaia, infiltrando quatro homossexuais entre os doze sarados concorrentes. “Três dos quatro gays são mulheres”, adiantou o lúbrico Boninho no seu tuíter. Ele não disse, mas o programa de 2012 terá também a atração extra de duas evangélicas, a assistente comercial mineira Kelly, 28 anos, e a zootécnica baiana Jakeline, 22. O empresário Danilo Leal, 45 anos, pai de Jakeline, acha que a filha vai resistir bem ao paredão impiedoso do BBB, apesar de evangélica: “Ela não é recatada. Espero que Jakeline aproveite bem seus 15 minutos de fama e faça o pé de meia”, reza o empresário, dando sua sanção paternal para o que der e vier.



Não se sabe ainda o tamanho do fio-dental que as duas evangélicas vão exibir na casa mais vigiada do Brasil, nem o salmo que irão recitar debaixo do edredom, cercadas por tantas câmeras indiscretas. Não deixa de ser simbólico que, cinco séculos após ser cravado nos portões da igreja de Wittenberg, o credo rigorosamente puritano e austero fundado pelo cisma de Luterano infiltre duas crentes assanhadas e iconoclastas no cenário conspícuo do programa mais ímpio da maior rede brasileira de TV aberta. A explicação, certamente, não está nas páginas lambidas da Bíblia dos templos e igrejas desta terra supostamente laica, mas nas cédulas louvadas do dinheiro ungido pela graça divina e pela licença dos homens neste país tropical, que Jorge Ben resumiu como “abençoado por Deus e bonito por natureza”.



A louvação ecumênica ao dinheiro pintado pela hipocrisia de todos os credos esclarece, em parte, a progressiva invasão destes templos cada vez mais eletrônicos, escancarados por vendilhões cada vez mais acessíveis a espertalhões cada vez mais abusados no assalto à boa fé de sempre dos desesperados.



O velho evangelista Kenyon, profeta dessa cínica doutrina da prosperidade, poderia traduzir este Armagedom moral com o mantra invertido da religião de resultado que inventou: o que eu possuo, não confesso.



* Luiz Cláudio Cunha é jornalista. [cunha.luizclaudio@gmail.com]



Fonte: Gospel+



15.01.2012 - 06h00


Religiosos são proibidos de orar e pregar em corredores de hospital público de Caruaru (PE)Comentários Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió





Divulgação/Secretaria de Saúde de Pernambuco





Hospital Regional do Agreste, em Caruaru (PE), proibiu orações e pregações de religiosos

O incômodo causado pelo som alto das pregações evangélicas durante a visita a pacientes levou o Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru (130 km do Recife), a proibir a partir desse mês que religiosos realizem pregações ou orações em grupo nas enfermarias e corredores da unidade.



Segundo a direção do hospital público, referência no atendimento no agreste de Pernambuco, a determinação atende às reclamações de pacientes e visitantes, que estariam incomodados com as constantes pregações feitas em voz alta durante as visitas nas enfermarias.



Em nota pública, o diretor do HRA, José Bezerra, disse que respeita todas as religiões, mas explicou que as pessoas que quiserem realizar orações terão de utilizar a capela ecumênica da unidade, que estará aberta a todos os visitantes e pacientes que desejarem orar.



“Sabemos que existem pacientes que necessitam de um apoio, de uma palavra de conforto, e encontram tudo isso na religião. No entanto, nem todos os religiosos que fazem as visitas têm essa intenção. Muitos, além de visitar o seu paciente, acabam chamando atenção dos outros - muitas vezes a contragosto, porque não são da mesma religião, para que escutem o que eles têm a dizer”, diz o comunicado do diretor.



Segundo Bezerra, para que “fatos dessa natureza não voltem acontecer”, a direção decidiu liberar a entrada dos religiosos “apenas para visitas.” “Caso eles desejem realizar algum tipo de pregação ou oração em conjunto, podem se dirigir para a capela ecumênica do hospital, que está aberta para receber integrantes de qualquer religião.”



Limites éticos

A decisão do HRA foi elogiada pelo presidente da Associação Interreligiosa do Agreste, padre Everaldo Fernandes. “É uma boa oportunidade de fazermos uma releitura sobre essa pregação. Não vejo como intolerância religiosa, mas como uma forma de impor nossos limites, que me parece correto. O hospital deixa claro que quer a contribuição da religião, mas não pode dar espaço ao constrangimento”, afirmou.



