segunda-feira, 21 de junho de 2010
Tempo - Zará Tempo ô!
Tempo - Zará Tempo ô! Quatro é o número da Terra; quatro foram os dias que Olorum levou para criar o mundo; a cada dia, Olorum criou quatro Odus – num total de 16; quatro são as estações do ano: verão, inverno, outono e primavera; quatro são os elementos da natureza: fogo, água, terra e ar. Ligado a este número, está o Orixá Tempo – de origem Angola e Congo – semelhante ao Iroko, da Nação Ketu e a Loko, de Nação Jeje. Tempo é o senhor das estações do ano; regente das mutações climáticas. Está ligado ao frio, ao calor, à seca, às tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável. Tempo está relacionado e vinculado ao meio ambiente, pois qualquer choque ambiental tem a sua regência ameaçada. O Tempo é a Natureza pura!
Nas casas de Angola, Tempo é reverenciado como o Pai da Maionga, do banho astral, que vai purificar o corpo dos seguidores e iniciados no culto. Momento, também, de maior purificação, feita através do banho com ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, de mina e de chuva, etc.
Tempo está sempre em movimento, entre uma e outra extremidade dos pólos. Ora está em Exu – equilíbrio negativo do Universo – ora está em Oxalá – equilíbrio positivo do Universo; ora intermediário entre um e outro pólo. Tempo é equilíbrio e desequilíbrio, ao mesmo tempo. Ele é o segundo, o minuto, a hora, os dias....o tempo!
O Tempo rege as estações do ano: Tempo é o outono: período de mudança das plantas, dos ventos fortes, do clima meio nublado, sem beleza, mas de fundamental importância para o surgimento de um novo ciclo de vida.
Tempo é inverno: período de frio, chuvas permanentes, ambiente gelado e úmido.
Tempo é verão: período de forte calor, de sol escaldante, de seca, de estiagem.
Tempo é primavera: período da beleza das plantas, do nascimento e do desabrochar das flores, do clima agradável, do frio gostoso e do sol morno, sadio; período em que a Natureza é mais colorida e talvez mais bela de ser ver. Tempo é o passeio por todas essas estações.
Tempo é a escala do tempo, por isso sua ferramenta é uma escada, em referencia ao crescimento do tempo em nossa volta. É a energia em constante deslocamento nos quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste.
O TEMPO na história da humanidade
O ternário sagrado, ZÂMBI, OXALUFÃ e ZAMBIRA (Ifá) têm reuniões constantes , onde são convocados todos os Orixás: Oxum, Iemanjá, Iansã, Nanã, Ogum, Oxossi, Xangô, Oxumarê, Ossayin, etc, onde sempre está o assessor direto de Zâmbi, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente nas suas ações com a humanidade. É o Orixá TEMPO, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha e cobra o cumprimento dos caminhos de cada um, determinando o início e o sem fim de tudo. Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilônia como ENKI, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascedouro ao infinito; cultuado no Egito como ANÚBIS, o deus Chacal que determina a caminhada infinda dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte (Livro dos Mortos - Egito). Também venerado como TEOTIHACAN entre os Incas e VIRACOCHA entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; não podemos esquecer do Panteon Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como CRONUS, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz à todos inexoravelmente a caminho da Eternidade.
Mitologia
Os Angolas e os Congos, contam uma lenda sobre o Inkice Tempo. Diziam que ele era um homem muito agitado, que resolvia varias coisas ao mesmo tempo e que realiza várias tarefas de uma só vez. Reclamava, entretanto, que o dia era muito pequeno e que não conseguia realizar tudo aquilo que desejava, nos prazos estabelecidos por ele mesmo. Reclamava demais. Cobrava de Zambi (Oxalá nas nações Angola e Congo) ter nascido lento e incapaz de realizar tudo o que pretendia, mesmo que, na realidade, fosse um homem forte, veloz, astuto e competente. Mesmo assim, não se considerava capacitado para realizar seus objetivos e acusava Zambi de ter feito o dia muito pequeno.
Um dia, Zambi lhe disse:
- Você e muito afoito. Parece que errei em sua criação, pois você não se conforma com o eu feito.
E ele retrucou a Zambi:
- Não tenho culpa se o Senhor, Pai, fez o dia tão pequeno. As horas são tão miúdas que não dá tempo para realizar tudo aquilo que planejo!
E Zambi, aborrecido, mas admirado pela coragem do seu filho, determinou então:
- Já que você considera que o tempo é pequeno, passará,então,a controlá-lo e administrando o verão, o inverno, o outono e a primavera. Andará, então, pelo fogo, pela água, pela terra e pelo ar. Não terá, mas problemas de tempo. Será, então conhecido com Tempo e regerá os movimentos da Natureza.
E, na terra, o povo clama o seu Inkice entoando a cantiga:
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para trabalhar...
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para comer...
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para beber...
“ E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para viver...”
Fonte: Pesquisa: Grupo de Estudos-2010
Revista Planeta