terça-feira, 17 de dezembro de 2019

ADVOGADO CRIMINALISTA DO JÚRI DR. JOÃO BATISTA MARTINS DE SOUZA –OAB/RJ. 59615.
ACIDENTE DE TRÂNSITO E DO TRABALHO
AÇÕES TRABALHISTAS
ASSISTÊNCIA JURÍDICA EM GERAL
DRJBAYRA@HOTMAIL.COM - TEL: 21 99136-4780
DUQUE DE CAXIAS, RJ.ATUAMOS EM TODO O BRASIL, PRINCIPALMENTE NO TRIBUNAL DO JÚRI.
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‘Velho Lázaro’, um santo que une Cuba pela fé
Devotos cubanos participam do culto de São Lázaro na Igreja El Rincón, em Havana - AFP
17/12/19 - 12h21 - Atualizado em 17/12/19 - 14h04

Alguns chegam andando de joelhos. Outros rastejam até o templo, como penitência por um favor concedido. No dia de São Lázaro, os cubanos católicos, iorubás, laicos e agnósticos, emigrantes e residentes se unem sob um único manto de fé no santuário de El Rincón, em Havana.
El Rincón é uma cidade a cerca de 20 km da capital. Na véspera de 17 de dezembro, suas ruas estão cheias de fiéis que prestam homenagem ao milagroso Lázaro.
Muitos vestem roxo – a cor da divindade – e levam também flores roxas, velas e roupas feitas de juta.
Na avenida principal, Calzada de San Antonio, há vendedores de pão com cerdo, frango frito, objetos religiosos, flores e imagens de São Lázaro.
Os fiéis caminham pelo centro. De algumas casas pode-se ouvir a melodia da salsa e do reggaeton, numa espécie de sincretismo caribenho.
Um homem negro rasteja de costas há várias horas, a caminho do templo. “Ele faz isso por sua filha, que foi salva de uma doença”, conta uma mulher que o acompanha e que limpa a estrada com alguns galhos.
Sua jornada é monitorada por pessoas da Cruz Vermelha, que supervisionam para que ele não se machuque.
Ao atingir seu objetivo, ele é recebido por um padre católico e levado em uma maca para um posto de saúde, onde é tratado dos arranhões e queimaduras do asfalto.
Lázaro agrupa três santos em um, como uma ponte entre culturas e religiões. O primeiro é São Lázaro de Betânia, levado a Cuba pela Igreja Católica e ressuscitado por Jesus segundo o relato bíblico, tornando-se supostamente bispo.
O segundo, uma contribuição dos escravos africanos, Babalú Ayé, um rei iorubá punido com doenças de pele por sua vida libertina, que se tornou um orixá (deus) ao cumprir penitência e se dedicar a fazer o bem. São atribuídos a ele milagres de cura.
E o terceiro refere-se à história bíblica de outro Lázaro, um mendigo leproso, de muletas, acompanhado de cães que lambem as feridas, faminto e que foi para o céu quando morreu. É essa a imagem que os devotos materializaram e à qual cultuam.
“Dois anos atrás, caí de quase dois metros, quebrei a tíbia e a fíbula e machuquei meu pulmão. Passei um mês no hospital. Pedi bastante a ele. São Lázaro me tirou do hospital e me fez andar”, conta um trabalhador de 46 anos que coincidentemente se chama Lázaro e carrega a imagem do santo nos braços.

E o terceiro refere-se à história bíblica de outro Lázaro, um mendigo leproso, de muletas, acompanhado de cães que lambem as feridas, faminto e que foi para o céu quando morreu. É essa a imagem que os devotos materializaram e à qual cultuam.


O “Velho Lázaro” nunca foi admitido nos templos católicos e foi marginalizado durante três décadas de ateísmo socialista (1961-90).
Hoje, sua capela está no jardim do Santuário Nacional de São Lázaro, um leprosário do início do século XX que se tornou um templo católico e local de peregrinação


sábado, 7 de dezembro de 2019



Juiz federal alega que chefe da Fundação Palmares ‘ofende’ a população negra, a quem deveria defender. AGU afirma que estuda recurso para manter Sérgio Nascimento no cargo.


