sexta-feira, 14 de maio de 2010

MÃE DE FIEL PROTESTA CORRENTADA CONTRA A IGREJA UNIVERSAL EM MATO GROSSO



sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mãe de fiel mostra foto do aparelhinho

13/05/2010 19:19
Revolta de mãe acorrentada contra Universal dura 7h

Celso Bejarano e Diego Alves




A pensionista Sueli Moura, 42, que desde a 14 horas da tarde desta quinta-feira protesta contra a Igreja Universal do Reino de Deus, em Campo Grande, disse que não vai sair da frente do templo religioso. Ela enrolou no pescoço uma corrente e se prendeu ao portão da igreja. Ela disse que o filho de 17 anos de idade sofre influência da igreja de três anos para cá e, desde então, segundo ela, o rapaz só atende os interesses dos pastores da Universal.

Até o fechamento desta reportagem, ninguém da direção da Universal havia se manifestado. Seguranças do templo religioso, um dos maiores de Mato Grosso do Sul, fecharam a entrada da igreja. O filho em questão está no local e tenta conversar a mãe a sair de lá.

Entenda o caso

A pensionista Sueli Ferreira de Moura, 42, tomou uma atitude extrema, inusitada, no início da tarde desta quinta-feira, em Campo Grande: ela se prendeu a uma corrente em frente ao templo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), um palacete construído na Avenida Mato Grosso, uma das vias mais importantes e antigas da cidade. E o motivo? “Essa igreja enlouqueceu o meu filho e a população dessa cidade precisa saber disso”, é a justificativa da mulher.

Sueli disse que o filho atua como “obreiro voluntário” da IURD desde maio de 2008 e que, desde então, o adolescente, segundo ela, virou uma “espécie de escravo” da comunidade religiosa. “Fizeram uma lavagem cerebral no guri. Ele deixou o trabalho por dizer que seu compromisso é com a igreja. Arranjou problemas na escola por conta da igreja, um inferno virou nossas vidas”, protestou.

Ela afirmou que em novembro do ano passado, por não admitir mais a influência supostamente sofrida pelo adolescente, ela invadiu o templo da igreja, num dia de culto, assistido por ao menos uma centena de pessoas. O resultado da “atitude desesperada”, segundo a mulher: um boletim de ocorrência na polícia por crime de perturbação e agressão. “É, eu estou fichada agora por tentar proteger o meu filho”, disse ela.

Sueli disse que tentava falar com um pastor da igreja que teria dito ao filho que ele precisaria emancipar-se [tornar-se responsável pelos atos] da família porque viraria pastor logo. A mãe quis saber na igreja se era verdade o dito pelo rapaz. “O pastor não quis conversar comigo. Eu ia lá [templo da IURD] e nada de diálogo. Resolvi, então, conversar com ele durante o culto, sabia que naquele dia o encontraria. Foi o que fiz, mas fui dominada antes de se aproximar do local”.

Esse episódio está registrado em boletim de ocorrência policial. Sueli disse ter sido dominado por um homem que identificou-se como delegado da Polícia Civil. “Ele apertou o meu braço e revistou-me apalpando meu corpo todo”.

A mulher contou também que dali do templo foi levada num camburão da Polícia Militar para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento ao Cidadão), onde lá ficou sabendo que o homem que se apresentou como delegado na realidade era o major Haroldo Luiz Estevão, membro da igreja.

A mulher disse ter ficado detida na delegacia e contra ela a Polícia Civil abriu um inquérito por crime de perturbação de sossego. Ela levou o caso à Corregedoria da PM, que apura o caso.

Sueli disse que veio de Recife (PE) em 2007 e, desde então mora em Campo Grande com os três filhos, hoje com 10, 17 e 22 anos de idade. Os dois mais velhos ingressaram na igreja assim que vieram para cá.

Ela disse que o filho maior deixou a igreja tão logo soube que teria de dividir parte do dinheiro com a igreja. O filho do meio, à época com 14 anos de idade, disse a mãe, “foi seduzido pela igreja”.

Na metade de 2008, Sueli conta que o rapaz apareceu em casa com um saco cheio de caramelos que teriam sido adquiridos por uma “obreira” da igreja. O menino disse que venderia as balas nas ruas centrais de Campo Grande, nos semáforos. Sueli achou que o menino seria recompensado financeiramente, mas não foi isso que aconteceu. “Todo o dinheiro era entregue à igreja”, acredita a pensionista.

Entre outubro e novembro daquele ano, o adolescente conseguiu um emprego numa farmácia, mas saiu de lá três meses depois por influência da igreja, segundo a mãe. “Meu filho disse que o compromisso dele era com a igreja e que o trabalho atrapalhava suas missões”.

O rapaz voltou a vender balas e a entregar o dinheiro arrecadado à igreja, segundo apurou a mãe.

A IURD ainda não se manifestou. Membros da igreja avisaram que não há no local nenhum pastor autorizado a conversar com imprensa. Militares que ocupam uma viatura acompanha o protesto de longe.

Saiba mais sobre o caso em notícias relacionadas, logo abaixo Matéria editada para acréscimo de informações

fonte: Midiamaxnews