terça-feira, 17 de julho de 2012


SEGUNDA-FEIRA, 16 DE JULHO DE 2012


Collor é acusado de praticar magia negra. Mas magia cristã, ele pode?


Rosane, ex-Collor
 Rosane misturou seu ressentimento de
ex-mulher com o seu ranço evangélico 
O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, como se sabe, faz parte do lixo da história, mas qual é o problema de ele ter realizado em sua casa, em Brasília, sessões de magia negra, conforme denuncia a sua ex-mulher Rosane(foto)?

Houve sacrifico humano nessas sessões? Não. Então por que a implicância? Não ocorreu  nenhuma transgressão à lei, e a Constituição garante o direito à crendice. Cada cidadão pode ser devoto da divindade que quiser e realizar culto, principalmente dentro de sua casa. Existe liberdade de culto. De qualquer culto.

Magia negra se equipara às crenças religiosas, como o cristianismo. Se na casa de Collor tivesse havido a celebração de missa ou de culto, Rosane, que se tornou evangélica, não veria nada de mais.

A acusação de Rosane, nesse caso, reflete o seu (e de parte da população brasileira) preconceito contra credos considerados exóticos. Mas todos os credos podem ser considerados estranhos, dependendo do ponto de vista de quem observa. Um não católico pode achar bizarro o ritual de se beber o sangue de Cristo durante a celebração de uma missa. Isso pode ser chamado de magia católica.

Em entrevista ao Fantástico de ontem, Rosane misturou seu ressentimento de ex-mulher com o seu ranço evangélico. Falou em “maldição do Collor”.

“Pessoas que tentaram prejudicá-lo morreram de forma estranha”, disse a ex-primeira dama, referindo-se à morte do PC Farias, tesoureiro da campanha eleitoral de Collor.

Se isso não for crendice — e tudo levar a crer que seja, levando em conta os dotes espirituais de Rosane —, trata-se de uma insinuação de que Collor tenha mandado queimar o arquivo vivo que PC Farias era. Se Rosane sabe alguma coisa nesse sentido, ela deveria ir logo ao ponto.

“O Fernando ficava durante três dias isolado no porão, dormindo em esteira, com roupa branca. Ele acreditava que assim o mal que faziam contra ele, voltaria!”, disse. Se fosse sessão evangélica de exorcismo, podia?

Não há nada de errado alguém promover em sua casa sessão de magia negra ou de magia católica ou ainda evangélica, seja lá do que for.

O que é discutível é a celebração de cultos por parlamentares da bancada evangélica em dependências da Câmara dos Deputados — o país é (ou deveria ser) laico, é sempre bom lembrar. Mas isso ninguém discute. 


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