sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pretas recebem menos anestesia



Marcelo Rubens Paiva – O Estado de S.Paulo

As grosserias do deputado Bolsonaro (PP-RJ), representante e sobrevivente da extrema-direita brasileira, e a confusão bíblica do seu colega pastor Marco Feliciano (PSC-SP) – que tuitou que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”, e que “a África sofre com a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids” – só foram feitas porque há “proteção” do foro privilegiado e a deturpação do seu sentido. Ele garante o exercício da livre expressão, mas não o direito de incitar o preconceito e a intolerância.

O racismo no Brasil existe e, pior, é um caso de saúde pública, segundo dados publicados por Maria do Carmo Leal, Silvana Granado Nogueira da Gama e Cynthia Braga da Cunha na Revista de Saúde Pública da USP. O debate sobre as desigualdades raciais e suas consequências na saúde é recente. Foi só no fim dos anos 90 que começou a coleta de informação sobre a cor da pele na declaração de óbito e nascido vivo, graças a uma portaria de 1999. Então, a inclusão do campo raça/cor com os atributos adotados pelo IBGE entrou no sistema de dados do Ministério da Saúde.

O que se descobriu foi que os piores indicadores de mortalidade materna no parto são apresentados por mães pretas: cerca de sete vezes maior (275 por 100 mil nascidos vivos) do que entre mulheres brancas (43 por 100 mil nascidos). Pretos e pardos morrem cerca de duas vezes mais por agressões do que brancos: 136, 111, e 72 por 100 mil habitantes respectivamente.

No perfil de mortalidade nos homens pretos entre 40 e 69 anos, doenças cerebrovasculares predominam, mais associadas à pobreza em períodos precoces da vida, do que doenças do coração, que representam a primeira causa de óbito entre brancos.

Nas mulheres pretas entre 40 e 69 anos, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares (115 por 100 mil) é cerca de duas vezes maior do que entre brancas (58 por 100 mil). A mortalidade por doença hipertensiva e por diabetes é muito mais expressiva entre as mulheres pretas.

No parto, as mulheres de cor preta e parda são majoritariamente atendidas em estabelecimentos públicos, 58,9% e 46,9%, e nas maternidades conveniadas com o SUS, 29,6% e 32,0%. As brancas, ao contrário, quase a metade, 43,7%, tiveram seus partos realizados em maternidades privadas.

Foi elevada a proporção de mulheres pardas e negras que não conseguiram receber assistência na primeira maternidade procurada. A peregrinação em busca de atendimento foi de 31,8% entre as negras, e 18,5% nas brancas.

A anestesia foi amplamente utilizada para o parto vaginal nos dois grupos. Porém, a proporção de puérperas que não tiveram acesso a esse procedimento foi maior entre as pardas, 16,4% e negras, 21,8%. No momento do parto, foram mais penalizadas por não serem aceitas na primeira maternidade que procuraram e, incrivelmente, receberam menos anestesia.

***

Entre numa agência bancária privada e repare como os atendentes parecem saídos de uma mesma forma. São magros, simpáticos, com sorriso digno de anúncio de pasta de dente, razoavelmente bem vestidos e, na maioria, brancos.

Entre numa agência do Banco do Brasil ou Caixa Econômica. Não seguem um padrão estético. Atrás do balcão circulam velhos, gordos, negros com tranças, pessoas bonitas ou não. “Gosto de vir aqui porque vejo pessoas normais”, eu disse à gerente do BB.

Na primeira leva de empresas, a contratação é feita após uma entrevista, em que o contato visual é estabelecido por um departamento de RH. Há o filtro da forma paralelo ao da competência. Na leva de empresas públicas, a contratação é automatizada por um concurso, que dá invisibilidade ao funcionário. O conhecimento, o acerto das questões, traduzido por competência, leva à contratação.

A licença poética de que “beleza é fundamental” se transformou numa norma empresarial endêmica. Outro teste? Repare nas estagiárias contratadas por qualquer empresa do mercado corporativo. Como o trabalho é por um período temporário, elas podem ser gatinhas e gostosas, que se relevam as habilidades. Todos os escritórios têm uma. Entre numa loja de roupas. Atente aos comissários de bordo. Garçom negro? Nem pensar. Garçom gordo? Jamais!

Ligue a TV e veja apresentadoras ou repórteres de telejornal. O gordo na tela de TV ou é humorista ou animador de programa de auditório. Muitos são ainda pressionados a fazer operações arriscadas de redução de estômago em Minas. Há exceções. Mas parece evidente que se prioriza o olhar, não o ouvido, para o bom andamento das relações trabalhistas. Nos transformamos numa sociedade que, além de racista, é obcecada pela beleza e barriga tanquinho.

Leo Jaime foi mais longe. “Gordo é o novo preto”, escreveu no seu blog, inspirado no manifesto americano “Fat is the new black”: “Ao longo dos anos ouvi, e ainda ouço, inúmeros “nãos” profissionais com a justificativa de que minha aparência não é boa, preciso perder peso, pareço decadente, etc”.

“Passei 18 anos sem gravar um CD com minhas composições e percebi que ninguém se interessava em sequer ouvir as novas canções. Embora eu já tivesse emplacado várias no nosso cancioneiro, parecia que estava claro para todo mundo que a minha barriga tinha substituído o meu talento.”

Leo ainda lembra que o preconceito contra os gordos é o único tolerado hoje em dia. “Todos são ou vão ser gordos, ou gostar de um gordo, ou admirar um gordo, ou ter prazer com um, seja em que nível for. Conviva com esta ideia, amigo ou amiga. Não são os bonitos os que vão dar prazer, mas aqueles que querem dar prazer e vão se esforçar para que você se dê conta disto. E, acredite, portadores de deficiências, magrinhos, carecas, altos, baixos, estão todos no páreo.”