O juiz Emanuel José Matias Guerra, da Justiça Federal do Ceará, aceitou um pedido de ação popular e determinou a suspensão da nomeação de Sérgio Nascimento de Camargo como presidente da Fundação Palmares.
A decisão suspende o ato do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, publicado no Diário Oficial da União em 27 de de novembro. A Fundação Palmares integra a Secretaria Especial da Cultura, o antigo Ministério da Cultura, e tem por objetivo promover políticas públicas em defesa da população negra.

Conforme o juiz da 18ª Vara Federal, no interior do Ceará, há “diversas publicações” feitas por Sérgio Nascimento que têm o “condão de ofender justamente o público que deve ser protegido pela Fundação Palmares”.

A Advocacia-Geral da União disse que ainda não foi notificada da decisão da Justiça Federal no Ceará. “Contudo, a instituição já estuda o recurso cabível que irá apresentar com vistas à manutenção do ato”, afirma a AGU, por meio de nota.

O advogado Hélio Costa, autor do pedido de suspensão da nomeação, afirmou que a presidência de Sérgio Nascimento na Fundação Palmares “contraria o interesse público e representa claro desvio de finalidade do ato administrativo”.

“Não podemos jamais permitir que a fundação sirva a interesses diversos completamente contrários aos objetivos para os quais foi criada. Portanto, a referida decisão representa uma vitória ao movimento negro e, a meu ver, deve ser mantida ao final do processo”, afirmou o advogado ao G1.

Declaração do novo presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, publicada em rede social — Foto: Reprodução


Em uma publicação feita em rede social antes de ser nomeado para o cargo, Sérgio Nascimento classificou o racismo no Brasil como “nutella”. “Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda.”
Sobre o Dia da Consciência Negra, Sérgio afirmou que o “feriado precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial”.

Ele disse que a data “causa incalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo”.

Reação de instituições


Representantes de movimentos negros reagiram às afirmações do jornalista Sérgio Nascimento, logo após a assinatura do ato, na semana passada.

“Ela [a Fundação Palmares] deveria agir pra defender a cultura afro-brasileira. E, infelizmente, esse senhor ele não veio pra gerir, ele veio pra função de desconstruir todo o legado que vários negros e negras construíram”, disse Claudia Vitalino, presidente da Unegro, após a nomeação de Sérgio para o cargo.



“O movimento negro, ele surge no primeiro negro que foge da senzala. No primeiro negro que se volta contra a escravidão. Aqui, surge o movimento negro. Então, o movimento negro vem lá da época de Zumbi, das Dandaras. Não tem nada a ver com esquerda ou direita”, acrescentou Silvio Henrique, do Conselho da Igualdade Racial.



Luiz Gama foi o 1º jornalista brasileiro negro, mas ainda é desconhecido


“A escravidão é uma espécie de lepra social: tem sido muitas vezes abolida pelos legisladores e restaurada pela educação sob aspectos diversos”. A frase é de Luiz Gama, primeiro jornalista negro do Brasil e foi escrita em 1876, mas permanece atual. O baiano Luiz Gama nasceu em 21 de junho de 1830. Aos 10 anos de idade, filho de uma mulher brasileira negra e de um português branco, ele foi escravizado, condição que permaneceu até os 18 anos, quando conseguiu provar que nasceu livre. Ele conseguiu aprender a ler e a escrever, serviu o Exército e descobriu o ofício da taquigrafia. Ele foi dono de pelo menos três jornais paulistas no século 19: “O Cabrião” (1866), “Diabo Coxo” (1864) e “O Radical Paulistano” (1869), com temáticas abolicionista.
Por Karina Berardo, do UniCEB


Luiz Gama (1880) Imagem: Wikipédia Commons

Há raros registros sobre a infância dele, conforme esclarece a escritora Lígia Ferreira, considerada a maior especialista sobre a obra e vida de Gama. Em 1930, uma carta autobiográfica de Luiz Gama foi encontrada. Nos escritos, ele narra a própria trajetória, uma vida repleta de privações, mas também de muita superação. Em 1838 a mãe foi expulsa do Brasil, por ter participado de revoltas contra o regime escravocrata e Gama ficou com o pai que, alguns anos depois, o vendeu para pagar dívidas de jogo.

