quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Por que temer e julgar perigoso o crescimento evangélico? Em que isso nos atinge?



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Por que temer e julgar perigoso o crescimento evangélico? Em que isso nos atinge?


Lá vou eu ser xingado de novo!… Mas não importa, tenho de falar. Vejam a foto aí do lado, os nomes que vou citar e, depois, os comentários. Guardem bem esses nomes: Edir Macedo(IURD), Silas Malafaia (Assembléias de Deus), Romildo R. Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus), Valdomiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de Deus), Estevam e Sônia Hernandes (Igreja Apóstólica Renascer em Cristo), Missionário David Miranda (Igreja Pentecostal "Deus é Amor", esta, com o maior templo evangélico do mundo, com capacidade para 60.000 pessoas, em São Paulo) para citar só alguns, dentre os mais poderosos.
Pois bem, segundo Edir Macedo e Silas Malafaia os evangélicos no Brasil, hoje, já seriam mais de 40 milhões (e não é de duvidar, a julgar pelo último censo do IBGE que, em 2000, já acusava a existência de 26,5 milhões). Não sou teólogo, nem futurólogo, nem matemático e nem estatístico. Mas não é preciso ser nada disso para prever que essa estimativa nada tem de absurda, estando muito próxima da verdade. Basta fazer uma conta simples, que me dei ao trabalho de fazer: se em 60 anos (período 1940-2000) os evangélicos cresceram 6 vezes ou 600% (de 2,6% para 15,41%), em 9,5 anos eles cresceriam 95%. Se aplicarmos este percentual aos números do censo de 2000, teríamos: 95% de 26,5 milhões, que daria 25,17 milhões, os quais, somados aos 26,5, dariam, hoje 51,67 milhões, isto, numa conta bem simplória. Portanto, não é exagero afirmar que eles possam ser mais de 40 milhões. Com a taxa percentual de crescimento progressivo estimada, ainda que descontados possíveis erros de não regularidade e/ou avaliação, é bem provável mesmo que eles já estejam beirando ou até ultrapassado os 40 milhões de fiéis.
Agora imaginem essa enorme massa sendo manobrada pelo líderes religiosos mencionados, com o objetivo de eleger um Presidente da República evangélico e mais algumas dezenas de deputados e senadores, fazendo também governadores em 1/3 das unidades federadas, mais prefeitos, deputados estaduais e vereadores… O que teríamos? Um país governado por evangélicos. Vocês já se imaginaram sendo governados por uma "tchurma" dessas? São todos especialistas em enganar, mentir e extorquir, sob a capa da legalidade. Alguns desses líderes maiores já foram presos e processados, quase sempre saindo ilesos, ou, quando não, pagando indenizações ridículas, que sequer chegam a abalar um dia do seu Caixa. Se em suas igrejas eles fazem isso, o que fariam com as finanças públicas do país? Sarney, Collor e Renan Calheiros perto deles seriam fichinhas.
Acham que estou "viajando"? Bem, se vocês acham a hipótese absurda, saibam que o Edir Macedo e o Silas Malafaia já fizeram pregações nesse sentido e começam a fazer a lavagem cerebral da cabeça dos fiéis, tudo com citações bíblicas (Deus quer o seu povo no poder). Até um livro chamado "Plano de Poder: Deus, os Cristãos e a Política" já foi lançado recentemente pelo Edir Macedo em parceria com Carlos Oliveira, diretor-presidente do jornal "Hoje em Dia", de Minas Gerais, onde o foco é exatamente este: os evangélicos no poder. E não duvidem, ainda mais se os evangélicos se unirem. Votos eles têm; dinheiro também; apoio, terão todos os que quiserem e puderem comprar. Para quem não acredita, basta olhar a capa do livro e a sinopse, leitura que recomendo fortemente.
Notem que a IURD e as pentecostais e neopentecostais têm ainda tanta força, pregando aquela desgastada "teologia da prosperidade", que nem mesmo as bombásticas e graves denúncias de extorsão e charlatanismo dos ex-pastores Caio Fábio e Mario Justino (este, em seu livro "Nos Bastidores do Reino") foram capazes de abalar suas estruturas ou provocar a debandada de fiéis. Muito pelo contrário: eles continuam aumentando e acreditando que as curas e a tal "prosperidade " vão chegar, como recompensa das suas contribuições e devoções. A única mudança significativa no panorama talvez seja a entrada no mercado - porque é mesmo "um mercado" - da concorrente "Igreja Mundial do Poder de Deus", do pastor Valdomiro Santiago (mais um dissidente da IURD) e que vem lhe fazendo forte concorrência, roubando uma parcela significativa de fiéis, não só da Universal, mas também da Internacional da Graça de Deus ( os nomes dos concorrentes da dissidência são todos parecidos, assim como as técnicas empregadas: Universal… de Deus, Internacional... de Deus, Mundial... de Deus). Para mim, toda essa picaretagem é crime ou, pelo menos, deveria ser. Mas se a lei não pune…
Por último, essa magistral declaração de Edir Macedo e com quem, mesmo condenando e criticando seus métodos, temos de concordar, por ser a absoluta expressão da verdade:
"A potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, em qualquer que seja o escalão, municipal, estadual ou federal".
Edir é inteligente e já capitalizou essa força, sabendo o temor e respeito que impõe. Teria sido por isso, que o presidente Lula firmou um acordo (segunda foto, acima) anticonstitucional com a IURD, concedendo-lhe mais benesses, além das já previstas na CF? Algum político com um mínimo de sensatez se atreveria a ir contra os evangélicos? Previ isto em três das minhas matérias no blog "Debata, Desvende e Divulgue!". Pena que não tenha a mesma facilidade para prever os números que serão sorteados nas loterias…
Estão aí, a partir dos fatos e da declaração em grifo, lançadas inequivocamente as perigosas bases para uma militância evangélica político-partidária, que será muito maior até do que as do PT, porque composta de fanáticos religiosos robotizados, que acreditarão estar fazendo isso por "ordem de Deus", segredada aos pastores, bispos, apóstolos e missionários. Já chega ter de suportar Sarney, Collor, Renan Calheiros, Michel Temer e mais aquele bando de corruptos do Congresso (não estou falando de Pedro Simon, Cristovam Buarque, Suplicy e outras raras, mas honrosas exceções). Mas ter de submeter-se a outro bando que fará pior, dizendo estar roubando em nome de Deus e que até por isso terá a aprovação popular, como se fossem clones de um Robin Hood ungido?!… É ou não é de dar medo?
Fontes: IBGE (Censo Demográfico 2.000), CACP - Centro Apologético Cristão de Pesquisas, World Christian Database (arquivos VEJA), Editora Thomas Nelson Brasil /http://debatadesvendeedivulgue.com/blog/?cat=8