Fator previdenciário diminui sobrevida de afrodescendentes, diz relatório

Com menor acesso à Previdência Social, os afrodescendentes tem menor esperança de sobrevida no país. É o que aponta a segunda edição do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, lançado hoje pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os dados que deram base ao estudo são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Segundo a pesquisa, que tabula dados referentes a 2008, 44,7% dos autodeclarados pretos ou pardos economicamente ativos no país não estavam protegidos pela Previdência Social. Entre os autodeclarados brancos, esse índice caiu para 34,5% (mulheres são negativamente mais afetadas do que os homens). Em todo o país, a esperança de vida dos afrodescendentes de ambos os sexos era de 67,03 anos. Entre os autodeclarados brancos, esse número subiu para 73,13 anos.

“Dentro das faixas de idade do estudo, em vários intervalos, os negros tem taxa de sobrevida menor em relação aos brancos. Acima dos 80 anos, o peso relativo dos negros cai para 30%. Com sobrevida menor, menos negros serão beneficiados. Como as taxas de informalidade são maiores entre os afrodescendentes, estes contribuirão menos para a Previdência”, afirma Marcelo Paixão, professor e coordenador do estudo.

O relatório aponta que os principais responsáveis pela redução nas desigualdades de cor ou raça são os programas governamentais de transferências de rendimentos, como o Bolsa Família. De acordo com o estudo, 24% das famílias que são chefiadas por um afrodescendente (7,3 milhões) estão cadastrados no programa do governo federal. Este percentual diminui para apenas 9,8% (2,9 milhões) entre as famílias chefiadas por autodeclarados brancos. No país, 18% das famílias recebiam o benefício em 2008.

O analfabetismo também é destaque no estudo do LAESER. De acordo com a publicação, existe um atraso no país no processo de alfabetização de crianças e jovens afrodescendentes. Ao longo de todas as faixas da população em idade escolar, a taxa de analfabetismo registrada entre pretos e pardos é maior do que o dobro da apresentada pelos brancos.

“É necessário que sejam estabelecidas políticas para a inclusão educacional da população negra no Brasil. O MEC (Ministério da Educação) ainda deve respostas conclusivas sobre este tema. As atuais políticas para a redução da desigualdade não funcionam e, no campo da educação, este déficit é especialmente gritante”, completa Paixão.

Números do relatório apontam que, em 2008, 6,8 milhões de pessoas em todo país que frequentavam ou tinham frequentado a escola permaneciam analfabetos, sendo os afrodescendentes 71,6% do total. Nem metade das crianças negras e pardas, entre os 11 e os 14 anos, estudava na série esperada, e 84,5% das crianças afrodescendentes de até três anos não frequentavam creches

Negros têm o dobro de chancs de ser assasinado



Apesar de a taxa geral de homicídios ficar estável no país, entre pretos e pardos esse índice cresceu

A probabilidade de um homem negro morrer assassinado no Brasil é mais do que o dobro se comparada à de um branco. A informação faz parte do Relatório Anual das Desigualdades Sociais, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a partir de dados do Ministério da Saúde e da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios). Os últimos dados estatísticos disponíveis sobre homicídios são de 2007.

O estudo mostra também que, apesar de as taxas de homicídios permanecerem estáveis nos últimos anos, o número de negros (que incluem negros e pardos) assassinados cresceu vertiginosamente.

No início da década, 44.105 mil homens foram assassinados. Em 2007, esse dado ficou estatisticamente estável, caindo para 43.938.

Em 2001, os homens pretos ou pardos representavam 53,5% do total de vítimas, enquanto os brancos significavam 38,5%. Já em 2007, do total de homicídios, 64,09% foram cometidos contra negros (pretos e pardos). Já a proporção de brancos recuou para apenas 29,24%.

Expectativa de vida

Em 2007, para cada 100 mil habitantes, 59,8 homens pretos ou pardos morreram assassinados. Entre a população masculina branca, essa proporção 29,2 homens mortos a cada 100 mil habitantes.

Entre a população negra, a expectativa de vida, em 2008, era de 67,03 anos. Entre a parcela de cor branca, a perspectiva era de 73,13 anos. A média nacional era de 70,94.

Fonte: /www.destakjornal.com.br

Jeová, Oxalá, Jesus, e as outras religiõesAs outras formas de celebração da Páscoa



Fran Ribeiro

Semana Santa. Para a religião católica é o momento de se celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo. Mas, e as outras religiões, e sobretudo, as não cristãs? Como elas cultuam esse momento importante da história da humanidade? A reportagem do Primeira Edição foi atrás, e vai mostrar as diferentes formas de celebração da Páscoa nas principais religiões que formam a diversidade religiosa no Brasil.

190 milhões de habitantes

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, mais da metade dos brasileiros, cerca de 73,8%, são devotos da religião católica. Os outros 26,2 %, são evangélicos (protestantes e petencostais), umbandistas, espíritas, do Candomblé e judeus, além de outras religiões. Cada um, a partir de suas especificidades, celebram a Páscoa. A Páscoa que significa a peregrinação de Jesus Cristo, durante 40 dias até a sua morte e ressurreição. Ela tem origem na tradição judaica, muito antes do nascimento de Cristo. Para os Judeus, a cerimônia marca momentos significativos da cultura hebraica.