“Canta, canta Coleirinho, Canta, canta, o mal quebranta; Canta, afoga mágoa tanta Nessa voz de dor partida; Chora, escravo, na gaiola Tenra esposa, o teu filhinho, Que, sem pai, no agreste ninho, Lá ficou sem ti, sem vida. (…)” Trechos do poema “Coleirinho”. Luiz Gama.
Contrariando o destino imposto pela escravidão, Luiz Gama foi o primeiro e único escravo brasileiro a conquistar a própria liberdade, tornar-se advogado, jornalista e poeta. Aos 17 anos aprendeu a ler e a escrever sozinho, já que a lei proibia “pessoas de cor” – preta – frequentarem escolas. Tal feito, por si só, já seria digno de registro, mas como enfatiza Lígia Ferreira, a trajetória de Gama a partir da libertação do silêncio é ainda mais impactante. “Luiz Gama uniu política, jornalismo e literatura, denunciando injustiças e criticando os que ele considerava responsáveis por cometê-las”, destaca a professora.
“As vozes dos abolicionistas têm posto em relevo um fato altamente criminoso e assaz defendido, há muito anos, pelas nossas indignas autoridades (…) E mais afirmamos, que o Governo de S.M. Imperador tem dado a essas autoridades instruções secretas (…)” Trechos do artigo “Escândalos”. Luiz Gama. (1869)
Como poeta, ele se assumiu como o primeiro autor negro, algo inovador, de acordo com Lígia Ferreira. A especialista lamenta, porém, que a imagem de Luiz Gama foi diminuída, sua importância como representante da literatura brasileira, como porta-voz da liberdade e como integrante ativo do movimento republicano não foram reconhecidas até hoje.
Direito
O juiz negro Fábio Esteves, que atua em Brasília, ele conta que passou cinco anos na faculdade de direito e nunca ouviu falar, no período universitário, de Luiz Gama. “Isso é resultado da forma que a educação trata a história do povo brasileiro, sobretudo do povo negro”, sentencia. Para o magistrado isso acontece porque não há no contexto educacional o percurso histórico de um povo que representa mais de 50% da população brasileira.
Assista

Ele acrescenta que a ausência de referências de intelectuais negros impacta diretamente na construção da sociedade. “O desenvolvimento de um país está ligado ao conhecimento e as ausências precisam ser amplamente refletidas”. O juiz é o primeiro presidente negro da Associação dos Magistrados do Distrito Federal (AMAGIS), apesar da entidade existir há 50 anos.
O juiz Fábio Esteves acrescenta e alerta que mesmo quando negros conseguem romper com a “norma” e passam a integrar o meio acadêmico ou jurídico, por exemplo, permanecem estigmatizados. “Existe uma certa ideia de que o negro tem que falar só de racismo, como se ele não pudesse ou não soubesse falar de outros assuntos, o que não é verdade”. No dia a dia, dentro do Tribunal do Juri de Brasília, onde atua, Fábio já foi alvo de comentários preconceituosos. Porém, para ele o que incomoda mesmo é perceber a reprodução do preconceito no sistema judiciário. “Isso gera uma deturpação na análise das questões do sistema penal, que é estruturado racialmente”, adverte.
Jornalismo e educação


