domingo, 21 de março de 2010
‘Meu filho se matou por causa do Santo Daime’
‘Meu filho se matou por causa do Santo Daime’
A empregada doméstica Claudetina de Almeida (foto), 42, afirma que seu filho, o João Raimundo de Almeida Júnior, ficou estranho depois que começou a frequentar uma seita do Santo Daime.
“Ele dizia ser Jesus Cristo, falava sozinho, ria sem motivo, gritava do nada.”
Até que um dia o estudante Raimundo, aos 17 anos, se suicidou ao se jogar de um viaduto.
Claudetina coloca a culpa no chá de ayahuasca, do qual seu filho teria abusado quando frequentou a Céu de Maria, igreja criada pelo cartunista Glauco em Osasco (SP).
“Ele sempre foi um menino normal até que começou a frequentar essa igreja”, disse. “Quem matou o meu filho foi o Daime.”
Glauco, 53, e o seu filho Raoni, 25, foram assassinados na madrugada do dia 12 deste mês por Carlos Eduardo Sunfeld, 24, o Cadu, um frequentador da igreja.
Cadu apresenta sintomas de esquizofrenia, cujos delírios e alucinações são potencializados pela dimetiltriptamina (DMT), uma substância encontrada no chá do Santo Daime.
Raimundo também era esquizofrênico, conforme depois a sua mãe soube depois. Como Cadu, ele acreditava ser Jesus Cristo, mas a sua mãe achava que o filho estava tomado pelo demônio.
“Custei a perceber que o problema do meu filho era de saúde”, disse ela em depoimento gravado em vídeo ao site da revista Istoé.
Ela contou que os surtos de Raimundo estavam cada vez mais frequentes. Durante um deles, disse, ele ameaçou matar a família com uma enxada.
Claudetina disse que procurou a Céu de Maria para saber o que estava ocorrendo com o seu filho. Lá, ela teria falado com Glauco, com a mulher dele, a Beatriz Galvão, a Bia, e com Juliana, a filha do casal.
“Eles me falaram que eu não precisava me preocupar, porque era totalmente normal [o que ocorria com Raimundo] e que ia passar.”
Os amigos de Glauco afirmam que ele sempre teve boas intenções. Recebia na igreja pessoas que desejavam se livrar das drogas por intermédio do uso do chá da ayahuasca, a exemplo de sua própria experiência.
Nas igrejas do Santo Daime, o devoto só pode tomar o chá após ter sido avaliado por um “padrinho”, que é, como Glauco foi, líder espiritual responsável por uma igreja.
Uma avaliação que, com certeza, falhou no caso de Cadu e no de Raimundo.