A Páscoa nas religiões

Católica – para os católicos, a Páscoa é a celebração da vitória da vida sobre a morte. A quaresma representa o momento de reflexão, se os homens poderão ressussitar junto com Cristo. Além desse símbolo espiritual, a religião elege o coelho (que representa a fertilidade), a água e o círio pascal, o fogo novo, como símbolos. Todo início da quaresma a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança a Campanha da Fraternidade, que em 2011 celebra a ‘Fraternidade e a Vida no Planeta’. A campanha tenta mostrar que a natureza também está precisando ressussitar. “Não só nós, humanos que estamos precisando de renovação. A natureza precisa ressussitar”, disse a praticante da religião Elza Ribeiro. “A Páscoa é o símbolo que podemos nos redimir das coisas ruins do mundo. A questão é saber se seremos dignos disso”, concluiu.

Evangélicos ( A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) – para os praticantes dessa religião, o momento é de alegria e de celebração conjunta pelo sacrifício de Jesus para os homens. “É um domingo onde nós nos juntamos aos demais cristãos, lembrando que Jesus Cristo recussitou ao terceiro dia, em um domingo da Páscoa judia, mas não há comemorações especiais”, disse Fernando Nunes, membro da Igreja. Segundo Fernando, é importante lembrar desse momento não só durante a Páscoa, mas durante todos os dias. “É um momento de extrema importância no evangelho cristão, porque é parte do grande sacrifício expiatório que Jesus fez por nós, mas lembramos disso a cada reunião que temos”, declarou.

Igreja Batista Nacional – para eles, o cordeiro é o principal símbolo e representa o corpo de Cristo. A Páscoa representa a saída do povo egípcio do cativeiro e a sua busca pela terra prometida. “Na biblía judaica é um momento novo, de libertação do povo”, disse o pastor da Igreja Batista do município de São Luís do Quitunde, Irmão Barros. A religião também acredita na ressureição no terceiro dia da Paixão de Cristo.

Umbanda e Candomblé – os praticantes dessa religião, apesar de não comemorar essa data em específico, celebram outras do calendário cristão.”Nós não aceitamos a ressurreição como uma verdade, mas respeitamos aqueles que acreditam”, declarou Maria Lúcia, praticante de umbanda. Eles celebram o orixá Oxalá, que representa Jesus. Muitos terreiros fecham durante a Semana Santa e só reabrem no Sábado de Aleluia, quando realizam celebrações espirituais para marcar o dia.

Espiritismo – é comum nessa religião não cultuar os dogmas da igreja cristã, mas existe o respeito pelas manifestações religiosas. Eles crêem que a Páscoa ou Passagem, como é chamada, significa a liberdade dos hebreus escravizados no antigo Egito.

Judeus – conhecida como Pessach, a Páscoa judaica marca o período do Êxodo do povo hebreu da escravidão no Egito. É o momento de libertação e de firmação da identidade desse povo, durante os séculos até os dias de hoje. O início da celebração é marcado no primeiro dia de lua cheia da primavera e dura sete dias.
Para além da celebração, todos os ouvidos pela reportagem acreditam que o respeito por cada especificidade das religiões que compõe a diversidade no país não aceitam a intolerância religiosa, que deixa uma mancha que não compete ao símbolo da época. “A intolerância nos faz mais fracos e torna as pessoas menos humanas. A Páscoa é o marco da vida. E a vida é um privilégio de todos”, concluiu Maria Lúcia.

Fonte: primeiraedicao.com.br

Cresce nº de pessoas que se declaram pardas e pretas, diz IBGE




Mais pessoas passaram a se declarar pardas e pretas ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra o Censo 2010, divulgado nesta sexta-feira.

Veja mapa interativo com o raio-x do país
População brasileira cresce e atinge 190.755.799, mostra IBGE
Brasil tem 96 homens para cada 100 mulheres, aponta Censo
População com mais de 65 anos cresce no Brasil
Analfabetismo atingia 14,6 mi de brasileiros em 2010

Suas participações no total de população brasileira subiram para 43,1% e 7,6%, respectivamente. Esses grupos representavam, em 2000 (censo anterior), 38,4% e 6,2%, nessa ordem. Já a população branca representava, em 2010, 47,7% do total.

Os pardos tinham uma participação maior na população rural (54%) e menor nas áreas urbanas do país (41,1%). Já no caso dos brancos, ocorria o contrário: o grupo tinha presença maior nas regiões urbanas (49,8%) do que nas rurais (36,3%).

Por regiões, Sul e Sudeste concentravam as maiores proporções de população branca --78,5% e 55,2%, respectivamente. Já o Norte e o Nordeste apresentaram, em 2010, os maiores contingentes de pardos --66,9% e 59,4%, respectivamente. No Nordeste, também estava a mais expressiva parcela da população que se classificava como preta: 9,5%.

O IBGE apurou ainda no Censo de 2010 que 1,1% da população brasileira se declarava como amarela (oriental) e 0,4% como indígena. Tal nomenclatura para designar cor e raça (branca, preta, parda, amarela e indígena) é a utilizada oficialmente pelo instituto.


Segundo o IBGE, a população brasileira cresceu quase 20 vezes de 1872 --quando foi realizado o primeiro censo demográfico do país-- até 2010, ano do levantamento mais recente. O número de habitantes do país saltou de 9.930.478 para 190.755.799.

CENSO

Foram contratados em 2010 mais de 190 mil recenseadores para visitar os mais de 5.5000 municípios brasileiros. Ao todo, foram visitados 67,5 milhões de domicílios no período de 1º de agosto a 31 de outubro. Outras 899 mil residências foram consideradas fechadas.

