quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Desconhecido Orixá Okê (Olooke, Oloroke) O Orixá do Monte, das Montanhas


O Desconhecido Orixá Okê (Olooke, Oloroke) O Orixá do Monte, das Montanhas... E sobre o monte a vida do homem é possível Entre os Orixás, existe um chamado Orixá Okê. Entre todos os Okê, existe um mestre muito importante de nome Oloke, o dono e senhor das montanhas. Anteriormente existiam vários outros Okê junto com ele. Eles também são muito importantes e não se deve brincar com eles, já que representam a justiça acima de qualquer coisa. Sua importância se deve muito ao fato de que todos os Orixás que chegaram no tempo da criação, desceram à Terra por intermédio de Oloke. Okê foi a primeira ligação entre Orun e Aiye (Céu e Terra), sendo que ele foi a primeira terra firme, uma montanha que elevou-se do fundo do mar a pedido de Olodumare e com a ajuda de Oroina e resfriada por Olokun..
Conta o mito dos tempos da criação que no principio do mundo, só reinava Yeye Olokun, a deusa do oceano avó de Ya Olokun e bisavó de Yemoja, e Olodumare. O Deus supremo estava aborrecido com tanta monotonia de só haver água cobrindo tudo, então ordenou a Oroina, o Fogo Universal, matéria de origem do sol, a lava vulcânica contida nas entranhas da terra, a fazer surgir com a força vital da existência que lhe deu Olodumare, a primeira colina do fundo do mar que cresceu em forma de um vulcão em erupção lançando lava que ela (Oroina), com a ajuda de Oloke, Aganju, e Igbona, traziam das profundezas da terra e que eram resfriadas por Olokun. Foi assim que nasceu Okê, a montanha, divindade que também é conhecida como Oloke, o dono e senhor da montanha.
Logo Olodumare, o universo com todos os seus elementos, reuniu todos os demais Orixás Funfun em Okê e determinou a cada um, o seu domínio na criação da vida. Chegaram primeiro Obatala e Yemu (Oduaremu). Após a chegada de Obatala e sua esposa Yemu, chegaram os outros Orixás Funfun, sendo um muito especial: Akafojiyan que com seu irmão Danko (ou Ndako) encabeçou os demais vindo a frente e este último passou a habitar os bambuzais brancos. Chegaram Ogiyan, Olufon, Osafuru, Baba Ajala, Olufande, Orixá Ikere e todos os demais Orixás Funfun. Após a chegada dos Orixás, era a vez dos Ebora e a cada um foi dada por Olodumare uma função na terra.
Sem Oloke nenhuma divindade teria chegado à Terra e sendo ele a primeira terra firme, sempre se deve recorda-lo e fazer-lhe oferendas, pois o que aconteceria se ele resolvesse voltar para Okun. Epa mole.
Oloke é a colina, tudo que é elevado e alto, a lava vulcânica também lhe pertence e é a divindade de todas as montanhas da terra, sendo ainda a força e o guardião de todos os Orixás. É inseparável de Obatala. A arvore Ose (Baobá) é também sua representação e seu arbusto de culto, pois a grandiosidade do Baobá, sua altura, sua magnitude, a idade de até 6000 anos que pode viver, sua solidez faz dela a arvore escolhida por Oloke para seu culto. No Brasil por existirem poucos Baoba passou-se a cultuar Oloke ao pé da gameleira branca que serve de culto também para Iroko, mas um Orixá não tem nada a ver com o outro.
Na África, até os dias atuais, este Orixá é tido como de muita importância, sendo temido e seus festivais anuais, os “Semuregede”, atraem grande numero de fieis que acreditam que Oloke trará prosperidade e paz pelo ano todo. Seus ritos são sete e dois deles são os pontos culminantes que é a oferenda no arbusto na floresta sagrada e sua saída à rua acompanhado de seus adoradores onde as pessoas prostram-se com a cabeça no chão em sinal de grande respeito e temor perante um Orixá tão poderoso. Os não iniciados escondem-se dentro das casas, assim como as mulheres grávidas e crianças que não fazem parte do Egbe. Aquele que pode dirigir-se a Oloke e conversar, fazer pedidos a ele, chama-se Baba Elejoka.
