sábado, 12 de fevereiro de 2011
ESTÁ FALTANDO HOMEM: ATÉ TERREIRO DE CANDOMBLÉ É FECHADO POR TRAFICANTES E FAMÍLIAS SÃO EXPULSAS EM FAZENDA COUTOS
Quinze famílias ligadas ao terreiro de candomblé Ilê Axé Ilewaa, em Fazenda Coutos, foram obrigadas a abandonar suas casas e missão espiritual por conta das ameaças de possíveis traficantes. A mudança de emergência foi acompanhada por policiais do Departamento de Narcótico (Denarc) e militares da 19ª Companhia Independente de Polícia Militar (Paripe) na noite de segunda-feira. De acordo com informações de um dos moradores, que não quer ser identificado, a ordem era “saiam ou todos morrem”.
A morte do ogan Claudionor, há oito dias, foi a primeira investida dos traficantes, no entender do grupo atingido. Uma das mães-de-santo acredita que “quem fez o serviço queria derrubar a fortaleza da comunidade e enfraquecer a todos”.
“O terreiro está localizado numa área tranquila de refúgio e poderia servir como ponto estratégico de armazenagem das drogas ou mesmo ponto de venda, sem chamar muito a atenção,” deduz a mulher, que está vivendo à base de tranquilizantes, em casa de parentes e amigos. “Estamos em segurança e somente queremos que tudo se resolva para voltarmos para nossas casas e terreiro, que há mais de 30 anos serve àquela comunidade”, desabafa.
Os recados chegavam através de crianças, adolescentes e telefonemas anônimos. “Queremos do pai-de-santo ao ogan mais velho,” diziam em algumas das mensagens de ameaças.
As famílias atingidas não sabem quem seriam essas pessoas, mas o comandante da 19ª CIPM, major Couto, acredita serem elementos ligados ao tráfico na Fazenda Coutos e na comunidade de Bate Coração. “Estão brigando pela liderança no local”, argumenta. As investigações estão a cargo da Polícia Civil e a PM trabalha ostensivamente, realizando rondas e projetos que beneficiem os moradores do lugar”, como adianta o comandante da companhia.
Até o início da noite de ontem, nenhum suspeito havia sido preso. De acordo com o delegado Deraldo Damasceno, todas as investigações correram pela Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE). “Estamos torcendo para que prendam os culpados e possamos voltar para nosso bairro, nosso terreiro, nossa comunidade. Longe das drogas, ameaças e insegurança impostas por estas pessoas. Não sabemos quem são, mas temos certeza que já nos fazem muito mal”, afirmou a senhora. Quase 100 pessoas estão espalhadas em casas amigas, aguardando as investigações da polícia. No Denarc, no início da noite, ninguém foi encontrado para falar sobre o trabalho que começou a ser realizado na área de Fazenda Coutos.
Fonte: Tribuna da Bahia
Postado por Hélio de Aguiar às