De acordo com o IBGE, neste ano, foi feito pela primeira vez uma estimação dos moradores de domicílios fechados. Em 2000, do total de 54,3 milhões de domicílios, 45 milhões eram ocupados e 528 mil fechados.

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PEDRO SOARES
DO RIO
Folha

quarta-feira, 27 de abril de 2011

STF analisa ações sobre união homossexual no próximo dia 4

CAROLINA LEAL
DE SÃO PAULO

O STF (Supremo Tribunal Federal) deve analisar no próximo dia 4, quarta-feira, dois processos relativos à união homossexual. Um deles é a Ação Direta de Inconstitucionalidade, da Procuradoria-Geral da República, que pede o reconhecimento do casal gay como entidade familiar; o outro é uma ação do governo do Rio de Janeiro que pede que seja aplicado a casais homossexuais o mesmo regime jurídico das uniões estáveis.



Caso a decisão seja favorável, os mesmos direitos e deveres de companheiros nas uniões estáveis poderão ser estendidos aos casais do mesmo sexo. Um poderá ser considerado dependente do outro, por exemplo.

Segundo explica Maria Berenice Dias, desembargadora aposentada e especialista em direito homoafetivo, há indicativos que de a decisão do Supremo deve ser favorável aos pedidos. Não há previsão, no entanto, de quando a decisão final sairá. Para Dias, é certo que será feito algum pedido de vistas, o que deve atrasar o andamento dos processos.

No STJ (Superior Tribunal de Justiça), a decisão sobre o tema foi adiada no último dia 7 pela terceira vez este ano.

"O significado muito importante dessas decisões é que esse tema vem avançando no poder Judiciário, já que no Legislativo há uma omissão injustificável", diz Dias. Para ela, o reconhecimento da união homossexual é "um caminho sem volta".

A decisão do STF não é vinculante --que precisa ser acatada--, mas finaliza a orientação aos tribunais do país e influencia as decisões em instâncias inferiores.

Dentre as entidades que devem se manifestar no julgamento das duas ações no Supremo estão grupos de direitos humanos e a CNBB (Conferência Nacional dos bispos do brasil).
folha on line

terça-feira, 26 de abril de 2011

Fiscais da Cidadania” combatem Discriminação na Internet



Grupo de leitores do portal da Palmares vem ajudando o Governo a aprimorar mecanismos de fiscalização e repressão à discriminação e à intolerância.Os brasileiros estão mais atentos e não hesitam em levantar suas vozes para protestar e denunciar casos de homofobia (aversão aos homossexuais), misoginia (discriminação contra as mulheres), xenofobia (aversão a estrangeiros) e racismo (contra negros e indígenas, sobretudo). Como “fiscais da cidadania”, pesquisam e encaminham às autoridades endereços de redes sociais, blogs e sites que pregam o ódio ao outro.

É o que um grupo de leitores do portal da Fundação Cultural Palmares (FCP) vem fazendo, há alguns meses, ajudando o Governo a aprimorar os mecanismos de fiscalização e repressão às manifestações de discriminação e intolerância. Em pesquisas minuciosas e sempre atualizadas, rastreiam aqueles que se utilizam da internet para difundir conteúdos racistas e agregar pessoas com as mesmas tendências criminosas.

Agrupados em sites de relacionamento, como o Orkut, principalmente, internautas constroem e/ou seguem slogans como “Lugar de preto é no presídio”, “Pegue sua arma e atire num negro” ou “Negro bom é negro morto” – para citar alguns casos de racismo explícito. Muitas dessas comunidades começaram a ser excluídas a partir de março deste ano, após as denúncias começarem a chegar ao “Fale Conosco” da Palmares.

Mas enquanto as comunidades com teor racista estão sendo deletadas, as misóginas permanecem ativas, recebendo mais membros, inclusive. Na comunidade “O mito da mulher decente”, pelo menos três tópicos ferem a integridade moral da mulher, por meio de termos chulos e ofensivos, e descrevem métodos para a prática de crimes contra as pessoas do sexo feminino.

Numa clara apologia à violência sexual, pedem “Condicional para estuprador já!”; ensinam “Como estuprar uma mulher”; e sugerem que “Mulheres precisam apanhar para serem felizes”. Seguindo o mesmo viés, a comunidade “Estupro é culpa da mulher” argumenta que o fato de as mulheres se vestirem ou se comportarem de uma maneira específica em determinados contextos autoriza os homens a violentá-las…

Outra comunidade, intitulada “A mulher é inferior ao homem”, lista os supostos motivos pelos quais as mulheres não deveriam ser tratadas com equidade ou respeito – um comportamento misógino injustificável, que atenta contra os direitos humanos da população feminina e precisa ser combatido, por estar na raiz das violências físicas praticadas contra milhares de brasileiras, diariamente.

Contra os homossexuais, há comunidades como “Jesus não gosta de gays” e “Gay bom é gay morto. Homens são as maiores vítimas das agressões verbais e físicas, vistas como “necessárias”, para “converter” e “corrigir” o “problema”. A violência é incentivada e ensinada em tópicos abertos a qualquer usuário do site, numa incitação criminosa ao ódio na rede mundial de computadores.

Após o terremoto que atingiu o Japão no início de março deste ano, foram criadas páginas debochando do assunto e da população atingida. Comunidades como “Japão, chamem os Power Rangers”, e “Rezo para a destruição do Japão” difundem conteúdo xenófobo contra aqueles que também ajudaram a construir a identidade brasileira.

O Brasil ainda não possui uma legislação específica para crimes de internet, para punir as pessoas envolvidas em atos como os acima mencionados. Mas uma dupla de amigos foi condenada a dois anos de prisão no Paraná por manter um site com conteúdo ofensivo a negros e judeus, com base no arcabouço legal que criminaliza a prática da discriminação racial.

