quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A INFLUÊNCIA DO NEGRO NA CULTURA SERGIPANA
Severo D'acelino

  • QUEM SOMO? DE ONDE VIEMOS? PARA ONDE VAMOS?
                
                                                                                                                     
                O Negro sergipano, aculturado, distribalizado, sem identidade e referências, ainda hoje sofre para construir sua formação intelectual, sua formação cultural e sua Identidade Racial, e como sobrevivente do holocausto, viver  a deriva, por conta da herança das estruturas sociais impostas pela Igreja e pela Corôa Portuguesa, aqui em Sergipe. 
         No período da escravidão, não foi-nos dado oportunidades de freqüentar as escolas, a nossa cultura não faz parte dos currículos escolares, os nossos valores continuam estigmatizados, considerados, baixos inferiores, os nossos heróis desmoralizados, nosso arquivo humanos,  ocultos e ignorados, excluídos do espaço político e cultural. 
         Na ação do tráfico, diversas etnias foram introduzidas em Sergipe e separadas para atender a estratégia do dominador que tinha por meta a suspensão da identidade histórica e cultural,  tendo a comunicação a sua maior expressão. Com a perda da língua perdeu-se parte da identidade. Aglomerados, todos foram forçados a falar a língua do dominador e logo os que não morriam de Banzo, eram atingidos pela regressão cultural e nisso a Igreja foi competente. Com a exclusão da língua e da religião os negros escravizados, foram forçados a se adaptar a cultura hostil, perdendo seus valores ancestrais e culturais. 
         Diversos autores ensaiaram classificações dos diversos grupos tribais, introduzidos com a escravidão, no esforço de determinar as etnias, outros grupos culturais, reduzindo a Bantus e sudaneses, neste sentido a procedência dos negros escravizados em Sergipe, tem sido motivo de divergências   e controvérsias. Uns são partidários da predominância SUDANEZA, outros o BANTUS, dentre estes se nos apresenta a procedência: Congo-Angola; Angola; Congo; Benguela; Costa do Ouro; Minas; Golfo de Benin; Gêge; Benguela.
         Todo fluxo de negros escravizados, era introduzido pelo porto da Bahia e Pernambuco, e pela lógica, os grupos étnicos dessas duas áreas estão presente no conjunto étnico de Sergipe,  provindo dos mais variados rincões africano, depositados em currais portuários. Vale ressaltar aqui a presença do grupo Sudanês: Haussas, tapas, Mandingas,  Fulás, Nagôs, Minas e Gêges. Os Bantus também predominam. 
         As técnicas separatistas utilizadas pela Igreja e pelos portugueses, para separar os negros, afim de melhor manipular, o grupo, foram diversas e conseguiu a indução do mentalidade escrava, moldando uma ação de antipatia entre os negros escravizados, chegando até os nossos dias. A primeira ação, foi a separação dos iguais: tribos e membros familiares, reparados para os leilões e mercados de escravos.  Depois foi a indução de privilégios das classificações: Negros da Casa Grande e Negros dos Canaviais, Negros Ladinos Boçais, etc; logo após as tipificações de: Ingênuos, Libertos, Cativos, seguindo: Crioulos (os nascidos no Brasil), Mulatos, Pardos, Pretos, Mestiços, Fulos, Curiboças, Mozambos, muito preto, pardo disfarçado, branco misturado, trigueiro, um tanto trigueiro, pardo trigueiro, pardo mais trigueiro, raça misturada, raça combinada, diversas misturas de gente, pessoas de muitas variedades
         Esse processo perdurou e até hoje há intensa dissidência entre os pardos e mulatos contra o preto, aqueles buscam aproximação com o grupo branco, discriminando o preto para os quais só este é negro.  Nisso a Igreja e os portugueses foram competentes, a indução do acirramento intra-racial em apologia da ideologia do branqueamento no dispersamento da unidade racial e banimento da identidade cultural, pelo que se reflete no conteúdo do distribalismo e todos os empenhos colonial para dividir os negros escravizados e esmagamento de sua identidade cultural, conseguiram através das tipificações, classificação e a falsa mobilização onde privilegiava a cor da pele as melhores funções no espaço inferior de poder, concluindo com o maquiamento dos negros que conseguiram se destacar sendo branqueados pelo poder e pela história, para elevar o signo da elite branca, competente em cooptar valores, para fortalecer seu grupo dominante. 
         Hoje a população negra de Sergipe se nos apresenta, em suas mais variadas localizações territorial, conforme o Quadro Demonstrativo, com referendo dos dados IBGE-1980, atualizado somente o percentual das populações absoluta, visto os complicadores gerados pela instituição para dificultar os parâmetros de formulação de Políticas Públicas para a comunidade negra.  Hoje o IBGE trabalha com metodologia diferenciada, para não registrar a população negra por  município, generaliza por Estado, com os indicadores: Branco, Preto, Amarelo, Parda e Indígena.  Ressalta-se que o parâmetro racial que o Brasil a nível de Nação, assinou quando aderiu as Nações Unidas, assim se tipifica: Negra, Branca e Amarela, no entanto para confundir a identidade da população negra, registra mais de 185 (cento e oitenta e cinco) tipos para definir o negro.  O IBGE em 1987, apresentou no PNAD, para Sergipe uma população de 1.351,210 habitantes, 414.035 Brancos e 937.139 Negros (aqui definido como Pretos e Pardos).  Os dados de 1996 apresenta o quadro de Sergipe em: População Absoluta 1.624.175. Os dados deste Quadro, tem como parâmetro os indicadores de 1980, mesmo apresentando o Censo  atualizado dos municípios, incluindo Santana do São Francisco.