sexta-feira, 21 de maio de 2010
Rituais fúnebres no Candomblé
A morte de qualquer membro da comunidade do Candomblé implica na realização de rituais fúnebres chamados ÀSÈSÈ, cuja finalidade é desfazer o assentamento do ORI e os vínculos com o Òrìsá pessoal, significando desfazer, também, os vínculos com todos os membros do barracão e despachar o ÈGÙN do morto, para que o mesmo deixe a terra e vá para o ÒRUN.
Toda a sequência iniciática por que passa um membro do Candomblé, representa aprofundamento dos laços religiosos com a comunidade. Ao morrer, esses vínculos têm que ser desfeitos para liberação do ÈGÙN das obrigações, principalmente, religiosas da terra.
Partcipam do ritual os Òrìsás OYA, NÀNÁ, OMOLÚ, ÒGÚN, ÒSÙMÀRÈ e YEWÀ.
A cerimonia inicia-se imediatamente após a morte, o sacerdote manuseia o corpo para retirar da cabeça a marca simbólica da presença do Òrìsá; o cabelo no alto da cabeça é raspado e o craneo lavado com um preparado de folhas e água ( AMACI ) , simbolisando a inversão, simbólica, do primeiro ritual iniciático. Este líquido resultante da lavagem da cabeça fará parte do grande despacho do morto.
Terminado o enterro é que será iniciado, efetivamente, os rituais do ÀSÈSÈ. Os presentes usam roupas brancas e tiras de folha do dendezeiro atadas nos braços como proteção contra os ÈGÙNS. O morto é representado por um recepiente de barro virgem.
Os objetos sagrados do morto são desfeitos, quebrados e despachados; porém, após consulta aos búzios, alguns objetos ou assentamento poderão ser dado a alguém que passará a zelar religiosamente pelos mesmos.
Ao final dos rituais o despacho é levado para longe do barracão e o ÈGÙN esta livre para partir, fechando, assim, o ciclo no conceito de vida das tradições africanas