Um dos jornais de Luiz Gama (1869) / Reprodução/UniCEB

“Não fui apresentada a Luiz Gama na graduação, não me recordo de aprender sobre nenhum outro escritor negro e nem de discutir questões raciais durante o curso”. A ausência de intelectuais negros também se fez presente na vida acadêmica da jornalista e escritora pernambucana, Fabiana Moraes. Essa realidade parecia ser percebida por todos como algo natural, mas não para Fabiana que, aliás, era uma das únicas alunas negras entre os mais de 40 estudantes do curso de jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco nos anos 90. Segundo ela, naturalizar a predominância de brancos nos espaços acadêmicos e de negros em atividades braçais é consequência direta do racismo e do sistema escravista. “A reflexão ainda não está associada a essa cor”, lamenta.
Em igual sentido, Cinthia Gomes, pesquisadora da Universidade de São Paulo e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRA), afirma que o apagamento da produção intelectual do negro no passado e no presente define o que chama de racismo epistemológico. Para a pesquisadora os intelectuais negros tiveram e ainda tem seus feitos invisibilizados de maneira proposital. “A academia não tem noção da magnitude da importância de Gama para o desdobramento da história do país e para seus contemporâneos”.
Mas para a jornalista Noemia Colonna a falta de reconhecimento da produção de saberes dos negros e negras nem sempre é “por maldade” ou de propósito. É, na verdade, reflexo do racismo estrutural que permeia toda a sociedade que, segundo Noemia, ainda vive sobre influência de um modelo de educação eurocêntrico. “A nossa universidade é eurocentrada e pessoas fora desse padrão não são consideradas dignas de serem estudadas”, critica.
Ela vai além, afirma que não basta achar ou ter opiniões, diz que é preciso olhar os números e questiona: qual a proporção de professores e professoras negras nas universidades? A reposta está no último Censo do Ensino Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais em 2017, são apenas 16%. Para a jornalista, essa realidade tão desigual só vai mudar quando as narrativas deixarem de ser predominantemente brancas. “É preciso se desfazer da roupagem colonial que fomos obrigados a vestir”, finaliza.
Resistência e Memória
Para o servidor público e advogado negro Marivaldo Pereira, não reconhecer as lutas do povo negro contra a escravidão no passado e contra opressão no presente é ainda mais grave do que a falta de representatividade. “Não temos espaço na história oficial, nosso sofrimento ainda importa muito pouco para a sociedade”, denuncia.
Ele acrescenta que Luiz Gama não foi o único “apagado” pela narrativa ainda predominante no Brasil. As lutas travadas por Luiza Mahin, mãe de Gama, Zumbi dos Palmares, Dandara, José do Patrocínio, Carolina de Jesus e Marielle Franco, para citar alguns exemplos, também não são lembradas quando se fala da conquista da liberdade e da ocupação de espaços historicamente ocupados por brancos.
Aliás, foi com indignação e protesto que Marivaldo e o Movimento Negro (#VidasNegrasImportam) reagiram diante da homenagem prestada à Princesa Isabel em maio deste ano e, principalmente, do discurso da deputada federal Carla Zampelli (PSL-SP) em plenário na Câmara dos Deputados. Ela disse: “Lembrando os senhores que, se a Marielle foi uma mulher livre, foi graças à Princesa Isabel”.
Ana Flávia Magalhães Pinto, doutora em História na UNB, explica que a luta pelo fim da escravidão, ao contrário do que ainda prevalece nos livros didáticos e nos discursos políticos, pertence aos negros e não aos políticos brancos do Brasil do século XIX. Marivaldo Pereira complementa que foram as constantes fugas, revoltas e reações do povo negro à violência das quais eram vítimas que inviabilizaram o sistema escravocrata. “A atitude da princesa Isabel está muito longe de ser um ato de humanidade, de bondade ou de reconhecimento da condição humana de nós negros”, assegura.
De acordo com o relatório do Atlas da Violência de 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 75,5% das vítimas de homicídios no Brasil foram de indivíduos negros. As mortes de pessoas negras, segundo Marivaldo, podem aumentar, pois para ele está em curso um “verdadeiro extermínio” da juventude negra. “Vivemos sob um governo liderado por um presidente declaradamente racista. Mais do que nunca, precisamos estar unidos para denunciar e resistir a tudo isso, e gritar para que parem de nos matar”, aponta.
“(…)Não tolero o magistrado, que do brio descuidado, vende a lei, trai a justiça. Faz a todos injustiça. Com rigor deprime o pobre, presta abrigo ao rico, ao nobre e só acha horrendo crime no mendigo, que deprime. Neste dou com dupla força(…)” Trechos do poema: Quem sou eu? Luiz Gama. (1861)
20 de novembro
O 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é muito mais do que o resgate da data da morte de Zumbi dos Palmares. Irapuã Santana, pesquisador e procurador do município de Mauá (SP) explica que ao longo da história do Brasil a figura do negro sempre foi associada a posição de subalterno. Entretanto, para ele essa não é a realidade, o que persiste até hoje é a visão racista da sociedade que segue tentando invisibilizar os feitos e conquistas dos negros do passado e do presente. “O dia da Consciência Negra se trata de resgatar o protagonismo negro dentro da nossa própria história. O dia é um contraponto ao 13 de maio”.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019


