HOMENAGENS AO SANTO E AO ORIXÁ GUERREIRO OGUM
Neste dia 23 de abril todos os sinos das igrejas de São Jorge badalam a partir da meia noite, anunciando o inicio das grandes louvações a este grande santo guerreiro, cuja fé extrapola as fronteiras da maioria dos países do mundo. No Rio de Janeiro, as louvações a santo já são tradicionais, começando pelas missas realizadas na catedral da Praça da República, na Igreja de Quintino na zona norte do Rio, na Igreja de São Jorge em Duque de Caxias, a meia noite é recebido com salva de fogos, nas casas dos fiéis, nos terreiros de umbanda e candomblé, a meia noite se despacha Exu, os fiéis mais fervorosos, vão a uma encruzilhada e tomam um banho com as ervas de Ogum, os terreiros de Umbanda e Omolokô rufam seus tambores em louvação ao Santo e ao Orixá.
Na maioria dos jornais, nos deparamos com depoimentos de fiéis que emocionados, que relatam as graças alcançadas junto ao Santo, em uma demonstração de uma fé inabalável, as multidões nas igrejas, nas missas, nos barracões de umbanda e candomblé, falam por si mesmas, o quanto o santo guerreiro é adorado, amado e idolatrado, por milhões de brasileiros, é um culto que permanece inalterado, e acima de tudo, passando por um processo de crescimento, pois cada descendente de um fiel de São Jorge/Ogun, com certeza seguirá a fé dos seus pais.
Hoje dentro das grandes rodas de discussões sobre a religião afro, o tema sincretismo é muito discutido, pois algumas correntes doutrinárias, buscam um retorno a uma pureza nagô, nos moldes antigos, enquanto outras, na quais em me incluo, defendem a tese de que, o dia em que houver um descruzamento do nagoísmo do sincretismo com os santos da igreja católica, as casas de candomblé, se não fecharem as suas portas, poderão passar por um processo de isolamento jamais visto, pois o tal sincretismo tão atacado, embora tenha lá suas negatividades, reconheço, pois, que sob o ponto de vista cultural, o sincretismo é um entrave para um melhor desenvolvimento da cultura afro, porém, temos que admitir,que é devido a este sincretismo que as casas de santo são procuradas, sejam elas de umbanda, de omolokô ou candomblé. Eu pergunto, quais as casas de santo que não têm seus louvores aos caboclos, aos pretos velhos, aos Exus Eguns? Que na realidade são entidades sincréticas, que são responsáveis pelo ativamento diário do axé de qualquer casa de santo, seja de umbanda ou candomblé, são os grandes trabalhadores, que sob o comando das divindades, os Orixás, Voduns, e Nkisses, se colocam a nossa disposição (da humanidade) para fazer o bem e distribuir o amor e a concórdia, tão raros nos dias atuais.
Louvemos São Jorge, louvemos Ogum, pois, somente o bem nos fará, sejamos umbandistas, candomblecistas, ou simplesmente católicos, pois, quer queiram ou não, existe e existirá sempre este entrelaçamento entre as nossas religiões.
Oração de São Jorge
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
Oríkì fún Ògún
Ògún laka aye
Osinmole
Olomi nile fi eje we
Olaso ni le
Fi imo bora
La ka aye
Ma je ki nri ija re
Iba Ògún
Iba re Olomi ni le fi eje we
Feje we. Eje ta sile. Ki ilero
Ase
(Tradução)Oríkì para Ògún
Ògún poderoso do mundo
O próximo a Deus
Aquele que tem água em casa, mas prefere banho com sangue
Aquele que tem roupa em casa
Mas prefere se cobrir de màrìwò
Poderoso do mundo
Eu o saúdo
Que eu não depare com sua ira
Eu saúdo Ògún
Eu o saúdo, aquele que tem água em casa, mas prefere banho de sangue
Que o sangue caia no chão para que haja paz e tranqüilidade
Axé
OGUM
É o Orixá Senhor das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, briga, batalha. É a divindade da metalurgia, do ferro, aço e outros metais fortes. Ogun é a força incontrolável e dominadora, do movimento, do choque. Patriarca dos exércitos, dono das armas. Ogum é o poder do sangue que corre nas veias. Orixá da manutenção da vida.
Como Exu, Ogum está presente no calor, na ira, no ódio, na cólera. Está presente nas batalhas, brigas, empurrões, na vontade de exterminar. É um Orixá, uma força da Natureza que se faz presente nos momentos de impacto e nos momentos fortes.
O encantamento de Ogun, aquilo que gera sua presença, se faz, como disse antes, nos momentos de impacto, tais como o choque entre dois objetos de metal; uma colisão no ar, no mar e na terra; no estrondo de algo pesado caindo ao chão. Seu encanto está na explosão, no derramamento do ferro fundido.
No dia a dia vamos encontrar esta força denominada Ogun nos estaleiros, nas oficinas de lanternagem, nos ferreiros, nos quartéis, no disparo de uma arma, no ato de se afiar uma lâmina, no trabalho com um serrote, no choque do martelo fincando um prego na parede, no despertar de um relógio, num grito de raiva na dor aguda.
