sexta-feira, 18 de junho de 2010
Morre Saramago, o escritor para quem a Bíblia era idiotice
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Morreu na manhã desta sexta (18), nas Ilhas Canárias (Espanha), escritor José Saramago (foto), aos 87 anos.
Embora tenha ganhado o Prêmio Nobel, o único até agora da literatura em português, Saramago, como escritor, está longe da unanimidade: seus livros dividem críticos e leitores em geral.
Mas em algo todos – afetos e desafetos – concordam: comunista e ateu, o escritor português era um implacável crítico das religiões, principalmente do cristianismo, o que fica claro em alguns de seus livros, como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”.
Como seu jeito suave de falar, Saramago dizia coisas que enfureciam os religiosos, como “a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".
Para ele, A Bíblia é uma loucura, porque “passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a visão dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável.”
Irônico, ele afirmava que, mesmo assim, as pessoas deveriam ler a Bíblia – “para perder a fé”. Mas não recomendava a leitura aos adolescentes porque está cheia de “maus conselho, como incestos, matanças”.
Ele costumava falar sobre a “idiotice” do inferno eterno do catolicismo. “Os humanos são muito mais misericordiosos [do que o Deus cristão]. Quando alguém comete um delito, vai cinco, dez ou 15 anos para a prisão, para depois ser reintegrado na sociedade”.
Dizia ser um absurdo a criação do universo conforme descreve a Bíblia. “Deus decidiu criar o universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou no sétimo. E está descansando até hoje! Nunca mais fez nada. Isto tem algum sentido?”
Suas críticas à Bíblia se estendiam a todo texto considerado como sagrado. “Imaginar que o Corão é de inspiração divina? Como? Que canal de comunicação tenha Maomé com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que devia escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos.”
Não dá para fugir da frase-clichê “Saramago vai fazer falta”. Principalmente porque o fanatismo religioso se fortalece dia a dia, sequestrando corações e mentes.
Com informações do jornal português Público.
FONTE:paulolopsweblog