domingo, 2 de maio de 2010

'Vítima de abuso adquire a pecha de comida de padre’


sexta-feira, 30 de abril de 2010
'Vítima de abuso adquire a pecha de comida de padre’


Ao comentar o Fórum Internacional de Justiça que vai discutir este mês em São Paulo o crime de pedofilia, o desembargador Antônio Carlos Viana Santos (foto), presidente do TJ-SP, disse ontem que as vítimas de abuso são discriminadas em pequenas cidades.

“Desculpe o termo, são todos maiores, mas já imaginou [uma vítima] numa cidade de 100 mil habitantes: “Ah, aquela lá é comida de padre”.

Lideranças da Igreja Católica não gostaram do termo “comida de padre”.

Antônio Aparecido Pereira, vigário da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, disse nesta sexta que “a igreja precisa ser tratada com mais respeito”.

Ele também considerou que o desembargador foi inadequado quando ressaltou que não estava “dizendo que o papa é pedófilo”.

Para o vigário, Santos foi grosseiro e preconceituoso, o “que não fica bem para um magistrado que está à frente de um Tribunal de Justiça”.

Em nota, Santos reconheceu que o termo que usou é grosseiro quando retirado do contexto em que foi citado. "[A frase] foi dita quando fui indagado sobre as indenizações hoje pagas pela Igreja Católica às vítimas de pedofilia em casos ocorridos há 30, 40 anos, especialmente em Boston [EUA]."

Hoje, a polícia de Alagoas indiciou os monsenhores Luiz Marques Barbosa e Raimundo Gomes do Nascimento e o padre Edilson Duarte, de Arapiraca, sob a acusação de exploração sexual de adolescentes (hoje ex-coroinhas).

Em Arapiraca, cidade de 209 mil habitantes, a palavra “coroinha” se tornou pejorativa.

Lá, quem quer ofender alguém chama-o de coroinha.

É a descriminação à qual o desembargador Santos se referiu.

Com informações da Folha Online e do iG.