sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

FECHAMENTO DE CORPO NO CARNAVAL




É muito comum nessa época dos festejos momescos, pessoas serem chamadas aos terreiros de candomblé e umbanda a passarem pelo tradicional ritual de fechamento de corpo, com vistas a poderem brincar o carnaval, sem correrem o risco de sofrerem algum tipo de acidente. Evidente, que tal prática deixou de ser um orô (segredo), dentro do culto afro, para ser um mero procedimento dos mais banais, por conta dos mercadores da fé que pululam também no mundo afro.


Nos dias de hoje, chamam qualquer um do povo para se submeterem a esse ritual, independente de serem iniciados ou não, bastando que pague pelo trabalho do chamado "pai de santo", que de posse de alguns frangos, algumas garrafas de dendê, cachaça, pólvora, algumas comidas votivas,entre outros elementos, submetem,se me permitem, os incautos, ao chamado "fechamento de corpo".


Na realidade, esse tipo de propaganda enganosa já devia ter sido banida há muito tempo, pois depõe contra a religião afro.


Pois somente uma determinada casta é que estaria sujeita a se submeter a este ritual, sem a devida obrigatoriedade é claro! Pois o culto não obriga ninguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, pois isto é inerente ao senso de responsabilidade espiritual que cada seguidor afro tem dos seus deveres e direitos dentro do culto.


E existem alguns pressupostos necessários que o seguidor tem que ter, como por exemplo: ser iniciado, estar em fase de iniciação, ter pelo menos algum tipo de ojubò (assentamento) ligado aos seus guardiãs protetores (exu, orixá ou outros), ou seja, que tenha uma ligação terra, ar e corpo. Coisas que as pessoas comuns do povo não possuem, daí estarem desobrigados de passarem por esse ritual.


Mas na filosofia dos maus pregadores e exploradores da fé afro, qualquer um que se encontre no mundo do faz de conta,ou seja, "Eu digo que sou e você finge que acredita". Pode ser submetido a esse ritual tão importante e revestido de tantos mistérios.
É a banalização das coisas sagradas dos orixás. Esta na hora de mudar.

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá