quarta-feira, 30 de setembro de 2020
MÃE MUNDICA TAINHA.
Foi a mais comentada Mãe de santo em São Luís do Maranhão nas décadas de 50 e 60 respectivamente.
Ainda jovem teve o pseudônimo de Mundica Barba de Onça, isso porque ela tinha um pouco de pelo no rosto, já o outro apelido se deu, por conta que ela ia com frequência ao Iguaiba em busca do peixe de sua preferência que era Tainha, por esse fato os pescadores do lugar a apelidaram de Mundica Tainha, e assim ela ficou conhecida.
Segundo o Talabyan Lissanon (Pai Euclides), Mãe Mundica (Jorosanjy) foi iniciada no Tambor de Mina da nação Cabinda pela mãe de santo Raimunda Porca, lider do extinto terreiro Sibugo Quisanga, na capital maranhense por volta de 1915.
Em 1944, na época que Pai Euclides virou no santo, Tainha abriu seu próprio terreiro na rua São Jorge no bairro do anil, com o nome de Terreiro da Boa Trindade. Anos depois o transferiu para o lugarejo denominado "escondido" também no Anil e finalmente transferiu-se pela terceira vez para a Rua dos Índios, ainda no bairro do Anil.
Contava Pai Euclides que Mãe Mundica, a partir da década de 1950, passou a residir na cidade do Rio de Janeiro vindo a São Luís duas vezes por ano para realizar duas de suas maiores festas, a do Divino Espírito Santo e a do Seu Itapinaguara, um dos seus encantados. Nessas idas e vindas Mundica terminou falecendo no Rio de Janeiro, no dia 03 de junho de 1981, devo dizer que antes ela pediu para suas filhas sepulta-la mesmo na capital fluminense. E assim foi feito seu desejo. Só que seu rito fúnebre (tambor de choro) foi feito aqui no seu terreiro oficiado por Pai Euclides, isso porque a 21 anos antes ela havia lhe feito esse pedido lhe dizendo que somente ele saberia e podia mexer em seus pertences espirituais. Dizem que ela era tão poderosa e rica que foram "despachados" 13 cofos de seus pertences, coisas que nenhuma de suas filhas quiseram ficar. Após tudo desfeito, algumas de suas filhas de santo migraram para a Casa Fanti-Ashanti, por orientação da própria Mundica.
Tainha tinha como patrono Toi Obajorosan Toavê e se manifestava com o encantado José Raimundo Camaroeiro, que não tem nada a ver com o Zé Raimundo da família de Légua.
A fama e fortuna de Mundica Tainha se consolidou no Rio de Janeiro onde em 1954 ela foi acusada juntamente com a Mãe de Santo, a terecozeira Maria Piauí (a primeira a separar a Mina Cabinda do Terecô de Codó, pois ela era irmã de santo de Mundica nessa nação) de matar Getúlio Vargas de feitiço, o induzindo ao suicídio.
Ainda em 1955, Mundica Tainha desmente boatos de sua prisão por Pajelança e se afirma "mineira" - Jornal de São Luis; publicação de livro de lider espirita sobre espiritismo e 'mediunismo' no Maranhão dá notícia de 50 terreiros em São Luís, fala também de Umbanda e Quimbanda na capital maranhense (Waldemiro Reis).
Mundica Tainha fez história!