Segundo o padre, a forma de pregação adotada por alguns religiosos já vem sendo discutido pelo grupo há algum tempo. “A religião, assim como a medicina, a advocacia ou qualquer outra crença, tem seus limites éticos. E nós precisamos pensar sobre as nossas práticas, que devem ser éticas, respeitando a todos.”



Para o pastor Arnóbio Silva, da Igreja Evangélica Congregacional Vale da Bênção, a decisão é equivocada. “Sou contra. Temos liberdade religiosa no país, e as visitas aos pacientes termina com uma oração. Se havia excessos, caberia orientar as pessoas que fazem a oração, em vez de as proibir”, disse.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TV IURD divulga que pastores da Mundial são usuários de drogas





TV da Universal mostrou de

costas o ex-pastor da Mundial

O bispo Romualdo Panceiro, o segundo na hierarquia da Igreja Universal do Reino de Deus, apresentou na TV IURD, transmitida pela internet, o testemunho de um ex-pastor da Mundial segundo o qual pregadores da igreja de Valdemiro Santiago consomem drogas para poder acompanhar o forte ritmo de trabalho da denominação. “Eu estive no meio deles e sei como é.”



O testemunho faz parte da campanha da igreja do bispo Edir Macedo contra a Mundial, para a qual tem perdido fiéis e, consequentemente, arrecadação de dízimo. A debandada rumo à igreja de Valdemiro, um ex-Universal, tem sido também de pastores.



Joaquim é o nome da pessoa que deu o testemunho ao programa do Panceiro [ver vídeo abaixo]. Ele disse que foi pastor da Mundial por três anos e que tinha saído de lá havia três meses.



Contou saber de um caso de um pregador que morreu de overdose e que as drogas, em muitos casos, são consumidas durante orgias. “Tinha cocaína, maconha, até crack”, disse. Falou que não participava dos encontros de consumo desses tipos de droga, mas reconheceu que bebia muito álcool.



Disse, também, que os pastores da Mundial, após os cultos, zombam de fiéis que expõem seus problemas. “Eles riem.”



Joaquim falou que os pastores brigam entre si pelos templos com boa arrecadação de dízimo e que até houve uma morte em "um acidente" de carro.



Segundo ele, um pastor regional chegou a tirar proveito sexual dessa disputa, exigindo ter relação com a filha e a mulher de um pretendente a um novo templo.



“Dentro de um sítio há uma sauna onde se resolve muitos problemas [barganhas envolvendo sexo]”, disse Joaquim. “Teve um caso de um pastor que queria outro pastor para ter uma relação.”



A estratégia da Universal parece ser a de convocar ex-pastores da Mundial para falar mal desta denominação. Um deles disse que Valdemiro está endemoniado, o que, em se tratando de seita evangélica, é acusação gravíssima.



A briga esquentaria ainda mais se Valdemiro deixasse o papel de vítima e convocasse ex-pastores da Universal para falar das mazelas de sua concorrente.





"Tinha cocaína, maconha, crack"







Com informação da íntegra do vídeo da TV IURD.








WEBLOG.Paulopes .

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Proposta autoriza exibição de programas religiosos na TV Brasil


Mateus Alves 12 de janeiro de 2012 



A Câmara dos Deputados divulgou nesta quarta-feira (11) que estuda o Projeto de Decreto Legislativo, 406/11. A proposta anula a decisão da Empresa Brasil de Comunicação, EBC, de interromper a exibição de programas religiosos na programação da TV Brasil e de suas emissoras de rádio.



O projeto é de autoria da deputada Liliam Sá (PSD-RJ) e vai contra à resolução da EBC responsável por implantar e gerir os canais públicos. Além disso, a resolução, que foi publicada em março do ano passado estabeleceu um prazo de seis meses para a TV Brasil suspender toda a programação evangélica ou católica.



A justificativa dada pela Empresa Brasil de Comunicação foi que tais programas não correspondem à pluralidade religiosa do país. Em sua constituição, a TV Brasil diz que “veio atender à antiga aspiração da sociedade brasileira por uma televisão pública nacional, independente e democrática”.



Já a deputada argumenta que o Brasil é 95% cristão e que os programas não eram produzidos apenas por uma igreja.



“Por eles passam líderes das igrejas históricas e recentes, além de outros, que são entrevistados em seus blocos sobre educação, saúde, ciência e tantos assuntos de interesse de toda a sociedade brasileira”, disse Liliam em plenário.