No processo, Rodrigo Marcel Ribeiro e Adriano Nunes Motter foram acusados de racismo por usarem termos como “Maldita corja sionista” e “negros malditos”. Em sua defesa, os acusados argumentaram que a manifestação não seria racista e estaria protegida pela liberdade de expressão (sic). O mesmo argumento usado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), após ter sido denunciado por ato de discriminação.

Na decisão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, o desembargador Luiz Osório Moraes Panza negou os recursos apresentados pelos advogados de defesa: “Os apelantes, conscientes da ilicitude, praticaram, induziram e incitaram a discriminação e o preconceito (…) através da criação do site, de amplo acesso, atingindo a um número indeterminado de pessoas”, escreveu, em relatório.

Racismo e xenofobia são crimes previstos na Constituição Federal, puníveis com multa e prisão, como registrado nas leis 7.716/89 e 12.288/10 (Estatuto da Igualdade Racial). A misoginia e a homofobia, porém, ainda não foram tipificadas. O presidente da Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, já solicitou audiência à Procuradoria Geral da República, para dar continuidade ao processo de encaminhamento das denúncias de racismo que chegam à Fundação. 2011 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes.

Fonte: Fundação Palmares

sábado, 23 de abril de 2011

SINCRETISMO (CANDOMBLÉ X CATOLICISMO)


Vilson Caetano
Neste texto vamos abordar o desconfortável tema do sincretismo afro-católico.

Desconfortável não por ser algo revisitado suficientemente por outros autores, mas pela série de estigmas que ao longo da história das religiões de matriz africana no Brasil, este conferiu a estas. Desta maneira, gostaríamos de iniciar esta reflexão retomando a afirmação de que o fenômeno do sincretismo é universal e por isso acompanha os grandes modelos religiosos do inicio de sua formação aos dias de hoje.

Pena que tal tema, nos estudos afro-brasileiros, ao aparecer na década de 30, serviu, dentre outras coisas, para legitimar a idéia da suposta inferioridade do pensamento africano, elaborada no século XIX a partir das teorias racistas. Assim por muito tempo, tal assunto quando apareceu nos estudos afro-brasileiros sugeriu leituras preconceituosas que desautorizavam as visões de mundo africana, graças a relação que estas desde cedo estabeleceram com o catolicismo português.

As leituras limitadas de tais relações se deram a partir da concepção de uma teoria conspiratória. Em outras palavras, alguns estudos apresentam as relações entre negros e brancos no Brasil colônia a exemplo de um campo de futebol: de um lado os negros, do outro lado os brancos. É certo que na colônia, como ainda hoje, as relações entre os não brancos e os que designaram-se brancos ainda continuam sendo algo predefinido. Atentar-se a isso talvez seja o primeiro passo para desmascarar o racismo brasileiro, racismo sutil, silencioso, cordial, camarada que empurra o homem e a mulher negra para o mundo do “deixa disso”, do “para com isso”, mas que sempre está ali constituindo as relações mais “familiares”.

Essa suposição da teoria conspiratória, ou da ação dos indivíduos a partir de “um lugar” sugeriu a teoria da dissimulação, que seria uma espécie de “faz de conta”. Desta maneira, as relações estabelecidas desde cedo entre o universo religioso africano com outros grupos seria explicada a partir desse faz de conta onde, por exemplo, os santos católicos através de um jogo de correspondências, de analogias externas, seriam uma espécie de máscara branca no rosto de ancestrais africanos.

Tal idéia nos anos 80, a partir da caminhada de quase vinte anos de movimentos negro e da presença de alguns intelectuais nos terreiros provocou uma espécie de mal estar no universo afro-brasileiro, ao menos para os participantes da II Conferência Mundial da Tradição Orixá e Cultura, realizada na cidade de Salvador. Quando se refletia sobre a o retorno à África, foi elaborado um documento, na forma de manifesto, que afirmava a fim de garantir à África mítica e pureza africana, ser necessário romper com o sincretismo afro-católico, expresso através da correspondência entre santos católicos e orixás, da ida das comunidades terreiros ao recinto católico por ocasião de algumas festas e da presença de altares católicos no barracão dos terreiros.

Não estamos bem certos se o objetivo do documento produzido no encontro era mesmo desconstruir as relações entre o candomblé e catolicismo a fim de legitimar o primeiro como religião, mas com certeza quando algumas lideranças religiosas assinaram tal texto, transformado pela mídia num Manifesto anti-sincretismo, era a defesa de suas tradições como religião que tinham em mente. Esse fato foi abordado pela Prof. Dra. Josildeth Gomes Consorte que estudou tal documento durante dez anos.

A partir das contribuições de seu trabalho realizamos uma pesquisa publicada sob forma de livro intitulado: Orixás Santos e Festas, onde chamamos a atenção para o fato de, diferentemente de como se apresenta, o fenômeno do sincretismo é sentido de forma diversa pelas pessoas. Em outras palavras, ao contrário da idéia de “faz de conta”, mistura, fusão, justaposição, jogo de correspondências, analogias, confusão, dentre outras, o fenômeno do sincretismo tem a ver mesmo com atribuição de significados, com sentimentos.

Desta maneira, a menos nas religiões de matriz africanas deve ser entendido como algo além das máscaras e disfarces, até mesmo porque não se reduz apenas a vivências externas, ao contrário, em alguns momentos chega a ser constituidor de ritos específicos reconstruídos no Brasil, como fez o próprio Cristianismo quando se deparou com as religiões antigas, contemporâneas a sua formação.

