terça-feira, 27 de julho de 2010
Polícia reconstitui agressão à vigilante negro no Carrefour de Osasco (SP)
Polícia reconstitui agressão à vigilante negro no Carrefour de Osasco (SP)
TATIANA SANTIAGO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Após quase um ano da agressão contra o vigilante Januário Alves de Santana, 40, no supermercado Carrefour em Osasco (Grande SP), será feita a reconstituição do crime, na manhã desta terça-feira. Santana, que é negro, afirma ter sido vítima de racismo.
Na época, a vítima foi espancada após ter sido confundida com um assaltante, quando tentava entrar em seu carro --um Ford EcoSport--, que estava parado no estacionamento, no dia 7 de agosto. O carro estava registrado no nome da mulher de Santana, que fazia compras no mercado com os dois filhos do casal.
A reconstituição está marcada para começar às 10h e terá a participação dos cinco seguranças que agrediram Santana e de dois policiais que insultaram o vigilante, ao invés de socorrê-lo. É a primeira vez que a vítima e os agressores se encontram.
"A burocracia do Estado faz com que a Justiça tarde", diz o advogado de defesa Dojival Vieira. As imagens do circuito de segurança, encaminhadas para perícia na época, tiveram o laudo emitido somente em março deste ano.
Segundo ele, inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal, mas deveria ter sido apurado como tortura.
"Até agora o inquérito do caso não foi concluído. No início, foi classificado como lesão corporal dolosa, mas eu pedi que fosse incluído como crime de tortura", diz Vieira. Com as agressões, o vigilante quebrou o maxilar e teve que passar por uma cirurgia. Ele não foi socorrido e foi dirigindo até o hospital.
O Carrefour informou que afastou a gerência de sua loja em Osasco (Grande São Paulo) e substituiu a empresa que prestava serviços de segurança para o supermercado após o relato do cliente.
A Polícia Militar abriu um procedimento interno para apurar se policiais que atenderam Santana foram negligentes na hora de prestar socorro ao vigilante após a agressão.
O inquérito está sendo apurado pela delegada do 9º DP de Osasco (Grande SP), Rosângela da Silva.