terça-feira, 30 de agosto de 2011
Baobá, a testemunha viva de nosso tempo
30.08.11
Um dos grandes legados da África ao mundo é sem duvida o Baobá, uma das árvores que tem o maior tempo de vida na terra, um referencial simbólico da longevidade e, sobretudo de ancestralidade, algumas espécies chegam a ter mais de 3.000 mil anos, testemunharam em seu “silêncio” todo processo histórico do ser humano, e que tem sua origem em Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Zimbábue, Botsuana e Senegal onde é o principal símbolo deste pais. Provavelmente chegou ao Brasil juntamente com a entrada de milhões de negros e negras que aqui chegaram como mão de obra escrava, O Conde Mauricio de Nassau plantou alguns exemplares em seu jardim Botânico, há registro que o Dr. Manuel Arruda da Câmara escreveu ao Príncipe regente em 1810 aconselhando a introdução da árvore no Brasil.
Em 1874 Francisco Augusto da Costa descreve o Baobá existente na Praça da República em matéria do Diário de Pernambuco no dia 12 de maio. Pernambuco hoje é o território de maior concentração de Baobás do mundo depois da África e para os Afros Descendentes, representa a manutenção de sua memória histórica e cultural. Em todos os cantos do Brasil existiu a presença de negros, seja na dança, culinária, tecnologia, linguagem, expressões da cultura popular, uma verdadeira simbiose cultural, estruturada pelas várias etnias que aqui chegaram e todas sem exceção têm no Baobá algum referencial simbólico, seja ele cultural, religioso ou étnico. Era nas sombras dos imensos Baobás que a história das etnias eram repassadas pelos “Griôs” ou Kibandas, anciãos responsáveis pela manutenção da história local, um verdadeiro arquivo vivo e o grande Baobá era a testemunha do tempo.
Plantar um Baobá significa fortalecer a luta pela reparação dos povos afros descendentes, que durante muitos anos foram excluídos de qualquer implementação de políticas públicas direcionadas a valorização e reconhecimento da Cultura Afro-Brasileira, como plantam os pesquisadores Professor Osvaldo Martins Engenheiro-Agronômo da Universidade Federal Rural de PE e membro da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Fernando Batista da Universidade Federal de PE comprometidos com a preservação e difusão desta arvore, bem como a Professora Célia Cabral da Costa Arruda que efetivam ações afirmativas para implementação da lei 11.639/2007. O Decreto federal 5.5795/1995 que institui o Dia Nacional do Baobá em 19 de junho.
Baseado em texto de João Monteiro - Historiador, Especialista em Preservação de Acervos
Coordenação do Quilombo Cultural Malunguinho