terça-feira, 14 de junho de 2016
"OS SABICHÕES DO CANDOMBLÉ"
Com este título iremos discorrer sobre uma
realidade que há tempo vem ocorrendo nos terreiros de candomblé, casas de
quimbanda e outras congêneres, porém, todas do culto afro brasileiro, que se
propõem a prestar a ajuda espiritual, através do jogo de Ifá (búzios).
Bem, com o advento da internet,
principalmente o Google, que é uma ferramenta de pesquisa muito importante para
os internautas em todas as áreas, a diáspora africana pela sua importância para
a nossa sociedade brasileira, mestiça, cabocla, ameríndia e branca, talvez seja
uma das temáticas mais buscadas na internet, pois, que o sangue do
escravo africano, construtor desta nação, pulsa em todas as veias com maior
intensidade.
É sabido, que em um país como o Brasil, o
antagonismo entre classes sociais sempre existiu e sempre existirá, e
será sempre o combustível, de uma luta perene de prevalência de direitos
de uns sobre os outros, haverá sempre uma luta, nem sempre velada, estaremos
sempre lutando contra mandingas, olho grande, magias de toda natureza, para
derrubar alguém de um posto ocupado, que muitas das vezes, fere interesses de
muitos, e que na maioria das vezes, as armas que se pode lançar mão, por
muitos, em primeiro lugar estão às intrigas, que muitas das vezes, funcionam
até com mais rapidez do que os trabalhos afro-espirituais, os chamados feitiços
e contra feitiços, haverá sempre alguém, querendo a mulher de alguém, ou o
homem e vice versa.
No campo social, haverá sempre uma
multidão lutando contra um vizinho invejoso, contra as drogas, caminho este,
muitas das vezes buscado por filhos e outros parentes, em decorrência de
fraquezas espirituais, haverá sempre alguém buscando um filtro de amor, para
ter alguém querido no seu leito, haverá sempre alguém buscando uma limpeza
espiritual, para buscar um emprego, ou uma melhoria de cargo no emprego que já
possui, visto que, já é do ser humano, nunca estar satisfeito com o que tem,
esta luta, pelo querer mais é perene (eterna).
A nossa abordagem sobre este tema, é para
tornar público até que ponto, a prepotência das pessoas pode chegar. De que
forma? Como asseveramos supra, a internet está cheia de “sabichões”, em todos
os campos sejam eles sociais, científicos e como não poderia deixar de ser, no
campo religioso. O qual é o objeto deste artigo.
Senão vejamos, no nosso dia a dia, intramuros,
das nossas casas de santo, terreiros, abassás, querebetans, entre outras
denominações, recebemos uma multidão de pessoas, que nos procuram na busca de
soluções para os mais variados problemas, sejam de ordem material, amorosa,
familiar, de saúde e principalmente espiritual. No afã de encontrar um caminho
uma solução, pouco importando, se, são merecedores ou não, pois acham que as
benesses espirituais, também, são accessíveis de incorporá-las a sua área de
propriedade, bastando para isso, ter dinheiro. Aquele velho adágio! “Se tenho dinheiro, tudo posso”.
E o que muitos, até mesmos os prestadores
de serviços espirituais, ainda não se deram conta, por que, uma grande leva desses
prestadores, o que é lastimável, para o nosso segmento espiritual, visam, acima
de tudo, o ganho fácil, pouco importando, o compromisso imparcial, que se deve
ter para com os orixás, nkisses, voduns, exus, caboclos, pretos velhos e
encantados, porém, para nossa felicidade, esses negociadores espirituais, estão
em menor número, e esta prática somada, a “esperteza” de outros sabichões do candomblé, os
chamados “clientes”, para eles, claro! Os negociadores da fé. Não para nós, os
verdadeiros compromissados com os verdadeiros postulados afro-espirituais, que
olhamos esta questão sob a ótica do merecimento e da missão que temos por
herança divina, de ajudar a todos indistintamente, porém, sabendo, que muitos
“destes todos”, têm suas reticências.
Procuramos olhar com os olhos de ver, nos
atendimentos realizados, o verdadeiro perfil de cada um que nos procura;
Pois, “tão espertos que acham que são”,
que já trazem para a consulta, suas anotações ou “decoreba”, sobre quem são os seus
orixás, nkisses, voduns, exus, pretos velhos caboclos ou encantados, visto que,
adredemente (anteriormente), já foram consultar o “pai dos burros”, o Google, para
saber aquilo, que é publicado, sempre de forma incorreta, vaga, mentirosa,
capciosa, (com raras exceções, para não sermos injustos). E que esses
consulentes, terminam se identificando com muitas dessas teorias afro
publicadas na internet, então ele pensa: “Já irei fazer a consulta, somente para
confirmar o que já sei, se o Pai de Santo (Babalorixá) vier com algo diverso do
que aprendi na internet, vou chamá-lo de mentiroso, ou nunca mais voltarei a
casa dele”.
Caríssimos leitores internautas, o que
esses sabichões, não sabem, é que a cultura afro, envolve, duas facetas, uma
das quais se pode falar e mostrar, e outra, que é e deve permanecer envolta sob
o manto do mistério.
Nada no campo afro é igual para todo
mundo, cada um possui um conjunto espiritual que precisa ser sopesado, e
avaliado, segundo a analise do perfil espiritual de cada uma dessas pessoas.
Da mesma forma, que os “jogos de Ifá”, não
são iguais, possuem apenas algumas regras de caráter geral, todavia, cada
“olhador de búzios” (Babalorixá), tem seu próprio “modus operandi” (modo de
operar), as forças responsáveis para nos mostrar os caminhos e descaminhos dos
consulentes, cada um imprime suas marcas indeléveis (marcantes) pessoais, todos
os chamados “carregos espirituais”, que é o conjunto de entidades que
possuímos, e com as quais estabelecemos regras válidas para os nossos jogos de
Ifá. Porém, é bom não esquecer, que existe um diferencial, do qual nós
operadores do culto afro não podemos esquecer, que é a intensidade mediúnica
que cada um tem, que nunca é igual para todo espiritualista.
E essa diferença irá repercutir, nos tipos
de magias, feitiços, contra feitiços, sacramento de orixás nos seus neófitos
(iniciados), limpezas espirituais, firmesas de caminhos, e tantas e tantas
outras benesses, que podemos conseguir para essas pessoas, menos para os
“sabichões do Candomblé”.
Contextualização de João Batista de Ayrá,
babalorixá, advogado e jornalista, editor deste Blog.