sábado, 3 de outubro de 2009
Exu o Grande Arcano
- Quem é esta misteriosa Divindade que gera tanta polêmica, e distorções de seu real significado e função, como um ser Divino e cósmico?
- Aonde começou o preconceito religioso e até cultural, acerca não só de Exú como muitas outras divindades, e religiões consideradas Pagãs?
- Aonde e como tudo começou?
Os antigos nativos da grande mãe África, também conhecidos como o povo Yoruba ou Nagôs, viviam em plena harmonia, sem crise econômica e fome, e em pleno equilíbrio com a natureza e suas crenças, até que guerras (para variar guerras, pelo poder), internas entre tribos, cidades e confederações, a colonização Islâmica e o drástico e cruel tráfico negreiro, começaram a retirar a harmonia deste antigo e belo povo, os Yorubas, Nagôs.
Suas crenças, costumes e religião, chegaram até nosso pais através do que chamamos de diáspora, que ocorreu através do imenso e bárbaro tráfico negreiro, o ouro negro.
O povo negro escravizado se espalhou por todo o território de nosso pais, misturando-se, vieram de várias regiões, muitas vezes eram até de tribos inimigas, adoravam divindades diferentes, em África o culto dos orixás é regional.
O domínio do negro pela força, foi um grande absurdo Histórico, um ato nada Humano diga-se de passagem.
A Coroa de Portugal, assim que chegaram os primeiros negros em terras Brasileiras, criou uma lei que, no seu primeiro artigo, determina que, todos os negros deveriam ser batizados na religião Católica e se acaso o batismo não fosse realizado em um prazo de cinco anos, as peças como eram chamados os escravos, como se fossem objetos de uso pessoal, deveriam ser vendidas e o valor seria revertido a Coroa.
Havia a tese que a África era uma terra de maldições, esta tese foi defendida por vários teólogos cristãos.
Em vários Sermões o Padre Antônio Vieira (XI e XXVII), afirma que a África é o inferno onde Deus se digna a retirar os condenados, pelo purgatório da escravidão nas Américas, para finalmente alcançarem o paraíso, o mesmo padre em sermão ao comentar o texto de São Paulo I Cor 12, 13, disse entendo de que os africanos, sendo batizados antes do embarque da África para a América, deviam agradecer a Deus por terem escapado da terra natal, onde viviam como pagãos entregues ao poder do Diabo.
Estes não foram os únicos comentários de teólogos da igreja Católica que não merecem ser mais comentados.
Documentos Históricos relacionado a escravidão também foram queimados, desaparecendo muitos registros Históricos.
Afinal quem é Exú este Grande Orixá.
Infelizmente Exú perdeu seu verdadeiro significado ao chegar no Brasil, os negros escravos, tiveram que sincretizar com santos católicos seus Orixás, para poderem praticar sua religião, Exú foi quem mais sofreu neste processo, a igreja e os católicos associaram Exú ao Diabo, a coisa ruim.
Na crença Yoruba, Olórum Deus Criador, não possui um opositor a ele como a maioria das religiões. O mal e um sentimento humano. Exú seria o seu fiscal, guardião dos portais entre o Òrun (Além) e o Àiyé (Terra), além de ser o guardião do corpo neste aspecto é chamado de Bara, é o mensageiro dos Orixás. Exú o princípio dinâmico que habita dentro de nós, esta força que impulsiona a vida. Tão importante e fundamental que todos Orixás tem seu Exú, não como escravo como alguns Candomblés acreditam.
Muitos mitos foram criados a respeito deste grande arquétipo, o Orixá Exú, ele tem muitos poucos filhos aqui no Àiyé, muitos religiosos confundem Exú Orixá com os compadres e comadres (Tranca Rua, Veludo, Caveira, Maria Padilha, Mulambo etc) como eram chamados pelos mais antigos, Exú Orixá é uma coisa totalmente diferente. Os Orixás ancestrais ou Irunmales não fazem parte do processo de reencarnação são seres divinos criados por Olórum para ajudarem a administrar sua criação, são Deuses do fogo, ar, trovão, terra, morte, tempo, destino, etc, não fazem parte do sistema de reencarnação. Os nossos maravilhosos comadres e compadres, hoje também chamados de Exús, fazem parte do sistema da reencarnação.
Sem Exú o culto dos Orixás não existiria, ele é o mensageiro dos jogos oraculares de Ifá, é ele que vem buscar e levar as oferendas para os Orixás, e estas até Olódùmarè Deus Supremo, é o primeiro a ser saudado no culto dos Orixás.