MPF quer religiões
afro-brasileiras no Centro ecumênico da Vila Olímpica
Para procuradores, representatividade de cultos
afro não pode ser ignorada.
Centro religioso contempla cristãos, judeus, muçulmanos, hindus e budistas.
Do G1 Rio
08/07/2016 17h09 - Atualizado em 08/07/2016 19h20
A
Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) recomendou ao Comitê
Organizador da Rio 2016 que as religiões afro-brasileiras sejam contempladas no
centro inter-religioso ecumênico da Vila Olímpica.
A
representação, assinada pelos procuradores Ana Padilha de Oliveira e Renato
Souza Machado, foi elaborada após a divulgação de que apenas cinco religiões -
cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo - estarão representadas
na Vila Olímpica.
Para o
Ministério Público, o critério demográfico adotado pelo Comitê Organizador é
razoável, mas ignora o peso de outras religiões na cidade e no país que sediará
os Jogos. De acordo com o IBGE, as religiões afro-brasileiras possuem cerca de
148 mil adeptos no estado do Rio, ou cerca de 0;9% da população estadual, de
mais de 16,6 milhões de pessoas.
Na
recomendação, datada da última quarta-feira (6) e encaminhada ao presidente do
Comitê Organizador, Carlos Arthur Nuzman, os procuradores pedem que o MPF seja
informado em até cinco dias úteis acerca das providências adotadas.
Sem restrição,
diz Rio 2016
Diretor executivo de comunicação e engajamento da Rio 2016, Mario Andrada e
Silva explicou que não há restrição a qualquer credo religioso no centro
ecumênico.
Segundo
ele, sacerdotes de qualquer religião terão acesso ao local, caso seja a vontade
de algum atleta.
Andrada
esclarece que a menção às cinco religiões vem do fato de que foram estas as
mais solicitadas nas últimas edições dos Jogos, levando o comitê Rio 2016 a
inclui-las numa espécie de pré-seleção, sem no entanto excluir os demais
cultos.
"Basta
que um só atleta peça para realizar um culto de sua religião e o pedido será
atendido. Infelizmente o MPF fez essa recomendação com base em informações
falsas", afirmou o dirigente.
Comentário do Blog:
De tudo que foi publicado, esta informação sobre
este fato talvez seja a mais importante, até por que, é a manifestação do
Ministério Público Federal, que solicitou informações ao Comitê Organizador do
Culto Ecumênico, sobre a não inclusão dos Cultos Afro no referido culto, visto
que a repercussão foi imediata, pois trata-se de uma grande discriminação religiosa
com as religiões de matrizes africanas(Candomblé, Umbanda) e até a Espírita.
Em resposta ao MPF conforme supra se lê a
resposta do Comitê Organizador:
"Basta que um só atleta peça para realizar um culto de sua religião
e o pedido será atendido. Infelizmente o MPF fez essa recomendação com base em
informações falsas", afirmou o dirigente.
Com a máxima vênia, ousamos discordar da
organização do Comitê, quando diz que basta um só atleta peça para
realizar um culto de sua religião e o pedido será atendido.......
Dizendo ainda: ........ Que infelizmente o
MPF fez essa recomendação com base em informações falsas".
Caros
internautas, com esta resposta, nós verificamos com toda certeza, que o Comitê
saiu para a tangente, furtando-se em dar a verdadeira explicação, pois a
sustentação na qual o mesmo se baseou para impedir a inclusão dos cultos de
matriz africana, não tem qualquer base legal, ou seja, de que teriam
feito um levantamento junto aos atletas participantes das olimpíadas, sobre
quais os seus credos, e não tendo se verificado que qualquer um deles tenha se
declarado ser adepto do culto afro. Não sendo este um motivo para se negar a
inclusão dos cultos afro no culto ecumênico.
Por várias razões, é
sabido que vivemos em um país Laico, ou seja, que não tem uma religião oficial,
podendo qualquer cidadão cultuar aquela que se lhe aprouver, tendo respaldo no
artigo 5º da Constituição Federal, e ademais, é a religião de matrizes
africanas, a terceira maior cultuada no Brasil, isto sem levar em conta, que em
virtude de discriminação encetada contra os cultos afro, principalmente por
parte dos evangélicos, que não obstantes inúmeros processos na justiça insistem
em alcunhar a religião afro de “culto aos demônios”, para com isso encherem as
suas igrejas.
Todos nós sabemos que
vivemos uma verdadeira guerra santa, ou seja, várias religiões querendo se sobrepor
sobre outras, tidas como minorias, o que é vedado (proibido) por lei. A realidade
é que durante os jogos ou, antes do início dos mesmos, jamais teremos um atleta
fazendo o tal pedido aludido pelo Comitê, de inclusão de um sacerdote do culto
afro. Sabem por que senhores? Por que, no que diz respeito à delegação
brasileira, isto jamais acontecerá, posto que sabedor da discriminação imposta
a sua religião aqui no Brasil, ele (atleta) jamais fará tal pedido, até por
medo de sofrer represálias, dos seus dirigentes ou de outras autoridades
participantes do evento, que porventura professem outros credos.
Pois no nosso dia a dia religioso,
nos deparamos com adeptos da umbanda do candomblé ou do espiritismo, que quando indagados
qual o seu credo, por medo de serem discriminados e serem prejudicados, em
algum tipo de pleito que por acaso estejam fazendo, confessarem que são católicos.
E no caso em tela, este medo perdura.
A saída será “erga ommes”,
ou seja, sobre todos. Que seja tomada uma decisão por parte do MPF, neste
sentido, posto que, temos que olhar para a olimpíada como num todo, ou seja,
atletas, plateias presentes nos locais aonde irão se realizar as mais variadas modalidade
de esportes, e a nação brasileira, que do Oiapoque ao Chuí, estará voltada para
o desenrolar dos jogos, independente do credo dos seus cidadãos.
Pois cada capelão,
pastor, sacerdote afro, entre outros, ao realizar seus “sacrum oficium”
(sacro ofício), o estará realizando não somente para os atletas, mas para todo
o Brasil.
Desta forma, esta é uma
grande oportunidade que as autoridades através do MPF, que tem função de “custus
legis (fiscal da lei), de requerer junto ao Judiciário o respeito à religião
de cada brasileiro, pois é o MPF ou o MPE, o defensor da sociedade e somente a
esta, deve obrigação, e em prol dela dever labutar, mormente quando o direito
da sociedade se encontra garantido na nossa Carta Magna de 1988.
Finalmente, uma pergunta,
que não quer calar, onde estão às instituições de defesa do culto afro, as federações,
confederações, que ainda não entraram com um pedido liminar? Pois é cabível! Por
estas e outras razões legais.
Comentários e sugestões do responsável por este Blog Dr. João Batista
de Ayrá, advogado, jornalista, Babalorixá praticante, e pesquisador do culto
afro.
Tel. (21) 99136-4780, E-Mail: drjbayra@hotmail.com