Racismo: o impeditivo da liberdade





“A função do racismo é regular a distribuição da morte” Achille Mbembe
Por  Ricardo Corrêa enviado para o Portal Geledés 
Não há homem negro ou mulher negra compromissados com o combate ao racismo que não tenham sido tentados a desistirem de todos os enfrentamentos impostos por esse sistema que parece ser inabalável. Existem diversas razões acerca do convite a renúncia, mas destaco a maneira pelo qual o racismo está colocado na sociedade: estrutural e com permanente cooperação das instituições. Como os reflexos desse modelo têm afetado a liberdade dos negros, alguns apontamentos são necessários.
O racismo provoca o aprisionamento de suas vítimas ao ofertar as piores oportunidades de sobrevivência e não permitir qualquer expectativa esperançosa à população negra, e mesmo diante desse sofrimento, a abdicação da luta antirracista não é simples. Isto acontece porque ao carregarmos medos advindos do preconceito, e discriminação racial, somos retirados da inação e passamos a assumir alguns posicionamentos políticos. Esses medos desempenham papel crítico na construção de nossa visão de mundo, remetendo-nos à reflexão da psicanalista Maria Lúcia da Silva (2017) “são informações que o sujeito interioriza e, com isso, constrói no seu interior uma imagem desvalorizada de si”. Por outro lado, observamos os privilegiados carregados de desfaçatez reclamando de nossas reivindicações, mas com certeza teriam outra opinião se fossem submetidos a uma fração do que sofremos. É cômodo articularem críticas contra os negros enquanto a sociedade enxerga o corpo branco sem qualquer olhar de desconfiança. Não são potenciais vítimas de violência policial, não sofrem intolerância religiosa, não correm o risco de ser assassinados dentro de supermercados, ou escorraçados de estabelecimentos comerciais, e a chance de ter algum segurança lhes vigiando nas “compras” é quase nula. Ou seja, o repertório de privilégios é extenso, enquanto os negros vivem à base do medo. Nesse sentido, a lenda da música negra —
Nina Simone — não estava enganada “Liberdade é não ter medo”. Daí emerge a dolorosa conclusão: a liberdade ainda é utopia para os negros.
É sabido que somos resultados de um processo histórico iniciado quando os negros africanos foram arrancados da África para serem escravizados no Brasil, e isto acabou culminando na negação da liberdade a partir da subjugação que esteve presente em diferentes contextos, mantendo intacta a estrutura que reservou a marginalização aos negros. Uma trama construída por brancos colonizadores e sustentada secularmente por quem goza na seara dos privilégios advindos da brancura. Infelizmente estamos distantes do fim desse sistema, pois o Estado é descompromissado com o combate ao racismo na radicalidade. Essa negligência propiciou o desenvolvimento de uma cultura que pensa as questões raciais no sentido moral. Abundam pedidos de desculpas por qualquer ato racista como se fosse o suficiente para solucionar as situações profundas de marginalização, e que no seu extremo resulta em assassinatos da população negra, como alertou o intelectual camaronês Achille Mbembe. Indivíduos desculpam-se por recorrentes atos preconceituosos e discriminatórios sem a preocupação com as consequências físicas e mentais das suas vítimas. Essa cultura se amplia com a ausência de aplicação das leis que criminalizam o racismo, além da inexistência de ações para a conscientização da população.
A assunção da radicalidade no combate ao racismo é inadiável, e exige estratégias políticas sem que entremos nos discursos frágeis que inundam as redes sociais. Lutar continua sendo o meio necessário para o desmantelamento do que está estruturado. E, inspirado na filósofa e professora Angela Davis, acredito na democracia desde que esteja emancipada do sistema capitalista, pois caso contrário “um futuro de igualdade racial, igualdade de gênero, igualdade econômica nos iludirá”.  Estamos cansados, mas pela liberdade, e sobrevivência, continuaremos resistindo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <  https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88
_Livro_EC91_2016.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2019.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 Edições, 2018.

1-  Entrevista da psicanalista Maria Lúcia da Silva para a Revista Cult. 
Disponível em: . Acesso em: 03 abr. 2019.
2 –  Entrevista de Angela Davis para o Los Angeles Times