terça-feira, 13 de setembro de 2011

Promotoria denuncia ex-diplomata suspeito de golpe contra igreja

13/09/2011 -
Folha On Line -JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

O ex-vice-cônsul de Portugal Adelino D'Assunção Cruz Pinto foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul sob acusação de estelionato e coação. O ex-diplomata é suspeito de aplicar um golpe que causou um prejuízo de R$ 2,5 milhões para a Arquidiocese de Porto Alegre.

Suspeito de golpe em Igreja, ex-vice-cônsul português está foragido

Desde o início de agosto, quando foi decretada sua prisão preventiva, ele é considerado foragido pela polícia gaúcha.

O suposto golpe ocorreu em 2010. Naquele ano, a arquidiocese procurou o diplomata em Porto Alegre pedindo ajuda para financiar obras de restauro de igrejas de arquitetura lusitana no Estado. Pinto disse, segundo a igreja, que pretendia ajudar e que uma ONG belga iria intermediar a doação de R$ 12 milhões.

A arquidiocese diz ter depositado R$ 2,5 milhões na conta do ex-vice-cônsul como caução para garantir a doação, mas afirma que o dinheiro prometido nunca chegou.

Segundo o Ministério Público, o diplomata desviou o valor da caução logo após ela ter sido depositada em outra conta e efetuou dois saques.

Na denúncia contra o ex-diplomata, a Promotoria afirma ainda que o denunciado cometeu crime de coação, ao ameaçar por telefone um bispo gaúcho que denunciou o desvio. De acordo com a denúncia, Pinto disse que iria difamar a vítima em órgãos de imprensa, afirmando que ele seria titular de contas bancárias no exterior.

O Ministério Público entregou a denúncia à Justiça na sexta-feira (9), mas só divulgou a ação na tarde de segunda-feira (12).

Segundo a Polícia Civil, o ex-vice-cônsul não é visto desde março. Ele também teve sua imunidade diplomática retirada pelo governo de Portugal. O caso também é investigado pelo Ministério Público português.

O advogado de Pinto não foi localizado. Em abril, Amadeu Weinmann havia dito que seu cliente é inocente e que o caso não passa de uma "confusão".

Ele também disse que o papel de Pinto na negociação foi "marginal" e que a arquidiocese tratou diretamente com a ONG para obter o dinheiro para as restaurações.