segunda-feira, 21 de junho de 2010
Quem é de Axé, Diz que é (Censo 2010)
Quem é de Axé, Diz que é (Censo 2010) Saiba mais sobre a importância dos adeptos afros, assumirem suas crenças no Censo 2010 Atenção! O 12º Censo Demográfico, já está aí. Começa em agosto. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai realizar a coleta de dados que irá compor o mais completo retrato da população brasileira. Pela primeira vez o Censo vai incorporar os itens “raça e etnia” na pesquisa feita pelos recenseadores em todos os domicílios residenciais. Até agora, os dados divulgados pelo IBGE sobre essa temática eram realizados apenas por amostragem. Portanto, a desagregação dos dados por raça e etnia deverá influenciar no aperfeiçoamento das políticas públicas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial e étnica no Brasil. Neste sentido, opinião pública precisa ter acesso às informações e ser sensibilizada a partir da produção de conteúdos que viabilizem as condições sócio-econômicas de afro-descendentes e indígenas no país.
Com relação às Religiões Afro-Brasileiras, o número de adeptos que se declararam “filhos de santo” no último censo (2000), é 20 vezes menor que o real, totalizando somente 6.859 habitantes. O grande desafio, agora, é conscientizar os adeptos das Religiões Afro-Brasileiras a se declararem “do Santo” neste próximo censo. Por medo de retaliação no ambiente de trabalho ou até mesmo de amigos, muita gente acaba se declarando pertencente a religiões cristãs ou mesmo ao espiritismo, que é diretamente associado ao Kardecismo. O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU apoiou em 2009, a mobilização de afrodescendentes para os censos de 2010 e o Brasil liderou a articulação internacional para desagregação de dados por raça e etnia.
Há relatos de Sacerdotes das Religiões Afro-Brasileiras, de que vem crescendo, ano a ano, o orgulho de se assumir “do Santo”. Entretanto, muitos deles afirmam que, a maioria das pessoas que procura atendimento, ainda se autodenomina como “simpatizante” e não adepto da religião. Entre os jovens, muitos acabam engrossando a fileira dos espíritas e não dos Afro-Religiosos. Na escola e entre amigos, não tão íntimos, eles dizem que são espíritas por receio de sofrer preconceito.
O lançamento da Campanha “Quem é de Axé, diz que é”, vem se estendendo por todo o Brasil. Na cerimônia ocorrida recentemente no Rio de Janeiro, foi assinado o convênio entre a SUPERDIR (Superintendência de Direitos Humanos Coletivos e Difusos) e a SEPPIR criando o Centro de Referência de Enfrentamento à Intolerância Religiosa e a Promoção dos Direitos Humanos e do termo de compromisso para apoio ao projeto de catalogação de peças religiosas afro-brasileiras que foram seqüestradas nas décadas de 30 e 40, durante a ditadura militar. O coordenador de Política Institucional do CEN (Coletivo de Entidades Negras) e elaborador da campanha, Marcio Alexandre M. Gualberto, apresentou a mesma aos presentes. Portanto, quando o IBGE perguntar sobre sua religião, diga com clareza: “Eu sou do Candomblé ou da Umbanda. Sou do Axé”
Fonte: Jornalistas