quinta-feira, 15 de julho de 2010

Denúncia de abusos a menores em Terreiros de Várzea Paulista


Denúncia de abusos a menores em Terreiros de Várzea Paulista“Mas chama a atenção a existência de muitos preservativos em locais que, em tese, são templos religiosos” – diz Ministério Público SP – O presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo (FUCESP), Pai Salum, ficou surpreso com as denúncias de que uma menina de 10 anos de idade teria sido encontrada com cortes pelo corpo e a cabeça raspada em um Terreiro de Candomblé em Várzea Paulista, a 62 km da capital paulista, e de que abusos a menores de idade, supostamente aconteceriam em outros dois Templos da cidade. O Ministério Público está investigando as denúncias recebidas pelo Conselho Tutelar da região e conseguiu na Justiça mandados de buscas nos locais.

A menina ainda teria ficado 14 dias em um Terreiro, e foi orientada a não sair do local, o que, segundo o Ministério Público, pode configurar cárcere privado. De acordo com o presidente da FUCESP, não são comuns os casos em que os participantes da religião sofrem cortes com punhais em rituais: - Nunca soube de rituais em que crianças têm a cabeça raspada. Só se isso for um ritual exclusivo dessa pessoa. E não se usa mais fazer marcações pelo corpo com punhais. Isso é uma coisa antiga e não se pode fazer com uma criança. Segundo ele, há participantes adultos do Candomblé que raspam a cabeça, mas isso é cada vez mais raro. A federação não recomenda esse tipo de coisa - afirmou Pai Salum.

De acordo com o Jornal “O Globo”, os cortes teriam sido feitos com uma navalha pela mãe da jovem, orientada pelo Pai-de-Santo do local, que disse ao promotor que a criança passava por um ritual de proteção. Segundo o Ministério Público, a menor estaria dormindo numa esteira no chão e faltando à escola, e foi informada de que se saísse, "algo de ruim poderia acontecer". Sobre o fato de terem sido encontrados DVDs, revistas pornográficas e camisinhas em dois templos de Várzea Paulista, Pai Salum disse que se trata de "coisa de louco". Ele informou que os isolamentos de praticantes do Candomblé podem ser feitos em alguns casos, mas com adultos e com duração máxima de uma semana.

A polícia abriu inquérito para apurar o caso: - Vamos ouvir todos os envolvidos nos três casos, em detalhes. Mas chama a atenção a existência de muitos preservativos em locais que, em tese, são templos religiosos. Pai Salum teme que a imagem do Candomblé fique prejudicada com as denúncias e admite que não é possível ter um controle do que acontece em todos os Terreiros: - Se isso começar a surgir, vai ficar ruim para nós. Mas a religião é livre, cada um faz o que quer. Nós recomendamos não fazer certas coisas -A FUCESP representa cerca de dois mil templos de Candomblé e Umbanda no estado de São Paulo.

Fonte: O Globo
Márcio Gualberto