sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
A Grande Perseguição aos Xangôs de Pernambuco
Por Manoel do Nascimento Costa10.01.12
Os anos de quase silêncio
Em 1937, começou o chamado “quebra-quebra”, perseguição policial ao culto que levou pânico a todos os adeptos da seita africana, muitos deles sendo presos pela policia. O Sítio de Pai Adão e as casas de Artur Roseno e de Mãe Lidia, as três maiores casas de xangô da época, tiveram que esconder todo o material dos orixás: otás, guias, ferros, louças, imagens e demais objetos foram escondidos em lugares seguros para não serem quebrados pelos policiais.
Mãe Lidia escondeu os seus orixás e os apetrechos na casa de uma filha-de-santo no bairro de Jatobá, em Olinda. Sinhá Mila, filha de Ogum, que morava num pequeno casebre de taipa, foi escolhida pelos deuses da raça negra como guardiã de seus parentes, guardados em um baú antigo. Durante esse tempo, nenhuma função foi executada por Mãe Lidia que, junto com Joana Batista, enfrentou as autoridades, lutando pela reabertura de xangô em Pernambuco, o que aconteceu somente oito anos depois, em 1945.
Nesse intervalo, sediada em Maceió, a ialorixá Lidia da nação xambá vinha a Recife apenas para visitar parentes e trabalhar junto com Joana Batista pela reabertura. Com dinheiro ganho em Maceió, Mãe Lidia construiu nova casa de xangô em uma das transversais da Ladeira de Pedra em Água Fria, onde tocou pela primeira vez, para espanto de muita gente que não acreditava no milagre.
Com a ajuda de algumas pessoas influentes, as duas mulheres chegaram depois de muita luta ao palácio do governador Magalhães. Na época entregaram a ele uma solicitação de reabertura dos terreiros e no mesmo documento pediram providências contra as arbitrariedades procedidas pelas autoridades policiais. Entre as pessoas arbitrárias citadas no documento estavam os policiais Danilo e Fogão.