Oloke é o guardião de muitos povos no Ekiti (Nigéria), e lá estão localizadas as maiores rochas onde se praticam seu culto. E o mito continua: Quando tudo já estava funcionando com cada Orixá e Ebora com suas funções sendo executadas, eis que Olokun julgou que havia sido prejudicada perdendo espaço para as outras divindades e então Olokun resolveu retomar o espaço que ocupava anteriormente invadindo as terras. Muitos seres que já haviam sido criados morreram com ira de Olokun. Olodumare vendo o que estava acontecendo novamente deu ordens a Oroina, Aganju, Igbona e Oloke para que fizessem uma cadeia de montanhas que isolasse Olokun em seu espaço e assim com a força destes Orixás, as montanhas isolaram Okun mas Olokun insistia em invadir desafiando assim as ordens de Olodumare, que, enfurecido condenou Olokun a viver nas partes mais profundas do Oceano e ainda a acorrentou dando a ela um mensageiro que era uma grande serpente marinha de tamanho nunca antes visto.
E deu a Olokun uma Ilha onde sua mensageira viria receber as oferendas para levar até Olokun. Após muito tempo nesta situação, já com a terra e a criação reconstruída, Olokun pediu a Olodumare que a deixasse livre mas os seres que viviam na terra deveriam lhe fazer uma oferenda diária de um ser humano em troca do espaço perdido e que lhe pertencia. Olodumare concordou mas ela deveria permanecer no fundo de Okun e apenas de tempos em tempos poderia vir à superfície em sua ilha e quanto às oferendas diárias, seria a grande serpente, sua mensageira quem lhe entregaria.
Com a invasão de Olokun os primeiros seres que haviam sido criados foram todos tragados pelas águas, mas estes primeiros seres eram defeituosos e mal acabados pois eram as primeiras experiências dos Orixás que puderam então fazer seres mais aprimorados que desenvolveram as civilizações.
Oloke criou vários lugares para sua adoração, mas sua cidade principal foi Okiti Ikole onde era adorado em um grande Ose (baoba). Ekiti, é seu grande celeiro. Oloke também é uma criatura branca complexa e sendo assim veste branco e seu rosto não deve ser encarado por nenhum mortal. O Orixá também não quer ver os olhos das pessoas pois não confia nelas e assim reserva-se debaixo de um Ala.
Oloke esta sempre presente nos festivais de Yeye Olokun e de Obatala. Seu toque principal no tambor “D’Água”, lembra muito o Aluja tocado para Xangô, porém mais cadenciado. A dança é muito valorizada pela beleza, e os movimentos tornam-se mais lentos para que possam ser executados com muito mais graça. Ele dança também o ritmo Ijexá, isto tanto na África quanto no Brasil. No festival de Oloke em todo Ekiti, na semana que antecede o festival o Egun de Oloke é quem sai a rua para dançar.
Na semana seguinte é o festival do Orixá que reúne grande numero de fieis e em alguns ritos é proibido a presença de mulheres e crianças, pois, as mulheres não podem sequer tocar no Igbá do Orixá. Elas são consideradas escravas de Oloke e podem apenas cantar para ele e neste momento quem devem cantar são apenas as mulheres. Elas podem também ser iniciadas para Oloke, porém não podem por a mão no próprio assento de seu Orixá, tendo que imediatamente ser confirmado um homem que fará as funções.
Um Orixá acompanha muito Oloke ao ponto de levar em seu nome o nome do Orixá: Ogun Oloke ou Ogun Oke pouco conhecido no Brasil. Este Ogun viveu ao lado de Oloke e é quem dá caminhos a Oloke. Ogun foi quem abriu os caminhos para Oloke vir para as terras baixas e participar do convívio das pessoas.

Fonte: Axé Oloroke