domingo, 22 de agosto de 2010
Censo 2010 tem 2.079 diferentes nomes para as religiões
Amostragem do censo afetará precisão do número de ateus
por Marcelo Idiarte a propósito de Censo 2010 tem 2.079 diferentes nomes para as religiões
Eu tinha duas grandes expectativas para o censo deste ano. Uma porque, se não me engano, o IBGE já tinha incluído a resposta específica sobre ateus no censo anterior. E a outra, decorrência desta, porque os dados referentes às religiões são tabulados desde 2000 de forma decenal, tendo-se agora em 2010 um novo panorama das religiões e não religiões.
Só que o IBGE jogou um balde de água fria na minha expectativa de vir a ter um retrato fiel do número de ateus porque a questão sobre religiões só está presente no questionário da amostra, o completo, que está sendo respondido somente por 10% das pessoas, em escolha aleatória.
A maioria das pessoas (90% da população) vai responder ao questionário básico, que não contém a questão sobre religiões. Acho isso uma lástima porque os ateus são poucos e, com a imposição do questionário básico à maioria, não saberemos quantos efetivamente somos. Ainda mais porque muitos ateus têm receio de "sair do armário".
Só tive aulas de estatística no ginásio (hoje segundo grau), mas, do pouco que ainda lembro, acho extremamente difícil que o IBGE consiga dados suficientes em apenas 10% de amostragem para produzir informação confiável sobre os ateus.
Fiquei decepcionado sobretudo porque já somos ignorados e menosprezados em um país de imensa maioria cristã. Está aí o infeliz do Datena que não me deixar mentir.
Quatro questões me faziam apostar que os ateus poderiam chegar hoje a pelo menos 3% da população (algo em torno de 5,8 milhões de pessoas): a curva estatística em si, que já estava em franco crescimento; a maior expansão do saber, propiciada pela internet; o fato de que a imensa maioria dos casos de pedofilia sacerdotal (especialmente católica) ter vindo a público nesta última década; e os inúmeros casos de corrupção nas igrejas evangélicas.
A internet logicamente não é um parâmetro para estatísticas, mas, apenas para ilustrar minha perspectiva positiva (até receber a péssima notícia do IBGE), basta dizer que na web a proporção de ateus assumidos de 10 anos para cá é cerca de 8 vezes maior do que era em 2000. Evidentemente que na minha projeção de 3% de ateus não aplico essa escala de progressão.
A decisão do IBGE de coletar dados religiosos em apenas 10% dos questionários vai jogar o número de ateus lá para 1%, quando muito.
Infelizmente vamos ter que esperar mais 10 anos para sabermos quantos somos - de verdade - no Brasil.