quinta-feira, 4 de março de 2010

Pesquisa polêmica: Líderes umbandistas e candomblecistas discordam de levantamento estatístico pela PUC




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quinta-feira, 4 de março de 2010
Pesquisa polêmica: Líderes umbandistas e candomblecistas discordam de levantamento estatístico pela PUC


A participação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) no 1º Censo de Terreiros do Estado do Rio de Janeiro está desagradando lideranças e adeptos das religiões afro-brasileiras. Mesmo com a formação de um conselho consultivo com 14 representantes da umbanda e do candomblé, eles protestam contra o fato de que a coordenação da pesquisa seja feita por uma instituição privada e com influência religiosa. O projeto prevê a construção de um banco de dados para o mapeamento de cada terreiro e centro de culto, com tecnologia GPS. Os dados serão disponibilizados na internet. Segundo as entidades ligadas às religiões de matriz africana, há cerca de 7 mil estabelecimentos do gênero no Rio. O objetivo da pesquisa é justamente reivindicar políticas públicas favoráveis ao segmento após a conclusão dos estudos.

Para o babalorixá Luiz de Omolu, ainda há muita resistência da Igreja em conviver com cultos afro-brasileiros: “Não é uma questão de intolerância, mas de coerência. Se o mesmo projeto fosse implementado pela Igreja Católica, com certeza não permitiriam nossa colaboração”, reclama. Segundo o religioso, o projeto deveria ser conduzido por uma universidade pública. “Respeito e reverencio todos os membros da comissão, mas essa pesquisa é de responsabilidade do Estado, a quem reivindicaremos atenção”, disse. Por sua vez, a ialorixá Márcia de Oyá estranha o interesse da PUC por informações dos terreiros.

O ministro da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, que firmou a parceria com a PUC para a pesquisa, se diz preocupado com a polêmica: “Temos hoje um governo democrático no sentido de proteger os setores mais vulneráveis da sociedade. Não há interferência da Igreja Católica nesse projeto”, afirmou. Sobre a parceria com a universidade, Santos explicou: “Buscamos uma instituição que fizesse pesquisa com qualidade. Como foi a PUC, poderia ter sido com qualquer outra”, pondera. Para o reitor da PUC, padre Jesus Hortal, o trabalho é totalmente científico e acadêmico, sem influência de classificação religiosa. “Lutamos pela igualdade racial e social. Nossa universidade possui o maior número de alunos judeus, por exemplo. Visamos promover a convivência entre todos e, para isso, precisamos conhecer a realidade”, explicou.

Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, diz que tem sido procurado por religiosos contrários à participação da PUC na pesquisa sobre os terreiros. Ele reconhece a excelência técnica e acadêmica daquela instituição, mas aponta o que chama de “insegurança” que ronda o projeto: “Há um crescente processo de satanização de outras religiões contra cultos afro-brasileiros.” Na sua opinião, a condução dos trabalhos por parte de uma universidade ligada à Igreja Católica poderia ser contaminada por esse sentimento. (Fonte: Cristianismo Hoje)
fonte:http://www.overbo.com.br