Dizer que o sincretismo afro-católico não pode ser reduzido a relações exteriores, nem ao faz de conta explicado a partir da teoria da dissimulação é ao mesmo tempo reconhecer a capacidade que homens e mulheres negros tiveram de, contrariando a teoria conspiratória, romper com os lugares impostos a estes na sociedade e intervir a partir de seus lugares, tornando-os livres para criar, reinventar e dar continuidade a universos fragmentados pela escravidão que não foram destruídos graças à capacidade de diálogo com elementos simbólicos que se depararam numa verdadeira colônia.

O viver em colônia facilitou o diálogo entre africanos, ameríndios, portugueses, mouros, ciganos, cristãos novos, espanhóis, holandeses e muitos outros povos. O resultado foi a produção de modelos religiosos onde símbolos provenientes de várias matrizes culturais não apenas circulam externamente, mas dentro do corpo dos próprios iniciados. É interessante também observar que tais relações só foram possíveis, graças à dinâmica de juntar do pensamento africano somado à proximidade do universo católico português.

Em outras palavras, o catolicismo chegado da Península Ibérica, ao contrário do que havia se afirmado no século XIX era, por exemplo, tão sensual quanto o pensamento africano, basta olharmos para os santos barrocos que se não choravam nas igrejas, lamentavam a má sorte em alguns oratórios ao serem submetidos a um verdadeiro ritual de tortura pelos devotos. Depois, como chamou a atenção certa ocasião a Yalorixá Olga do Alaketu, orixás e santos da igreja no Brasil eram estrangeiros. Isso no seu entender significava o primeiro passo para o dialogo e entendimento de relações que não podiam ser reduzidas a algo superficial e externa.

Em alguns terreiros de candomblé de tradição jeje-nagô guarda-se ainda a expressão igbó para designar os não negros. Tal palavra também era utilizada por alguns povos de língua yorubá para chamar os seus vizinhos, os estrangeiros, aqueles vistos como “de fora”, categoria bem entendida pelas ciências sociais. Quanto às relações que desde cedo os universos africanos estabeleceram com os “estrangeiros” é algo que ainda esta para ser melhor estudada. Fato é que se não foram confundidos, desde cedo estes estrangeiros submetidos também à distância de suas terras de origem foram incorporados no universo religioso reconstruído no Brasil como estrangeiros, à semelhança dos ancestrais africanos.

Talvez esse fato comece a explicar a presença não somente de altares católicos em locais públicos onde se realizam as festas de candomblé, como também a tradução de rezas católicas para as línguas africanas, sem falar na evocação de orações católicas e alguns santos em momentos rituais protegidos dos olhares até mesmo daqueles que elaboraram a teoria do faz de conta. Verdade é que até mesmo os santos católicos apresentados aos africanos no contexto da escravidão, não foram vistos por eles como seus senhores.

Isso deu a possibilidade destes serem invocados ao lado dos orixás Ilu. Ilu, a terra distante, aquela deixada para trás, trazida apenas na memória e nas lembranças. Foram essas terras, o sentimento de fidelidade a elas que possibilitou às religiões de matriz africana juntar num mesmo sentimento religioso os orixás ilu com os orixás igbó, transformando essa experiência em algo que ainda hoje continua desafiando o pensamento ocidental greco-romano-cristão acostumado a dividir as coisas, a vida e o mundo.

Vilson Caetano é doutor em antropologia, professor da Ufba e religioso do candomblé

O que é a Páscoa? Entenda melhor esse feriado


Além de comer ovos de chocolate, você sabe o que se comemora na Páscoa? A Páscoa é uma festa dos judeus e dos cristãos e, como toda festa, tem o objetivo de comemorar e lembrar um acontecimento importante.

Divulgação

Mônica e seu coelhinho Sansão comemoram a Páscoa

O que é judeu?
Judeu ou israelita era aquele que nascia na Judeia, uma parte do reino de Israel. Este povo foi o primeiro a acreditar em um único Deus e esta religião ficou conhecida como judaísmo. Hoje, o judeu mantém uma identidade com as práticas e a cultura judaicas e muitos continuam praticando o judaísmo.

O que os judeus querem lembrar e celebrar na festa de Páscoa?
Faz mais de 3.000 mil anos, os judeus foram feitos escravos por ordem do rei. Isso aconteceu num país da África, o Egito, onde o rei é chamado de faraó.

Os judeus acreditam que foram as ameaças de desgraças enviadas por Deus contra o faraó que o fizeram deixar os israelitas irem embora; Deus fez a ameaça ao faraó egípcio e prometeu fazer Seu anjo "passar por cima" da casa dos judeus, sem fazer nenhum mal a eles. Essa passagem do anjo de Deus por cima da casa dos judeus é chamada Pessach, que significa "passagem" e simboliza a libertação da escravidão dos judeus no Egito.

Os israelitas foram autorizados pelo faraó a saírem do Egito para serem livres na terra que Deus lhes tinha prometido, Canaã. Os judeus saíram do Egito de noite, guiados por um líder chamado Moisés. Os judeus, então, celebram na Páscoa essa libertação, lembrando e comemorando que, desde então, não são mais escravos.

O que é cristão?
Cristãos são aqueles que acreditam em Jesus Cristo e nos seus ensinamentos religiosos. A vida de Jesus Cristo está narrada no Novo Testamento, que é uma parte da Bíblia. O ano em que Jesus Cristo nasceu é considerado o início de uma nova era no Ocidente. Estamos no ano 2011, o que significa que se passaram 2011 anos desde que Jesus nasceu.

