quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Oferenda é vista como Lixo por Guarda Municipal de Belém (PA) Belém


Oferenda é vista como Lixo por Guarda Municipal de Belém (PA) Belém - De acordo com a denúncia feita por Arthur Leandro, titular do pleno do Conselho Municipal de Negros e Negras de Belém (PA), um grupo de Sacerdotes do Mansu Nangetu chegou ao local Ver-o-Rio (foto), no último dia 21 de julho, para realizar cerimônia de oferenda do Urupim (parte dos ritos de Candomblé de Angola), quando foi abordado por um guarda municipal, que pediu para falar com um responsável pelo grupo. O guarda teria informado aos Sacerdotes que naquele local era proibido despejar lixo, ao que o grupo respondeu que sua crença respeita a natureza e a preservação do meio ambiente. O guarda, porém, reafirmou que os religiosos haviam desrespeitado a lei e jogado lixo no local.

Arthur Leandro então se identificou e explicou que o ritual que o grupo iria fazer era uma oferenda religiosa praticada em águas brasileiras há vários séculos, e permitida pela Constituição brasileira, que garante a liberdade de culto e de crença religiosa. Quanto à denúncia de despejar lixo, o titular do conselho garantiu que a oferenda era composta de material orgânico e biodegradável e poderia servir de alimento à fauna local. O guarda, porém, afirmou novamente que o grupo tinha a intenção de despejar lixo na baía, ato caracterizado como desrespeito por seus superiores, ao que Arthur replicou, argumentando que o poder municipal classificava um ritual afro-religioso como ato criminoso.

A discussão prosseguiu e o guarda chamou outros colegas, que, de forma ameaçadora, segundo Arthur, anotaram a placa do veículo que transportava os religiosos. O inspetor Serrão, da Guarda Municipal, procurado no dia posterior ao fato, afirmou que desconhecia o caso e que “uma situação de constrangimento e preconceito religioso não condiz com o perfil da Guarda Municipal”. Os membros do grupo de candomblé Mansu Nangetu registraram um boletim de ocorrência e depuseram na última terça-feira, dia 3 de agosto, no Complexo da Polícia Civil, contra a Guarda Municipal de Belém, por constrangimento e manifestação de intolerância religiosa durante a prática de um ritual a ser realizado.

Fonte: Diário do Pará
Mondo Belém