terça-feira, 14 de junho de 2011

Pesquisa mapeia intolerância religiosa no Brasil



Maranhão, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro foram as cidades com o maior número de denúncias
14.06.11

Episódios criminosos de intolerância religiosa registrados nos últimos 10 anos foram sistematizados pelo Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil, lançado recentemente, na Bahia. O documento inédito sistematiza a nível nacional os casos de desrespeito à liberdade de culto cometidos contra religiosos de matriz africana, muçulmanos, judeus, católicos, entre outros grupos religiosos. “A intolerância religiosa é um atentado à democracia e fere gravemente a pluralidade que marca a civilização nacional. Neste sentido, é importante divulgar manifestações racistas a fim de que providências sejam tomadas efetivamente”, afirma o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Alexandro Reis.

A liberdade de culto é assegurada pela Constituição Brasileira, no entanto, segundo Marcio Alexandre Gualberto, autor do trabalho, é visível que exista uma vítima preferencial de intolerância religiosa em nosso país. “Essa vítima é o praticante das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, sendo, portanto, estes os mais frequentes e, quase sempre, os mais graves casos de extremismo religioso”, afirma.
De acordo com o autor, a proposta do mapa não é apenas apresentar denúncias, mas mostrar o quanto se tem avançado no combate à intolerância religiosa e a importância do esforço de organizações e de movimentos sociais e religiosos que se mobilizam, se articulam e pressionam o poder público para pôr um fim à intolerância religiosa, seja produzindo documentos, ou até mesmo chamando para o diálogo outras tradições religiosas para somar força.

O objetivo é fazer do mapa um projeto permanente que transforme a pesquisa em um site que receba denúncias de todo o país, que aponte os estados onde ocorrem mais casos e que encaminhe as denúncias aos órgãos respectivos de cada estado ou município para que possam dar solução às intolerâncias sofridas.

É sempre bom lembrar! – No ano 2000, em Salvador, um ato de intolerância religiosa ocasionou a morte da líder de Matriz Africana Mãe Gilda, que foi vítima de um enfarto após ver sua foto publicada em um jornal de grande circulação acompanhada de um texto depreciativo. O triste episódio marcou o dia 21 de janeiro como uma data importante para estimular a sociedade a dialogar sobre o assunto e construir mecanismos de reconhecimento e valorização para que essas religiões possam ser devidamente protegidas e respeitadas.

Fonte: Denise Porfírio