O que os cristãos querem lembrar e celebrar na festa de Páscoa?
Segundo os ensinamentos cristãos, Jesus Cristo venceu a morte porque ressuscitou, o que é o mesmo que dizer que não morreu. Para os que têm fé no Deus cristão e em Jesus Cristo, a vida sempre vence. Os cristãos comemoram nesse dia essa vitória da vida, ou seja, comemoram também uma passagem, da vida terrena para a vida eterna.

Outras religiões têm festa de Páscoa?
A Páscoa é uma festa religiosa judaica e cristã.
O budismo, por exemplo, não comemora a Páscoa. O budismo, no entanto, também tem suas festas e a mais importante é a que comemora o nascimento de Buda. A monja Coen, da comunidade Zen Budista do Pacaembu, explica que esta época de Páscoa geralmente coincide com a celebração do nascimento de Buda, o Hanatmatsuri (Festival das Flores).

O islamismo também não festeja a Páscoa. O sheik Jihad Hassan Hammadeh, presidente do conselho de ética da União Nacional das Entidades Islâmicas, conta que a cerimônia mais importante do islamismo é o Ramadã, um mês de jejum, em que se celebra a primeira revelação feita por Deus a Maomé.

Criança quer saber
Por que tem coelho na Páscoa?
Porque os coelhos são símbolos de vida e da fertilidade, uma vez que são os primeiros seres, junto com algumas flores, que aparecem na paisagem, depois do inverno rigoroso. Quem explica isso é D. Plácido F. Guarnieri, 43 anos, do colégio Santo Américo: "são um sinal de vida e prosperidade".

SXC

Ovos de chocolate para aproveitar o feriado

Quando foi a "primeira" Páscoa?
A "primeira" Páscoa foi aquela em os judeus, pela primeira vez, celebraram a libertação da escravidão no Egito, há mais de 3.000 anos.

Por que os coelhos deixam ovos, se nem põem ovos? E por que são de chocolate?
Os coelhos deixam ovos porque os ovos também são símbolo de vida e de renascimento. Afinal, de dentro de um ovo sempre sai uma nova vida, não é? E são de chocolate porque são mais gostosos!

Por que a Páscoa cai cada ano em uma data diferente?
Tanto a Páscoa judaica quanto a Páscoa cristã são festas móveis, porque dependem do calendário lunar. A Páscoa cristã, por exemplo, acontece aqui no Brasil, no primeiro domingo depois da lua cheia de outono, entre 22 de março e 25 de abril.
SÉRGIO MADURO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

comentário

Para nós umbandistas e candomblcistas, mormente os candomblecistas, esse culto cristão comemorado por conta da libertação dos judeus do jugo do faraó, não é seguido na sua essência, mormalmente, as atividades votivas(que não deveria) são suspensas (em parte), nos terreiros, ainda por conta desse ranço colonizador cristão.
Aquela velha história do chamado "lorogum", período em que se inicia a quaresma logo após o carnaval, e que segundo a creça candomblecista. Os orixás e voduns retornariam a África, onde permaneceriam durante esse período em respeito a "Evievodum" (Olodamare).

Ora! Essa prática (hoje não uma crença), é paradoxal, posto que, se o culto afro -brasileiro é independente, pois que originado de outras matrizes, histórias e origens diversas, e que destoam completamente em essência do dogma cristão, manter-se essa "tradição", se é que se pode assim dizer,termina por influenciar o culto afro no Brasil, e infelismente, influencia, pois são tantos os terreiros de matriz africana que suspendem as suas principais atividades votivas durante esse período (quaresma), reservando-os apenas para os rituais mais emergenciais. Tudo por conta do fenênomeno só exitente no Brasil, o SINCRETISMO.

Aos poucos nova cultura vem se desenvolvendo no Brasil no sentido de se desmisturar (se é que é possível), o dogma cristão do dogma africanista), mas é um movimento lento, que encontra o seu maior entrave justo, nessa época, da chamada quaresma, onde tudo deságua, no sábado de aleluia, onde a influência da chamada umbanda mais ortodoxa, se manifetsa com maior força.

Neste sábado de aleleuia que é o ponto maxímo do sincretismo, dia no qual se festejam a "reabertura" dos terreiros, abrindo o dia com alvorada para São João Jorge/Ogum, ao som de banda marcial, fogos de artifício,procissão, e a tarde e a noite, toque (tambor),para Ogum na umbanda, onde os capangueiros (guias de luz) incorporam em seus "cavalos" seus "burros", e vem dançar e tomar suas cervejas brancas, tudo mesclado com o elemento cristão. Ladainhas são entoadas desde as primeiras horas do dia, no Tambor de Mina a primeira ladainha é entoada logo nos primeiros minutos do novo dia (sábado de aleluia).

À noite começa o toque (tambor) aos Exus Eguns, culto também mesclado do elemento cristão, posto que, ennquanto Exus Eguns, foram encarnados em algum tempo da história, e sua vida material e espiritual se agrega ao fator espírita que por si só já se encontra impregnado do elemento cristão.

Nos perguntamos então: Tem como se desmisturar esse culto que luta e teima em ser independente em terras tupiniquins, tão meclado em termos de etinias (negra, india e branca)? Quase que impossível.

Mas, pelo menos a pureza do dogma afro no que diz respeito as práticas votivas devam ser mantidas, ou seja, não suspender feituras de santo, ebós, boris, recolhimentos, magias ou feitiços de qualque natureza e etc. Sob pena de contribuirmos para, senão o desaparecimento, mas pelo menos para o enfraquecimento desses postulados votivos afros, que devem ser mantidos e preservados para o bem da evolução do rito afro, seja ele praticado nas casas de matrizes africanas originárias, umbandomblé, e outras.