A faca que penetra na carne, a bala que fura a carne, faz o encantamento da força da Natureza, Ogun. É o orixá do impacto, da detonação. O sangue que corre em nosso corpo é um fenômeno regido por Ogun. A vida mantida acesa num ser, é regida por Ogun, Orixá da defesa e da guerra, ele pode até evitar uma briga, mas gosta de lutar e é imbatível.
Ogun também é a viagem, a estrada longe, os veículos. Ogun é a jornada, a empreitada, a luta do dia a dia.. É a estrada de ferro, o impacto do trem nos trilhos. Ele é o próprio trem... ele é o próprio trilho.
Considerando como um Orixá impiedoso e cruel, ele pode até passar essa imagem, mas sabe ser dócil e amável. No candomblé é o grande general, marechal de todas as lutas, o grande guardião, pai rígido e severo, mas apaixonado e compreensível.
Ogun é franqueza, a decisão, a convicção, a certeza, o fato consumado, as vias de fato. Ogun é o empilhamento de metais, a bateria que gera a energia, a pilha; é a própria energia, vibrante, incontrolável, devastador, Ogun é a vida em sua plenitude.
Ogun também está presente nas construções, nas edificações, no cimento que vai unir tijolos e construir casas. Ogun é a muralha, o obstáculo difícil de ser vencido. É o amianto, o aço, o ferro, a bauxita, o manganês, o carvão mineral, a prata, o ouro maciço, o diamante em estado bruto.Ele é também a lapidação, o aparelho cirúrgico, o aparelho dentário, o próprio dente. É o ato de cortar, morder, devorar, sem piedade e com a negritude da fome. Ogun também é o zinco, o cobre, o alumínio, o parafuso, o prego, a mola, a viga, a estrutura, o concreto, a dureza, a firmeza.
São Jorge - O santo guerreiro
História
Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge. Filho de pais cristãos, Jorge aprendeu desde a sua infância a temer a Deus e a crer em Jesus como seu salvador pessoal.
Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe após a morte de seu pai. Lá foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções.
Por essa época, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."
Como São Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Jorge sempre respondia: "Não, imperador ! Eu sou servo de um Deus vivo ! Somente a Ele eu temerei e adorarei". E Deus, verdadeiramente, honrou a fé de seu servo Jorge, de modo que muitas pessoas passaram a crer e confiar em Jesus por intermédio da pregação daquele jovem soldado romano. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.
A devoção a São Jorge rapidamente tornou-se popular. Seu culto se espalhou pelo Oriente e, por ocasião das Cruzadas, teve grande penetração no Ocidente.
Verdadeiro guerreiro da fé, São Jorge venceu contra Satanás terríveis batalhas, por isso sua imagem mais conhecida é dele montado num cavalo branco, vencendo um grande dragão. Com seu testemunho, este grande santo nos convida a seguirmos Jesus sem renunciar o bom combate.
Lendas: um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. Um dia coube a filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge.
O valente Guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.
Datas Marcantes No século XII, a arte, literatura e religiosa popular representam São Jorge, como soldado das cruzadas com manto e armadura com cruz vermelha, nobre um cavalo branco, com lança em punho, vencendo um dragão. São Jorge é o cavaleiro da cruz que derrota o dragão do mal, da dominação e exclusão.
Desde o século VI, havia peregrinações ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse santuário foi destruído e reconstruído várias vezes durante a história.
Santo Estevão, rei da Hungria, reconstruiu esse santuário no século XI. Foram dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na Grécia e na Síria.
A devoção a São Jorge chegou à Sicília na Itália no século VI. No séc. VII o siciliano Papa Leão II construiu em Roma uma igreja para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de S. Jorge.
A devoção a São Jorge chegou a Inglaterra no século VIII. No ano de 1101, o exército inglês acampou na Lídia antes de atacar Jerusalém. A Inglaterra tornou-se o país que mais se distinguiu no culto ao mártir São Jorge...
Em 1340, o rei inglês Eduardo III instituiu a Ordem dos cavaleiros de São Jorge.
Foi o Papa Bento XIV (1740-1758) que fez São Jorge, padroeiro da Inglaterra até hoje.
Em 1420, o rei húngaro, Frederico III (1534) evoca-o para lutar contra os turcos.
As Cruzadas Medievais tornaram popular no ocidente a devoção a São Jorge, como guerreiro, padroeiro dos cavaleiros da cruz e das ordens de cavalaria, para libertar todo país dominado e para converter o povo no cristianismo.
Seu dia foi colocado no Calendário particular da Igreja, isto é, celebrados nos lugares de sua devoção.
O Sr. Cardeal D. Eugenio Sales, assim se pronunciou: "A devoção de São Jorge nos deve levar a Jesus Cristo". Pela palavra do Cardeal Sales sentimos a autenticidade do Culto a São Jorge.
A quem ajuda: é a força de Deus na luta dos excluídos e marginalizados da sociedade.