quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Nasceu o diabo em São Paulo", noticiava o "NP" há 36 anos



FABIO ANDRIGHETTO
da Livraria da Folha

No dia 11 de maio de 1975, o extinto jornal "Notícias Populares" estampava em sua primeira página: "Nasceu o diabo em São Paulo". Com a manchete, nascia também a saga do Bebê-Diabo, "uma criança peluda que apavorou a cidade nos anos 70", como resumiu Zé do Caixão. Para os autores do livro "Nada Mais que a Verdade", "um romance de folhetim interativo".

Divulgação

Mais que uma "biografia" do jornal, este livro é um romance fantástico

O recém-nascido, no início da história, não tinha pelos. Ele os "desenvolveu". O menino cresceu nas conversas de bar e nos comentários da vizinhança. Tornou-se uma lenda do jornalismo.

Em um hospital do ABC paulista, no dia anterior, uma criança havia nascido com um prolongamento no cóccix e duas saliências na testa. A deformidade foi rapidamente corrigida graças a uma simples cirurgia na própria maternidade.

Marco Antônio Montadon, repórter enviado ao local, decidiu escrever, sem maiores pretensões, uma crônica de horror inspirada no evento. O jornalista imaginou que o nascimento era um assunto tão fraco que não valia a reportagem. Por falta de assunto melhor, o texto foi publicado.

"Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiros e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com aparência sobrenaturais, que tem todas as características do Diabo, em carne e osso. O bebêzinho, que já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além de um olhar feroz, que causa medo e arrepios."

O caso foi esquecido pela redação do periódico. No dia seguinte, o jornal chegou às bancas e a criança infernal ganhou às ruas. A tiragem esgotou rapidamente, causando furor na população e nos jornaleiros. A multidão queria saber mais. "Bebê-Diabo desaparece", foi publicado no dia seguinte. O "monstrinho" continuou a aparecer por quase um mês.


Antes do diabinho, uma loira fantasma e o Vampiro de Osasco passaram pelas páginas do "NP". O sobrenatural era tema recorrente. Entretanto, nenhum de precedente alcançou a fama como o Bebê-Diabo. Hoje adulto, ninguém sabe por onde anda o "filho do capeta". Abaixo, veja a primeira página --imagem cedida pelo Banco de Dados da Folha de S.Paulo-- e a cronologia das manchetes extraída de "Nada Mais que a Verdade".