quinta-feira, 23 de agosto de 2012


Domínios de Xangô
24.02.12

O maior domínio de Xangô é o poder. Portanto, tudo o que simboliza poder, está relacionado a esse Orixá, a começar pelo fogo, capaz de devastar tudo, arrasar completamente qualquer coisa. Xangô transforma o fogo que destrói, em Iná, o fogo que ilumina. Em outras palavras, pega o fogo em estado bruto, ou seja, da forma como ele se manifesta na natureza, nos raios, nas lavas, na colisão das pedras, e o domina, passando a usá-lo como forma de se proteger dos perigos da floresta, para cozinhar alimentos, para transformar metais. 
Xangô pega algo que conseguiria destruir qualquer ser humano e converte em seu benefício, propiciando o progresso e o bem – estar de todos. Vale lembrar que só depois do advento do fogo é que o homem pôde de fato, organizar-se em sociedade.
Outro atributo de Xangô: a Justiça. É a Ele que se deve recorrer para solucionar pendências judiciais. Ele protege juízes, promotores, advogados e todos os que se ocupam em fazer justiça. 
Na sua corte em Oyó, Xangô governava tendo ao seu lado 12 ministros, chamados de Obá, seis da direita – otun, com voz e voto, e seis da esquerda – osi, apenas com voz. Essa tradição é revivida no Axé Opó Afonjá, onde homens de destaque recebem esses títulos honoríficos e passam a gozar de grande prestígio na hierarquia do Terreiro, como é o caso de Dorival Caymmi, Jorge Amado, Vivaldo da Costa Lima, Pierre Verger, Carybé, Camafeu de Oxóssi, entre tantos outros; o corpo de Obá do Opô Afonjá foi instituído por Mãe Aninha em 1935.
Xangô é também o padroeiro dos governantes, políticos de pulso forte, amados e odiados na memória do povo. É Xangô também o primeiro a derrubar os corrompidos, os mentirosos, os que agem de má-fé, pois Xangô é inimigo da mentira e sabe castigar os que traem a sua confiança. As grandes formações rochosas estão relacionadas a Xangô. A pedra remete ao seu caráter firme, decidido, inquebrantável. Simboliza a dureza dos grandes reis, senhores absolutos, mas, como Xangô, incorruptíveis.

Fonte: Candomblé – A panela do segredo – Pai Cido de Osun Eyin