domingo, 8 de janeiro de 2012



07/01/2012
 - 22h00

Grupo faz manifestação contra racismo em frente a restaurante de SP

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DA AGÊNCIA BRASIL
DE SÃO PAULO

Enquanto algumas pessoas almoçavam no restaurante Nonno Paolo, na zona sul de São Paulo, do lado de fora, um pequeno número de pessoas fazia um panelaço contra atitudes racistas. A manifestação pacífica foi organizada pela internet e motivada pela história do casal espanhol que teve o filho adotivo, de 6 anos, retirado do estabelecimento.
O caso aconteceu no almoço do dia 30, antevéspera de Réveillon. Segundo depoimento de familiares da criança à polícia, ela teria sido colocada para fora por um dos funcionários do restaurante.
A mãe do menino, a técnica de administração de uma universidade de Barcelona, Cristina Costales, 42, disse que seu filho foi encontrado na calçada da rua, chorando. À ela, a criança teria dito que um funcionário o botou para fora, quando o casal foi se servir.
Alessandro Shinoda/Folhapress
Grupo faz panelaço contra o racismo em frente ao restaurante Nonno Paolo, no Paraíso, onde menino etíope foi expulso enquanto esperava os pais na mesa do restaurante
Grupo faz panelaço contra o racismo em frente ao restaurante Nonno Paolo, no Paraíso, onde menino etíope foi expulso enquanto esperava os pais na mesa do restaurante
A estudante Carina Paola Cardenas, uma das idealizadoras do protesto, disse que o objetivo é chamar a atenção para o preconceito racial.
"Pretendemos mostrar às pessoas que o racismo existe. Não se consegue mudá-lo somente por leis. O que muda isso é a conscientização. Por isso, estamos estimulando o boicote aos estabelecimentos que tenham esse tipo de política de maltratar pessoas seja por causa da raça ou por questão social", afirmou.
Wilson Honório da Silva, do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, disse que o protesto, apesar de ter contado hoje com um grupo muito pequeno de pessoas, não pode ser esgotado. "O movimento tem o propósito de mandar um recado para a sociedade. Estamos cansados de viver em um país onde ser negro é parecer marginal."
Para ele, a ideia é organizar manifestações ao longo do ano para alertar a população sobre o racismo. "Estamos propondo transformar o dia 21 de março, que é o Dia Internacional de Combate ao Racismo, num grande ato em protesto a todos esses casos que têm se repetido em São Paulo", disse.
Os sócios do restaurante disseram que não iriam se manifestar sobre o caso até a conclusão do inquérito policial.
Na última terça-feira (3), a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar crime de preconceito racial, além de constrangimento ilegal, contra o menino.

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