quarta-feira, 25 de maio de 2011

Abdias do Nascimento morre aos 97 anos

Abdias do Nascimento lutou contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra.

Morreu na manhã desta terça-feira, 24, no Rio de Janeiro, o escritor, político, jornalista, artista plástico, poeta, ator e diretor teatral Abdias do Nascimento. Abdias foi um dos maiores expoentes do país da luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra.

Nascido na cidade de Franca (SP), em 14 de março de 1914, o professor foi o criador do chamado Teatro Experimental do Negro, que promoveu, a partir de 1944, a inserção do artista afrodescendente no cenário teatral brasileiro. No campo da política, iniciou sua atividade em 1930 na Frente Negra Brasileira e, posteriormente, na organização do 1º Congresso Afro-Campineiro, que tinha por objetivo discutir políticas de combate à discriminação racial.

Por conta da perseguição política, o professor esteve exilado por 13 anos, quando passou pelo Caribe, pela África e pelos Estados Unidos, foi professor universitário e escreveu uma série de livros sobre discriminação racial. Na volta, exerceu os cargos de deuptado e senador,além de ter sido secretário de estado de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras, no Rio de Janeiro, e de Direitos Humanos, em São Paulo.

No campo das artes, foi pioneiro ao atuar e dirigir um espetáculo que teve como tema elementos da religiosidade afro-brasileira, no espetáculo Aruanda, de Joquim Ribeiro. Como jornalista, Abdias comandou, entre 1948 e 1951, o jornla Quilombo, órgao que se voltada para notícias de diversos movientos negros. Mais tarde, em 1961, como resultado da atuação no teatro e no jornalismo, lança dois livros: Damas para Negros e Prólogos para Brancos, que reúnem peças nacionais sobre a cultura negra, encenadas pelo Teatro Experimental do Negro.

Abdias deixa a esposa Elisa Larkin, um filho e incontáveis seguidores. A família ainda não informou quando será o enterro.

As informações são do blog Correio Nagô. A reportagem de A TARDE apura maiores detalhes.

comentário

O movimento negro no Brasil e a religião afro-brasileira, amanhecem mais pobres e mais tristes nesta quarta-feira (25/05/2011, face o desenlace desse grande expoente da luta dos negros pelos seus direitos de liberdade no Brasil. Abdias Nascimento, foi e sempre será um referencial para todos aqueles que um dia ousaram levantar a bandeira da defesa dos direitos do negro nessa terra. Exilado que foi, pelas suas convicções políticas, jamais deixou apagar a chama da resistência no seu âmago, e ao retornar ao Brasil nos idos da década de 80, flamejante, pôs-se à luta. Galgou cargos políticos na câmara federal e depois no senado, onde se tornou a voz desse povo mestiço, aguerrido e caboclo. Olorum o chamou! E temos que acatar esse chamamento. Que ele o tenha a partir de agora! Mas as suas pegadas jamais serão apagadas.

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá