segunda-feira, 14 de junho de 2010

Famílias de vítimas de diarréia vão processar o guru do laxante


Famílias de vítimas de diarréia vão processar o guru do laxante


No início deste mês, foi um corre-corre no Hospital e Maternidade Emed, em Caieiras, Grande São Paulo, para socorrer 18 jovens com diarréia, desidratação e confusão mental.

Eles tinham se submetido à técnica de limpeza corporal do guru de ioga Cristóvão de Oliveira (foto), 43, dono do Centro Vydia, que fica na Serra da Cantareira, entre São Paulo e Mairiporã. O guru também teve de ser medicado.

Cada um dos jovens pagou R$ 3 mil para, durante um retiro espiritual de 30 dias, tomar por dia entre 40 a 60 litros de chá de uma planta laxante, o sene, originária do Sul da Índia. Em quantidade adequada, esse chá é indicado a quem tem prisão de ventre.

O guru da Cantareira não sabe que o rim de uma pessoa filtra por dia no máximo 8 litros de líquido. Quem ingerir mais do que isso corre risco de danos no rim e lesões cerebrais e pode até morrer, afirmou ao Estadão o médico Arnaldo Lichtenstein, clínico-geral do Hospital das Clínicas.

Contratado por familiares dos jovens, o advogado Ismar Marcílio de Freitas diz que vai processar Oliveira por curandeirismo e prática ilegal de medicina.

O guru do laxante não quis falar ao Estadão nem à Veja, que nesta semana também noticia o episódio da diarréia coletiva.

Oliveira é conhecido entre artistas e famosos. Já passaram pelo Centro Vydia celebridades como Luciana Gimenez, Fernanda Lima e Fernanda Torres e Pedro Paulo Diniz, filho de Abílio, dono do grupo Pão de Açúcar. Fernanda Lima gravou um DVD em parceria com o guru.

Entre as vítimas da técnica do laxante, o caso mais grave foi o de Badu Nogueira, 27. Transferido para a UTI do Hospital de Franco da Rocha, os médicos tiveram de entubá-lo, para que pudesse respirar. Quando teve alta, cinco dias depois, Nogueira voltou ao retiro, para seu cubículo no “ashram” (foto), o que, na Índia antiga, explica o site do Centro Vydia, “era para onde os eremitas e homens santos iam a fim de viver em paz e tranquilidade com a natureza”.

Tranqüilidade é o que Cristóvão de Oliveira não vai ter daqui para frente, e não só por causa da acusação de praticar curadeirismo e da suspeita de haver droga no Vydia.

Oito mulheres entre as vítimas da diarréia disseram à polícia que sofreram abuso sexual durante massagens do guru para desatar “nós emocionais”, ao custo de R$ 230 por sessão.

Uma delas disse à Veja: “Na segunda semana de massagem, [ele] começou a tentar fazer sexo comigo. Afirmava que eu era perversa, que tinha problemas com a minha sexualidade e precisava deixá-lo me curar. Eu negava, mas ele insistia. Depois de três semanas, aconteceu".
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