quinta-feira, 24 de maio de 2012

24.05.12
Babalorixá Valdemiro BaianoFalecido aos 79 anos, homem negro, alto, rápido e imponente
Valdemiro Costa Pinto - 13 de dezembro de 1928 - 21 de fevereiro de 2007

Conhecido como Valdomiro de Xangô ou simplesmente Baiano, apelido que ganhou no Rio de Janeiro em razão da sua origem baiana. Valdemiro foi iniciado pelo Babalorixá Cristóvão de Ogun, filho de santo de Dona Maria da Paixão, também conhecida por Maria de Olorokê. Dona Maria e seu marido, Tio Firmo ou Babá Erufá, ambos ex-escravos, foram os fundadores do Axé Olorokê, tradicional terreiro da nação Efan em Salvador, Bahia. Na década de 1970 passou a fazer parte da nação Ketu ao tomar suas obrigações com Mãe Menininha do Gantois. Tornou-se um dos principais difusores do candomblé da Nação Ketu, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, a partir da década de 1980. Era filho de Xangô e Ogum. Pai Valdemiro foi iniciado aos 15 anos de idade, e teve filhos de santo espalhados em vários estados do Brasil, como Ceará, Paraná, Bahia, São Paulo e no Rio de Janeiro, assim, viveu constantemente em viagens dando assistência aos diversos filhos.

Em sua vida, Pai Valdemiro fundou três Casas de Axé: a primeira na cidade Rio de Janeiro, a segunda na Chacrinha em Caxias, e a atual, no Parque Fluminense também em Caxias, já na década de 1940, o Ilê Babá Ogún Megégé Axé Barú Lepé (casa de candomblé de Xangô), conhecida também por terreiro de Santo Antonio dos Pobres ou mais popularmente entre os adeptos da religião como o terreiro do Parque Fluminense, todas no Estado do Rio de Janeiro. Afirmava que quem deu início ao candomblé na Baixada foi Pai Joãozinho da Goméia e que em seguida veio seu Pai de Santo Cristóvão Lopes dos Anjos. Atualmente, o terreiro encontra-se em processo de tombamento como patrimônio histórico pelo Ministério da Cultura.

Valdemiro Baiano não tinha ideais políticos, mas possuía uma visão crítica dos problemas do candomblé. Em entrevista afirmou: “O que eu acho muito no candomblé é a desunião, um só quer derrubar o outro. Um quer sempre mais do que outro, o candomblé é muito desunido. O protestantismo é mais unido, o candomblé mede força”. Ressaltou que essa desunião é hereditária no candomblé, vem da África. ”Já as nações mediam forças entre si e isso é próprio do candomblé, nós podemos melhorar, mas não tem como acabar com isso”.
Em sua época, rezava a tradição no Brasil que a condição de Sacerdotes do Candomblé era exclusivamente feminina. Ao tornar-se “Pai de Santo” enfrentou fortes manifestações de preconceito e discriminação. Com o tempo passou a ser referência no grupo de lideranças religiosas dos cultos afro-brasileiros.
Tornou-se muito conhecido e influente nas comunidades de terreiros. Conviveu com outros nomes importantes do Candomblé, como: Joãozinho da Goméia, Bobó de Yansan, Diniz de Oxun, entre outros.
Indiscutível! Pai Valdemiro de Xangô deixou grande e expressiva contribuição para a resistência e enfrentamento à perseguição do legado cultural e religioso africano no Brasil: o ‘saber’ do misterioso culto dos Orixás.

Após o falecimento de Valdomiro de Xangô, seu filho Sandro de Oxoguian foi empossado como sucessor.

Pesquisa realizada pelo Jornal A Gaxéta