quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
A MODA DO LAGUIDIBÁ
Na complexa e sofisticada tradição jeje-iorubana, o
lágídígba (em português, laguidibá) é um fio preto de rodelas de chifre de
búfalo, usado, tradicional e ritualisticamente, em torno de cinturas femininas.
Ligado ao culto de divindades da terra, como Nanã, Omolu e
Oxumarê, é peça de alto fundamento, podendo ser usada como colar, mas não
aleatoriamente.
As divindades representadas no laguidibá são cultuadas de
modo muito particular, com muito mistério e respeito. Tanto que
"Omolu" é apenas o epíteto de um orixá ou vodum tão forte que seu
nome não pode sequer ser pronunciado.
E este papo todo vem a propósito da "moda do
laguidibá", que virou adorno obrigatório de pescoço de percussionista; e
de alguns músicos "de raiz". Raro hoje ver, no palco, um pandeirista,
um tantanzeiro, um repiquista-de-mão, ou mesmo um violonista, que não se
apresente com um laguidibá no pescoço.
Foi aí que, naquela linha do "quem não pode com
mandinga, não carrega patuá", ocorreu ao Veterano aqui fazer um samba. Que
pode começar mais ou menos assim:
Obalibô, vocês sabem, é outro cognome da grande divindade
conhecida como Omolu e que, em Cuba, inspirou a rumba famosa: "Babalu!
Babalu-aiê!"...
Nei Lopes