quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Desigualdade racial persiste no mercado de trabalho da RMS
João Pedro Pitombo, do A TARDE
Mesmo num cenário de crescimento econômico do País e recuperação gradual do poder de compra do trabalhador, a desigualdade racial no mercado de trabalho se manteve praticamente intacta nos últimos cinco anos na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Em 2004, um trabalhador negro tinha uma renda média que representava 48,6% da renda de um não-negro. Quatro anos depois, este índice oscilou positivamente para 49,2%. Enquanto um negro recebe R$ 4,75 por hora trabalhada, o não-negro ganha R$ 9,63. Os dados foram revelados pela pesquisa Os negros no mercado de trabalho, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais e Econômicos (Dieese), governo do Estado, Fundação Seade e Universidade Federal da Bahia, a partir dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).
Responsável por uma fatia de 85,4% da população economicamente ativa da RMS, num total de 1,5 milhão de pessoas, a população negra ainda possui os piores índices de emprego, condições de trabalho e nível de escolaridade. “Os resultados mostram que o mercado de trabalho continua muito marcado pelo racismo, com uma traço estrutural de diferença entre negros e brancos”, avalia um dos coordenadores da pesquisa, Luiz Chateaubriand.
O índice de desemprego reforça esta diferença. Apesar do crescimento geral do número de trabalhadores empregados, os negros ainda são a maioria fora do mercado de trabalho em números absolutos e relativos. Ao todo, eles são 332 mil de um total de 372 mil desempregados na RMS. O tempo gasto em busca de emprego também escancara a desigualdade: o negro leva até 70 semanas para encontrar um posto de trabalho, entre os não-negros, o tempo médio é de 64 semanas.
Quando as diferenças de gênero são levadas em conta, a desigualdade fica escancarada. Uma em cada quatro – 25,2% – das mulheres negras está desempregada. No caso dos homens brancos, o índice é bem mais baixo – está em torno de 12%. A boa notícia fica por conta da taxa de desemprego entre os homens negros, que recuou de 24,4% para 17,3%.
Melhoria - Apesar das diferenças permaneceram, a melhoria – mesmo que tímida – em alguns indicadores demonstra uma uma tendência de redução das desigualdades no mercado de trabalho. A melhoria salarial e a redução do nível de pobreza dos brasileiros, aliadas à adoção de políticas afirmativas, deverão ter um efeito no mercado de trabalho a médio e longo prazos.
O vendedor Luiz Cláudio Almeida, 26 anos, é um reflexo desta tendência. Há um ano, ele trabalhava como auxiliar de almoxarifado e recebia cerca de R$ 500. Hoje, num novo emprego, viu sua renda crescer para cerca de R$ 800. E não pensa em parar por aí: está cursando uma faculdade de recursos humanos, área em que pretende atuar no futuro.
Mesmo num cenário de crescimento econômico do País e recuperação gradual do poder de compra do trabalhador, a desigualdade racial no mercado de trabalho se manteve praticamente intacta nos últimos cinco anos na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Em 2004, um trabalhador negro tinha uma renda média que representava 48,6% da renda de um não-negro. Quatro anos depois, este índice oscilou positivamente para 49,2%. Enquanto um negro recebe R$ 4,75 por hora trabalhada, o não-negro ganha R$ 9,63. Os dados foram revelados pela pesquisa Os negros no mercado de trabalho, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais e Econômicos (Dieese), governo do Estado, Fundação Seade e Universidade Federal da Bahia, a partir dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).
Responsável por uma fatia de 85,4% da população economicamente ativa da RMS, num total de 1,5 milhão de pessoas, a população negra ainda possui os piores índices de emprego, condições de trabalho e nível de escolaridade. “Os resultados mostram que o mercado de trabalho continua muito marcado pelo racismo, com uma traço estrutural de diferença entre negros e brancos”, avalia um dos coordenadores da pesquisa, Luiz Chateaubriand.
O índice de desemprego reforça esta diferença. Apesar do crescimento geral do número de trabalhadores empregados, os negros ainda são a maioria fora do mercado de trabalho em números absolutos e relativos. Ao todo, eles são 332 mil de um total de 372 mil desempregados na RMS. O tempo gasto em busca de emprego também escancara a desigualdade: o negro leva até 70 semanas para encontrar um posto de trabalho, entre os não-negros, o tempo médio é de 64 semanas.
Quando as diferenças de gênero são levadas em conta, a desigualdade fica escancarada. Uma em cada quatro – 25,2% – das mulheres negras está desempregada. No caso dos homens brancos, o índice é bem mais baixo – está em torno de 12%. A boa notícia fica por conta da taxa de desemprego entre os homens negros, que recuou de 24,4% para 17,3%.
Melhoria - Apesar das diferenças permaneceram, a melhoria – mesmo que tímida – em alguns indicadores demonstra uma uma tendência de redução das desigualdades no mercado de trabalho. A melhoria salarial e a redução do nível de pobreza dos brasileiros, aliadas à adoção de políticas afirmativas, deverão ter um efeito no mercado de trabalho a médio e longo prazos.
O vendedor Luiz Cláudio Almeida, 26 anos, é um reflexo desta tendência. Há um ano, ele trabalhava como auxiliar de almoxarifado e recebia cerca de R$ 500. Hoje, num novo emprego, viu sua renda crescer para cerca de R$ 800. E não pensa em parar por aí: está cursando uma faculdade de recursos humanos, área em que pretende atuar no futuro.