terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pastor diz ter sido abusado sexualmente quando menor por vereador de Maceió



Notícias / Política
10/10/2011

por Teresa Cristina

O pastor João Luiz (DEM), vereador por Maceió, é acusado de ter abusado sexualmente de um menor, na cidade de Paranaguá (PR).De acordo com Anderson da Luz Rocha, que fez a denúncia, João Luiz o abusou sexualmente de 1984 a 1990.

Os abusos começaram, segundo Rocha, hoje com 42 anos, quando ele tinha 16 e frequentava a Igreja Quadrangular, da qual o vereador era pastor. Rocha, que atualmente é pastor do Templo Besteda, procurou a Polícia, em agosto de 2007, e confeccionou um Boletim de Ocorrência. O fato foi parar na Justiça e corre em sigilo.

“O João Luiz chegou aqui em Paranaguá em 1983 e eu já era da Igreja. Eu sou negro, era pobre, não tinha nada. Ele me procurou e disse que queria conversar. Eu disse que tinha o sonho de ser pastor e ele me disse que eu poderia ficar na Igreja durante as manhãs, eu aceitei e ele ia me pegar e me deixar em casa todos os dias. Eu imaginei que ele estava fazendo isso por conta do meu sonho de ser pastor, achei que ele era um homem de Deus.

De repente, ele passou a trazer comida, me dar roupas e perfumes caros, em troca disso mantinha uma relação homoafetiva comigo”, relatou à reportagem do CadaMinuto.

Em 1988, Rocha contou que foi convidado a vir para Maceió com o pastor. “Ele disse que se eu não aceitasse e denunciasse iria acabar comigo”, colocou. Até 1990, Rocha morou na capital alagoana, quando decidiu que iria voltar para o Paraná.

“Ele me obrigava a ter relações sexuais com ele. Mas, chegou um ponto em que eu não agüentava mais e disse que iria embora, fiz um escândalo e disse que se ele não deixasse ia contar para a mulher dele”, contou.

Ainda segundo Rocha, João Luiz teria ido a Paranaguá buscá-lo. Ao chegar à cidade, o religioso teria dito a pastores da Quadrangular que o jovem se vestia de mulher em Maceió para trabalhar como garota de programa.

“Mas, ele até me mandou uma carta dizendo que estava com saudades. Tenho tudo isso guardado e está anexado ao processo”, disse Rocha.

Mas, Rocha só decidiu procurar a Polícia e a Justiça em 2007, motivado também informação de que João Luiz o estava acusando de ameaça . Indagado de o porquê dessa decisão tardia, ele disse que tinha medo que ninguém acreditasse nele.

“Um jovem negro, pobre, filho de empregada doméstica diante de um pastor como ele? Era muito difícil, mas foi complicado também falar de tudo isso depois de tanto tempo, eu já era casado e tive que contar para minha esposa e a família dela. Não quero indenização nem nada, só quero que ele seja punido”, frisou.

Rocha contou ainda que antes disso enviou uma carta ao Pastor João Luiz pedindo que ele não o procurasse mais. Depois disso, Rocha ficou sabendo que João Luiz havia procurado a Polícia para dizer que estava sendo extorquido e ameaçado.

Audiência

No dia 31 de agosto foi realizada a primeira audiência do caso. De acordo com Rocha, João Luiz não compareceu e mandou dois advogados. Ainda segundo Rocha, os advogados o intimidaram dizendo que se ele não desistisse do processo iria ser preso por calúnia e difamação.

Desde o início da semana passada, a reportagem do CadaMinuto tentou entrar em contato com o Pastor João Luiz, na Câmara Municipal, na sessão de quarta-feira (02), mas ele não compareceu ao Poder Legislativo Municipal.

No mesmo dia, a reportagem foi até a sede da Igreja Quadrangular, no bairro da Ponta Grossa, e uma funcionária informou que João Luiz teria ido a um funeral, no interior do estado.

Por fim, o CadaMinuto tentou entrar em contato com o parlamentar pelo celular, mas o telefone dele encontra-se desligado.

Defesa rebate acusações e diz que processo corre em segredo de justiça

A defesa do vereador João Luiz esteve na redação do CadaMinuto para rebater acusações referente a uma matéria publicada neste portal. Segundo o advogado, são inverídicas, fantasiosas e injuriosas todas as acusações postadas neste site, mas por estar o processo tramitando sob segredo de justiça, ele não se pode tecer maiores detalhes acerca de seu conteúdo.

Segundo o advogado, por ter sido o denunciante afastado da igreja por conduta incompatível com a ordem, ele está criando toda essa história. O que causa estranheza e indignação é o fato de o denunciante ter dito que prestou queixa na delegacia de polícia e que ajuizou ação contra ele, pois, em verdade, quem prestou queixa crime e ajuizou ação judicial foi o João Luiz e não ele conforme está postado no site.

Basta uma simples leitura no documento apresentado para constatar que os fatos postados estão totalmente distorcidos. Veja-se: (Requerente - Autor: João Luiz Rocha x Requerido - Réu: Anderson da Luz Rocha).

Quanto à motivação da matéria, acredita-se que ela tenha sido em razão de seu afastamento da Quadrangular, tanto que o denunciante já enviou a mesma carta (todas apócrifas) para vários meios de comunicação, bem como para os pastores da igreja quadrangular, sendo seu conteúdo de conhecimento geral e desacreditado por todos.

A defesa salientou, também, que acredita que o denunciante esteja desesperado, pois, além de ter sido afastado de seu mister, de certo, ele será condenado no processo judicial movido por João Luiz em seu desfavor.

Ainda, para afastar a credibilidade das acusações, questiona-se: Se o suposto fato ocorreu há mais de 20 (vinte) anos, por qual razão ele foi somente noticiado agora? É óbvio que uma das razões foi o fato de ele ter sido expurgado da igreja.

Outro ponto que merece atenção é o fato de que o denunciante vem de há muito escrevendo cartas para ele e sua família, exigindo dinheiro em troca de seu silêncio. Segundo ele, “pessoas supostamente ‘poderosas’ queriam a todo custo afastá-lo de sua vida pública”. Há, inclusive, uma gravação feita por João Luiz acerca do pedido de dinheiro, mas devido o processo estar sob segredo de justiça, ele não pode divulgá-lo.

A propósito, sob o teor das acusações, João Luiz alegou que, por não ter atendido as sua exigências, o denunciante vem assacando palavras injuriosas contra sua honra, mas, por ter sua vida pautada em Princípios morais e éticos, ele está com sua consciência tranquila, até mesmo porque as pessoas que conhecem o denunciante sabem do que ele é capaz para atingir seus objetivos.

CadaMinuto