quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Conheça diferentes igrejas e cultos brasileiros em Londres
Iracema Sodré
Da BBC Brasil em Londres
1 de setembro, 2011
A capital britânica já tem representações de quase todas as religiões e cultos existentes no Brasil. O grande número de imigrantes brasileiros em Londres e nos arredores parece ter sido a motivação inicial para a vinda destas igrejas e seitas, mas algumas delas já contam com uma proporção considerável de frequentadores estrangeiros. Conheça exemplos abaixo:Aliança Pastoral (Conselho de Ministros Evangélicos)Fundação: 2004
Notícias relacionadasO negócio da religiãoNúmeros de seguidores: Estimativa de mais de 8 mil fiéis em Londres
Cultos em mais de 80 templos em Londres
"O primeiro pastor brasileiro na Grã-Bretanha foi o bispo Enoque Pereira, que chegou a Londres há 23 anos e criou sua própria igreja, a Living Bread. O objetivo, na época, era trazer para cá o avivamento que estava acontecendo no Brasil. No fim da década de 90, o número de igrejas evangélicas começou a crescer muito e em 2004 os pastores sentiram a necessidade de se unir e trabalhar juntos na Grã-Bretanha e a Pastoral Alliance (Aliança Pastoral) foi criada. Queremos ver o reino de Deus unido nesta terra, além de equipar pastores para um crescimento ministerial. Hoje, contamos com mais de 80 igrejas em Londres, o que, em uma estimativa conservadora, nos daria cerca de 8 mil fiéis na cidade. Este número inclui apenas igrejas afiliadas à Pastoral e não inclui, por exemplo, a Igreja Universal do Reino de Deus (que tem 16 igrejas em Londres). Entre nossos fiéis, diria que 70% são brasileiros, 20% são portugueses e 10%, de outras nacionalidades de língua portuguesa. Continuamos ouvindo dos pastores um testemunho do constante crescimento das igrejas brasileiras aqui."
Pastor Fernando de Paula, secretário da Aliança Pastoral
Capelania Católica BrasileiraFundação: 1995
Número de seguidores: Entre 2 mil e 2,5 mil
Missas em português celebradas em seis igrejas na capital britânica
"A ideia de atender a população brasileira que vive em Londres foi de um padre jesuíta britânico, que viveu quase uma década no Brasil, Timothy Noble. O interesse dos imigrantes em frequentar uma igreja católica brasileira em Londres era muito grande, já a missa celebrada pelos britânicos é mais séria e não tem a abertura para a criatividade na liturgia que vemos no Brasil. Nossas missas aqui têm uma forte identidade brasileira, com palmas e música. Segundo os dados da Diocese, somos a maior capelania étnica de Londres e temos um número sempre crescente de fiéis. Além dos brasileiros, que são a grande maioria, cerca de 10% de nossos fiéis vêm de países como Portugal, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, atraídos pelas características da celebração brasileira."
Padre Vanderlei de Oliveira, capelão em Londres
Solidarity Spiritist Society (Sociedade Espírita Solidariedade)Fundação: 1998
Número de frequentadores: 80
Encontros: Uma vez por semana
"A sociedade espírita surgiu há cerca de 13 anos, fundada por brasileiros, com o objetivo de atender a comunidade de língua portuguesa. Apesar de o espiritismo ter surgido na Europa, aqui houve uma estagnação após a Segunda Guerra, enquanto no Brasil, o espiritismo floresceu. Em várias partes do mundo, centros espíritas são criados por brasileiros. Em Londres, há diversos grupos em toda a cidade. No nosso centro, 80% dos frequentadores são brasileiros, 10% são portugueses e outros 10%, ingleses. São pessoas de todo tipo, que muitas vezes estão enfrentando problemas pessoais, e chegam até nós através de anúncios ou da indicação de amigos."
Maria Gomes, coordenadora do grupo
Terreiro de Candomblé Ilê Axé Dandaluna FilhaFundação: 2003
Número de frequentadores: 20 a 30 pessoas
Encontros semanais, além do calendário de festas
"Eu frequentava o candomblé no Brasil e já estava prestes a me tornar mãe de santo, quando decidi vir morar e trabalhar na Grã-Bretanha. Pretendia ficar apenas dois anos, mas começaram a aparecer filhos de santo e pessoas pedindo consultas de búzios, então acabei abrindo o terreiro por vontade dos Orixás. Semanalmente, cerca de 20 pessoas frequentam os trabalhos, mas nos dias de festa esse número pode passar de 30. Cerca de metade dos frequentadores é brasileira, mas também há angolanos, portugueses, espanhóis. Muçulmanos e povos com alguma tradição esotérica também costumam se interessar muito pelo candomblé. Houve uma egípcia que, apesar da barreira da língua, chegou a se aprofundar muito nos estudos. Já os ingleses dificilmente entendem a essência do candomblé. Eles gostam de vir às festas, só que mais pela curiosidade do que pela fé."
Mãe Ejá
Santo DaimeFundação: 1995
Número de seguidores: 50
Encontros: Cerca de 40 encontros ou eventos por ano
"Os rituais em Londres começaram com apenas seis a sete pessoas e foram crescendo lentamente ao longo dos anos. Agora, temos menos frequentadores devido à perseguição da polícia e do governo britânicos, que tratam o Daime como droga e não como uma prática espiritual, que representa a voz da floresta. O chá usado nos rituais, o ahayuasca, é o sacramento do Santo Daime, assim como o vinho e a hóstia são os sacramentos do catolicismo, e nos coloca em contato com nossos ancestrais. Somos muitos discretos, não fazemos propaganda de nossos encontros e apenas pessoas convidadas podem participar. De nossos frequentadores, cerca de 25% são brasileiros, 50% britânicos e 25% de outras partes do mundo."
Britânico que participou da fundação do Santo Daime em Londres e que prefere não se identificar
Centro Espírita Beneficente União do VegetalFundação: 2011
Número de frequentadores: Ainda não opera oficialmente, mas tem 150 sócios, brasileiros e europeus, em 8 países da União Europeia
"A vinda do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal para a Europa deveu-se à necessidade de atender diversas pessoas que buscaram conhecer os trabalhos do Centro, inclusive com idas ao Brasil. Foi uma evolução natural e, como sempre, chegamos pela porta da frente. Fizemos o registro do centro no Reino Unido este ano e agora estamos pedindo autorização para funcionarmos com o uso do chá Hoasca. Por isso, ainda não estamos realizando sessões. Nosso pedido está baseado em sólida documentação científica e em precedentes de autorização no Brasil e nos Estados Unidos. Entre nossos sócios na Europa, cerca de metade é de brasileiros e a outra metade de pessoas de diversos países. Não fazemos divulgação de nossos trabalhos e é preciso passar por uma entrevista para participar das sessões."
Luís Felipe Belmonte, responsável designado pela UDV para trabalho de legalização do uso do chá na Europa