sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Casarão é lacrado após sacrifício de animais na zona sul de SP



19/08/2011 - 10h48

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Nos últimos dois anos, uma mistura de sons cortava as madrugadas na rua Miranda Guerra, no Jardim Petrópolis, área nobre na zona sul de São Paulo. As cantorias e o batuque dos atabaques eram misturados ao balir de cabras, ao bodejar de bodes, ao roncar de porcos e ao cacarejar de galinhas.

A barulheira só acabava entre as 3h e as 4h, quando se encerravam os cultos de quimbanda (uma religião afro-brasileira) realizados em um casarão de 522 m², avaliado em R$ 2,5 milhões.

No local, dizem vizinhos e membros de associações de moradores, havia o sacrifício constante de animais. Até os lixeiros com quem a Folha conversou reclamaram dos restos mortais que tinham de recolher quase todos os dias.

"Era uma bagunça. Não temos nada contra a religião das pessoas que vivem lá, mas isso tem que ser feito em um lugar adequado, e não em uma área residencial", disse Olívia Costa, membro da associação de moradores. Conforme os vizinhos, entre 20 e 50 pessoas se reuniam em cada culto.

LOCAL ESPECÍFICO

Na última terça-feira, fiscais da subprefeitura lacraram o imóvel com blocos de concreto na entrada. "Identificamos que havia atividade religiosa em área estritamente residencial, o que é proibido", disse o supervisor interino da Subprefeitura de Santo Amaro, Rogério Alves.

Desde o ano passado, ao menos seis multas totalizando quase R$ 30 mil foram emitidas para o dono do imóvel, Radyr Pontes. Nenhuma foi paga e um processo judicial foi aberto para cobrá-lo.

Policiais acompanharam os fiscais, mas, no dia da ação, não flagraram o sacrifício ou maus-tratos a animais. Doutora em sociologia e pesquisadora de religiões afro-brasileiras, Solange Vaini diz que o sacrifício de animais para fins religiosos, como na quimbanda, não é ilegal, mas só pode ser realizado em locais específicos.

"Se a coisa for feita de forma legalizada, não tem problema. Ainda há um certo preconceito com essas religiões. Por que quando o barulho é em uma igreja evangélica o rigor é diferente?"

OUTRO LADO

Procurado por meio de dois advogados, o dono do imóvel não foi encontrado. De acordo com moradores do bairro, apesar de Pontes ser o dono da casa, quem vive lá são sua ex-mulher e um companheiro dela. Ontem a reportagem não os localizou. Aos fiscais eles negaram realizar cultos abertos ao público e disseram que só seus familiares vão à casa.

Colaborou EDUARDO GERAQUE
Folha On Line

comentário

A notíca é no mínimo muito estranha, até por que, carece de maiores detalhes, não ficou claro se o local, o tal "casarão',é na realidade um terreiro de quimbanda. A apuração deve ser rigorosa, no sntido de provar que os responsáveis pelo tal "casarão", efetivamente deixavam restos mortais de animais putrefatos nos seus arredores, onde está a prova? Quem viu? Se viu, procurou pelo menos tirar uma foto das tais carcaças,? A notícia fala dos garis que tinham que recolher restos de animais, mas não disseram se esses restos de animais estavam acondicionados em sacos de lixo devidamente lacrados, ou não.

Quanto ao sacrifício de animais dentro da religião afro, muito já se discutiu sobre o tema, porém, a nossa Constituição Federal no artigo 5º fornece o respaldo legal para este ato, que é tido como um ato de religiosidde, atinente ao culto aos orixás, voduns, nkissis e espíritos de luz, dentre estes, o poderoso Exu Egum, muito atacado pelos evangélicos, que o alcunham de demônio entre outros apelidos.

Quanto a afirmação de que o local não é edequado para que se construa um terreiro afro, é uma sandice, posto que, se assim fosse não existiriam igrejas evangélicas e católicas em todo e qualquer bairro, seja ele residencial ou não. Então por que a discriminação com o culto afro? O que se exige de qualquer templo religioso é que este respeite o sosssego público, que não pode ultrapassar os 85 decibeis de som. Não existindo assim, qualquer proibição quanto ao toque de tabaques, pois a manifestação religisosa é livre em todo o território nacional. Pois se assim, não for, por que a as autoridades municipais ainda não lacraram sabe deus quantas igrejas evangélicas baraulhentas, que adentram também na madrugada?

Por outro lado, se comprovado ficar que os responsáveis pelo tal terreiro de quimbanda, usam dessas práticas de deixar carcaças de animais putrefatos no derredor da sua casa de quimbanda, estes, precisam ser punidos na forma da lei. Por outro lado, o culto afro brasiliro, através das suas instituições religiosas estabelece normas quanto a realização de cultos e sacrifício de animais, que são imolados aos deuses do panteão africano. Até por que, os animais ofertados, deles tudo se aproveita, do sangue ao couro, nada é jogado no lixo, a carne é ofertada aos seguidores no repasto sacrificial (refeição conjunta).
Somente os animais ofertados nos chamados "ebós ikus" é que são despachados, mesmo assim, em locais previamente escolhidos ou determinados, e nunca jogados no lixo, como se lixo comum fosse. Se ficar provado que essa tal casa de quimbanda não seguia estas regras, pau neles!

Outro trecho da natícia nos chama a atenção, é aquele do primeiro parágrafo: "
Nos últimos dois anos, uma mistura de sons cortava as madrugadas na rua Miranda Guerra, no Jardim Petrópolis, área nobre na zona sul de São Paulo. As cantorias e o batuque dos atabaques eram misturados ao balir de cabras, ao bodejar de bodes, ao roncar de porcos e ao cacarejar de galinhas.
Que que isso meu Deus? Isso denota mais um baile de animais ao som de atabaques, do que um ritual afro propriamente dito. Ora, nos poupem de tanta sandice.


João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá