Polícia prende dois homens e uma mulher que esquartejaram professora em ritual de magia negra

Recife, 2 de março de 2011,

Polícia prende dois homens e uma mulher que esquartejaram professora em ritual de magia negra. Imagens: Adaíra Sene/DP/D.A Press
Atualizada às 17h23

A polícia apresentou na tarde desta quarta-feira (2) o resultado da investigação que culminou na prisão de três pessoas acusadas de torturar, queimar, esquartejar e ocultar o corpo de uma professora. O assassinato teria acontecido durante um ritual de magia negra. Os acusados são o pai de santo Paulo Vitor de Araújo, 23 anos, a mãe de santo Elizabete de Lima Santos, 41, e o filho de santo Ailton Félix da Silva, 41. O caso está sendo investigado pelo delegado Felipe Regueira.

A vítima seria Maria Iracema de Morais, moradora do Recife, que ainda será identificada oficialmente. O Instituto de Medicina Legal (IML) não conseguiu identificar a ossada, que será encaminhada para a Paraíba, onde será submetida a um exame de DNA. Os restos mortais foram retirados ontem (1º) de um açude no município de Surubim.

Familiares prestaram queixa do desaparecimento da professora no último dia 11 de fevereiro. No mesmo dia, o filho-de-santo Ailton Félix da Silva esteve no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde afirmou ter sido obrigado a matar Maria Iracema.

Em sua primeira versão para o crime, Ailton disse que o assassinato teria acontecido em São Lourenço da Mata. No entanto, a polícia não localizou o corpo. Depois, o filho de santo afirmou que o crime aconteceu no bairro do Pina, no Recife. Novamente após os restos mortais da professora não terem sido localizados, ele indicou o açude de Surubim como local onde o corpo estaria.

A primeira busca pelo corpo da professora no açude aconteceu na noite do último dia 28 de fevereiro. Como não foi localizado na primeira tentativa, os policiais voltaram ao local ontem (1º).

De acordo com a polícia, Paulo Vitor, que além de pai de santo é tatuador, teria injetado uma substância na professora durante um ritual no terreiro Axé Ilê de Maria Padilha, no bairro do Cordeiro, no Recife. Segundo vizinhos, que não quiseram se identificar, Maria Iracema morava no local.

Adormecida, Maria Iracema foi levada até Surubim, onde foi queimada três vezes e esquartejada. Seus restos mortais foram jogados no açude. A faca utilizada no crime foi partida em três pedaços, que foram jogados no mesmo local.

Durante as investigações, o filho-de-santo Ailton Félix da Silva foi detido após a emissão de um mandado de prisão, na semana passada. Já a mãe de santo Elizabete e o pai de santo Paulo Vitor foram presos ontem (1º), em flagrante, depois da descoberta do corpo.

Com informações dos repórteres Raphael Guerra e Adaíra

COMENTÁRIO DO BLOG:

Mais uma vez nos deparamos com um crime brutal e dessa vez com conotações de "ritual de magia negra", de uma forma implicita, a mídia divulga o fato sempre buscando um gancho no atuar de alguns sacerdotes da religião afro, mais conhecidos como "pais de santo". O importante na divulgação do fato, é que não existe qualquer indício de que o homicídio tenha sido realizado em um ritual da chamada "magia negra". Pela leitura do texto observa-se que o mote da notícia baseia-se em duas palavras: "pai de santo e magia negra". Pronto! É o suficiente para se prender a atenção do leitor ao fato noticiado,há sempre um ranço de preconceito contra a religião afro, como se os seus seguidores estivessem voltados em sua maioria a tais práticas demoníacas, inclusive de se tirar a vida de seres humanos em ofertório a possíveis divindades demoníacas, que só existem na mente dos perseguidores e intolerantes agasalhados em outros credos religiosos.Esperamos que as autoridades policias apurem verdadeiramente os fatos, e suas implicações, para que não fique no ar a má impressão sobre a religião afro. Não que não existam pessoas de má índole, e que se prevalecem do culto para a realização dos mais variados crimes. Não queremos com isso prejulgar, pois constitucionalmente prevalece o princípio da inocência até que se prove o contrário.
João Batista de Ayrá/Advogado/Jornalista/Babalorixá
Fonte: Diário de Pernambuco