segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Minorias lutam por um lugar nas Estatísticas
Minorias lutam por um lugar nas Estatísticas Gays, Adeptos das Religiões Afros e negros se mobilizam para incentivar mais pessoas a se declararem pertencentes a esses grupos através do Censo 2010 Para a maior parte dos brasileiros, que desde o dia 1° de agosto vem recebendo pesquisadores do IBGE em suas casas, responder ao Censo é apenas um dever cívico. Para alguns, no entanto, aparecer nas estatísticas oficiais é uma questão de sobrevivência política. Com esse objetivo, associações de gays, Umbandistas, Candomblecistas ou parte do movimento negro, se mobilizam em campanhas nas redes sociais para que mais pessoas declarem pertencer a esses grupos.
O Censo é a mais importante pesquisa do IBGE. Pelo custo e tamanho - mobiliza 240 mil profissionais-, é feito apenas a cada dez anos. Fundamental na elaboração de políticas públicas, é por meio do Censo que se fica sabendo o número da população e as características dela, como religião, idade, deficiência, trabalho e outros. Neste ano, pela primeira vez, serão investigados também línguas indígenas, brasileiros morando no exterior e cônjuges do mesmo sexo. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais lançou a campanha “IBGE. Se você for LGBT, diga que é”. Espera-se que pelo menos 50 mil casais gays apareçam na pesquisa”, de acordo com a ABGLT.
No caso das Religiões de Matrizes Africanas, a mobilização ocorre porque o último censo detectou uma queda de 0,4% em 1991 para 0,3% em 2000 na proporção dos seguidores dessas crenças. A diminuição foi atribuída ao crescimento dos evangélicos, mas também ao preconceito e sincretismo religioso. “As Religiões de Matrizes Africanas, por preconceito, ainda são associadas só a negros, pobres e analfabetos. Isso leva muitos a se dizerem católicos ou espíritas, em vez de Umbandistas ou Candomblecistas”, afirma Marcio Alexandre Gualberto, idealizador, no Coletivo de Entidades Negras, da campanha “Quem é de Axé, diz que é”.
Por todo o país a Campanha “Quem é de Axé, diz que é”, vem ganhando força, através de lançamentos regionais, reuniões e convocações para a conscientização dos adeptos das Religiões Afro-Brasileiras, sobre a importância de se saber seu real quantitativo e baseado nisso, serem criadas políticas públicas para este segmento. Como exemplo destacam-se os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia, onde a Campanha nasceu.
Gualberto lamenta que o governo federal não tenha apoiado financeiramente a campanha, mas aposta nas redes sociais da internet para disseminar o lema.
Alguns videoclipes já estão no Youtube, como o da cantora umbandista Liz Hermann, com o refrão “diga ao Censo a sua religião”. Esta não é a primeira vez que mobilizações desse tipo acontecem. Em 2000, parte do crescimento dos autodeclarados pretos (de 5% para 6,2% na década) foi atribuído à campanha “Não deixe sua cor passar em branco”. Neste ano, um grupo negro de Alagoas, por exemplo, lançou o slogan “Censo 2010, assuma sua negritude”.
Fonte: Folha de São Paulo
IBGE