terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Iyalorixás promovem atos para combater à fome e à discriminação Rio
- Os Terreiros de Candomblé abriram as suas portas para a solidariedade na Baixada Fluminense. Uma iniciativa que se transformou em ações que buscam combater a fome, o abuso e a discriminação. Mazelas que incomodavam as Iyalorixás Beata, Meninazinha e Torody, expoentes do Candomblé na Baixada Fluminense.
Com população de 4 milhões de habitantes, a Baixada é uma das regiões mais carentes do Estado do Rio. A precariedade de recursos nos municípios despertou em Mãe Beata de Yemanjá, do Terreiro Ilê Omiojuarô, em Miguel Couto, Nova Iguaçu, a luta contra a desigualdade. “Sempre tive essa ideologia. Não admito que um irmão coma caviar e outro cate comida do lixo” disse Mãe Beata de Yemanjá. “Temos oficinas de ferreiro, samba de roda, informática e teatro. Queremos incentivar outros terreiros a seguirem esse exemplo.
A Iyalorixá acredita que o trabalho valoriza a própria Cultura Yorubá, que, segundo ela, não promove discriminação: “Nosso pai (Deus) não nos separa. Quem faz o apartheid somos nós.” Separação também não está no vocabulário de Maria do Nascimento (foto), de 73 anos. Conhecida como Mãe Meninazinha de Oxum, a Yalorixá do Terreiro Ilê Omolu e Oxum mora em São Matheus, em São João de Meriti, desde 1973. “Assim que chegamos aqui, costumávamos distribuir alimentos do Terreiro à comunidade” disse Mãe Meninazinha. Hoje, a casa de Mãe Meninazinha, que também é Ponto de Cultura, distribui cestas básicas e oferece cursos voltados à temática africana, além de oficinas de confecção de adereços e vestimentas para Orixás. A Iyalorixá se diverte com a movimentação na casa: “Eu fico feliz de ver esse movimento de pessoas que vêm aqui aprender.
Na mesma cidade, no bairro da Venda Velha, a tríade se completa com Olídia Maria da Conceição Lyra da Silva, de 52 anos, a Mãe Torody do Terreiro Ilê Axé Ala Koro Wo. Filha de líder sindical, Mãe Torody foi educada sob a filosofia de ajudar o próximo. “A Venda Velha é carimbada de vermelho. Invisto na cidade por meio de projetos sociais”, afirmou Mãe Torody. Segundo a Iyalorixá, cerca de 400 pessoas da comunidade são atendidas pelas atividades sociais na área de saúde, cultura, educação, geração de renda e meio ambiente.
Fonte: Globo