A notícia também já entrou em discussão nas redes sociais. Muitas manifestações de pessoas favoráveis e contrárias podem ser vistas no Facebook. Uma das mais comuns é questionando a laicidade do Estado, já que a TV Brasil é um canal público.



“Pô, TV Brasil?! entendo os programas em redes como globo, band e record… mas na tv brasil?”, postou o usuário Ernesto Castro que acredita que por ser um canal público não deveria passar uma programação religiosa. Daniel D’Alessandro reforça, “e realmente não deve-se passar esse tipo de programação, mais aonde está o tal do país laico nessas horas?!”



Michel Lopes, entretanto, defendeu a exibição de um programa religioso em uma programação laica, sem ser fundado em uma igreja específica.



“Depende do programa. Já vi alguns documentários sobre religião na TV Cultura que eram muito bons. Eles não tinham o caráter de doutrinação, mas apenas de educação cultural”, disse ele completando que, no entanto, é contra a compra de horário do canal por pastores.



O projeto será analisado pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ir ao Plenário. Ainda não há previsão de quando a decisão será feita.



(Fonte CPAD News)



Pastora é acusada de escravizar criança indígena em Goiás

overbo 12 de janeiro de 2012 



Uma pastora evangélica foi denunciada pelo Ministério Público Federal em Goiás por submeter uma criança indígena de 11 anos a uma condição análoga à escravidão em Goiânia (GO).



De acordo com a Procuradoria, a criança foi forçada a fazer trabalhos domésticos na casa da pastora entre maio de 2009 e novembro de 2010.



A criança é de uma aldeia que fica em Barra do Garças (MT) e foi para Goiânia para um tratamento médico.



O pai da menina procurou a igreja para receber apoio material e religioso. Ela então foi entregue aos cuidados da pastora.



A ação afirma que a criança era obrigada, entre outras tarefas, a limpar o banheiro e o chão da casa, lavar e passar roupas e lavar a louça.



“Aproveitando-se de sua pobreza e necessidade, submeteu-a, com vontade livre e consciente, a exaustivos e penosos serviços domésticos de natureza contínua, explorando-a”, diz o procurador Daniel de Resende Salgado, autor da ação.



Segundo o procurador, a pastora costumava ameaçar a criança a castigos e a submetia a longas horas de trabalho doméstico.



O procurador diz que a criança não era paga pelo serviço e humilhada ao ser chamada de “mucama”.



A criança foi também obrigada a distribuir panfletos da igreja na cidade.



De acordo com Salgado, os professores onde a menina estudava perceberam que ela sempre aparentava cansaço, indisposição e hematomas.



Pelo pedido da Procuradoria, a pena pode chegar a 16 anos de prisão.



A reportagem ligou para a igreja, mas não foi atendida até a publicação da notícia.



(Fonte Folha.com)(com reprodução do O Verbo)



DECRETO Nº 35020 DE 29 DE DEZEMBRO DE 2011



DIÁRIO OFICIAL de 30 de dezembro de 2011


Declara Patrimônio Cultural Carioca as festas que cultuam Iemanjá realizadas nas praias da Cidade do Rio de Janeiro.




O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais e,

CONSIDERANDO que as festas religiosas em culto a Iemanjá são uma comemoração tradicional do Candomblé e da Umbanda realizadas nas praias da Cidade do Rio de Janeiro;



CONSIDERANDO que o sincretismo religioso é uma forma de expressão da cultura afro-brasileira



CONSIDERANDO que, mesmo de caráter religioso específico, as festas de Iemanjá agregam cidades de diferentes identidades religiosas, irmananda-os num mesmo propósito de fraternidade solidária e identificação cultural;



CONSIDERANDO a necessidade de se preservar a memória cultural através do registro dos seus modos de fazer e de celebrar;



CONSIDERANDO o pronunciamento do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural, através do processo n.º 12/000.101/2010,



DECRETA:



Art. 1.º Ficam declaradas Patrimônio Cultural Carioca AS FESTAS QUE CULTUAM IEMANJÁ, REALIZADAS AS PRAIAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, nos termos do § 1.º do ar=igo 4.º do Decreto n.º 23.162, de 21 de julho de 2003.



Art. 2.º O órgão executivo municipal de proteção do patrimônio cultural inscreverá as festas que cultuam Iemanjá, como bem cultural de natureza imaterial, no Livro de Registro das Atividades e Celebrações.



Art. 3.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.



Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2011; 447º ano da fundação da Cidade.



EDUARDO PAES

Prefeiro da Cidade do Rio de Janeiro