quinta-feira, 14 de julho de 2016
OGUN
O SENHOR DA GUERRA
Em
séculos distantes os negros radicados no Brasil difundiram o culto ao Orixá
Ogum, concedendo a ele como principal característica a de SENHOR DA GUERRA,
deixando de lado a posição que ocupava na África de PROTETOR DOS AGRICULTORES.
O cativeiro motivou o sincretismo,
fenômeno pelo quais os Orixás Africanos ganharam correspondentes do
catolicismo. Esta prática singular acabou por confundir Ogum com Santo Antônio
em algumas regiões do Brasil. Em virtude da proibição de adorarem os deuses de
sua terra natal, os escravos utilizavam o expediente de colocar sobre o
assentamento do Orixá a que prestavam culto, a imagem do Santo Católico que, no
seu parecer apresentasse características semelhantes ao Orixá em questão, como
foi o caso de Ogum e São Jorge, os dois, poderosos guerreiros.
Nas casas de Candomblé encontramos,
ainda hoje, um culto a Ogum com puras características africanas sem influência
do catolicismo. E aí que conhecemos as várias “qualidades” desse Orixá: Ogunjá,
Ogum Mejê, Ogum Onirê, Ogum Akorô, Ogum Omini, Ogum Owari, entre outros. Seus
fios de conta são em geral feitos na cor Azul-Marinho e em casos especiais
Verde.
OGUM
NA ÁFRICA
DEUS
DO FERRO, dos FERREIROS dos AGRICULTORES, da GUERRA e dos CAMINHOS.
Filho de Oduduá, fundador da cidade de
IFÉ, conquistou a cidade de IRÊ, usando, por isso, o título de ONIRÊ (Rei do
Irê) .
Ogum come cabritos, galos, feijão fradinho regado com azeite de
dendê, inhame da costa, etc...
Sua bebida predileta é o EMU ( Vinho de Palma ).
Na cidade de IRÊ,diz-se que Ogum
divide-se em sete partes ou sete qualidades
e por isto o número SETE está diretamente associado a ele; Contam que
num combate com OYÁ (YANSÃ), Ogum teria sido dividido em sete partes e, desta
forma, passou a ser chamado de Ogum MEJE (Ogum transformado em sete).
Sua representação simbólica consiste numa
hasta de ferro, contendo instrumentos, também de ferro, em número de sete,
quatorze ou vinte e um.
As franjas das folhas mais novas do
dendezeiro, chamadas MARIWO, também representam este poderoso Orixá e
penduradas em portas e janelas, servem de proteção contra influências
negativas.
Seu caráter aterrador e
violento é demonstrado em
seu ORIKI:
§
Ogum
que, tendo água em casa, lava-se com sangue.
§
Os
prazeres de Ogum são os combates e as lutas.
§
Ogum,
o violento guerreiro, o homem louco com músculos de aço.
§
O
terrível EBORA que se morde a si próprio sem piedade.
§
Ogum
que come vermes sem vomitar.
§
Ogum
que corta um em pedaços mais ou menos grandes.
§
Ogum
que usa um chapéu coberto de sangue.
§
Ogum,
tu és o medo na floresta e o terror dos caçadores.
§
Ele
mata o marido no fogo e a mulher no braseiro.
§
Ele
mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada.
§
Ele
mata o proprietário da coisa roubada e aquele que o critica por esta ação.
§
Ele
mata aquele que vende um saco de palha e aquele que compra o saco.
Na região denominada AHORI (no lado
nigeriano) e HORI (no lado
Dahomeano), realizavam-se sempre, no
quarto dia da semana Ioruba (dia dedicado a Ogum), cerimônias dignas de serem
mencionadas. Nessas paragens existem alguns dos mais importantes templos de
Ogum, dentre os quais destacamos: OGUM IGIRI em ADJA WERE; OGUM EDEIJI em ILODÔ; OGUM ONDÓ em POBÊ, em IGBO-ISSO e também em
IROKONYI; OGUM IGBOIGBO em
IXEDÊ; OGUM ELÉJO em IBANION e em MODOGAM,
OGUM AGBO em IXAPO; OGUM OLOPE em
IXEDÉ IJÉ.
No Daomé, Ogum é conhecido pelos FON
como GUN, representando o mesmo papel dos cultos IORUBÁS, mas é totalmente
desconhecido em ABOMEY, onde GUN é considerado filho de LISA e MAWU, versões
FON de ORISAALÁ e YEMOWÔ. Segundo indicação de MERLO, “todos os templos tem seu
GUN, cuja virtude é fortificar o VODUN”.
Ogum teve várias esposas dentre as
quais destacamos OYÁ e manteve relações com OXUM, como OBÁ e com
ELÉFUNLÓSULÓRI, mulher de ORIXÁ OKO.
(Obra
consultada: Os Orixás – Fatumbi Verger Pierre)