Mas enfim! É Sábado de Aleluia, dia de malhar o Judas (nossos inimigos, nossos medos,nossas incapacidades,nossas vaidades, tudo no final do dia deve ser queimado), para que entremos em um novo período votivo afro/sincrético. Fazer o que?

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

quarta-feira, 20 de abril de 2011

25 gangues apavoram gays e negros em São Paulo




Polícia Civil de São Paulo identifica 200 integrantes de grupos extremistasSkinheads entre 16 e 28 anos são investigados por "crimes de ódio" que deram origem a 130 inquéritos policiais. Eles são jovens, com idades entre 16 e 28 anos. Têm ensino fundamental e médio. Pertencem, em sua maioria, às classes C e D. Usam coturnos com biqueiras de aço ou tênis de cano alto, jeans e camisetas. São brancos e pardos (negros, não). Cultuam Hitler, suásticas e o número 88.

A oitava letra do alfabeto é o H; HH dá "Heil, Hitler", a saudação dos nazistas. Consomem baldes de álcool. As outras drogas têm apenas uso marginal. Ostentam tatuagens enormes em que se leem "Ódio", "Hate", ou "Ame odiar". A propósito, odeiam gays e negros. São de direita. Gostam de bater, bater e bater. E de brigar.

O perfil dessa turma, auto-denominada skinheads por influência do movimento surgido na Inglaterra durante os anos 1960, quem traçou foi a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), da Polícia Civil do Estado de São Paulo. No total, a Decradi já identificou 200 membros de 25 gangues com nomes comoCombate RAC (Rock Against Communism- rock contra o comunismo, em português) e Front 88 (sempre o 88).

São integrantes desses grupos que aparecem com mais frequência como agressores de negros, gays e em pancadarias entre torcidas organizadas, quando encarnam a faceta "hooligan". Também a exemplo do que ocorre na Europa, skinheads são especialistas em quebra-quebra entre torcedores.

"Faixa de Gaza"
A delegada Margarette Correia Barreto, titular da Decradi, é quem lidera o esforço de identificação dessas gangues. Atualmente, na delegacia, há 130 inquéritos envolvendo os "crimes de ódio"- motivados por preconceito contra um grupo social. "O alcance e a repercussão desses ataques, entretanto, é muito maior do que em um crime comum. Se um homossexual é atingido, todo o grupo sente-se atingido", exemplifica a delegada do Decradi. "É uma comoção." Um vasto material nazista foi apreendido.

Pelo levantamento da polícia, o foco dos "crimes de ódio" é a região da avenida Paulista e da rua Augusta, na região central da cidade. Segundo a delegada, ali é "a nossa faixa de Gaza". O motivo é que a área tem a maior concentração de bares frequentados por gays e por skinheads -cada turma no seu reduto, mas todos muito perto uns dos outros. "Eles acabam se encontrando pela rua", diz a delegada.

Fonte: Laura Capriglione de São Paulo
Folha.com
Marcia Farro



comentário:


Esse tipo de guerra já se tornou calamidade pública, e não somente mais um caso de polícia, negros, homossexuais, religiosos, indios e outros tidos como minorias, são as principais vítimas desses maníacos,loucos e criminosos, que precisam ser combatidos com todos os rigores da lei. Já são inumeros os casos de vítimas fatais, com lesões irreversíveis e outros danos físicos e psicológicos.

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

Jornalista insulta Religiões Afro



Texto de Márcio A. M. Gualberto

“Amigas e amigos, nossa luta não pára. A jornalista Lucianny Faria, do jornal Folha dos Lagos em sua coluna Zoom, publicada no dia 5 de abril deste ano publicou a seguinte nota: ‘Continuam os despachos pelo bairro Novo Portinho, que vai acabar mudando de nome e virando Novo Despacho. Que horror! Essas pessoas deveriam procurar uma igreja e não deixar de comer para fazer despachos que não é nada de Deus. O negócio anda tão feio que, quem está com pouco dinheiro para aquilo está colocando ovos nos despachos em vez de galinha. Será que esperam nascer um pintinho? Treva...’

Esta péssima jornalista, que não apura sobre o que escreve, não pesquisa e simplesmente expõe suas opiniões recheadas de intolerância religiosa e preconceito de classe, assina uma coluna social neste jornal que circula na cidade de Cabo Frio.
Estou passando o email dela, do diretor executivo do jornal, Moacir Cabral e da Diretora de Jornalista, Roberta Moraes, para que possamos enviar mensagens sugerindo à direção do jornal no mínimo uma retratação ou, até quem sabe, a demissão da dita profissional que, pela qualidade do texto, poderia muito bem tentar outro tipo de profissão mais adequada à sua falta de talento e sensibilidade.

Caso o jornal não tome uma posição, nós entraremos com uma representação judicial contra a publicação por ofensa, danos morais, intolerância religiosa, racismo e preconceito de classe.

Seguem os emails”:
cabralfolhadoslagos@gmail.com
folhadoslagos@ig.com.br
socialfolhadoslagos@ig.com.br
socialfolhadoslagos@gmail.com

Fonte: Diversidade Religiosa



comentário:


Quem procura acha, não é colega ? Se a autora da notíca é realmente jornalista, ela sabe que incidiu em erro gravíssimo, pois o que ela chama de "despacho de macumba", tem a proteção constitucional como um dos elementos votivos ligados a religião afro brasileira, assim como, todos os demais procedimentos religiosos, e suas imagens e fetiches, cânticos, roupas,insignias e demais paramentos.

O não gostar da religião, é um fato, e ao exteriorizar esse desgosto de forma leviana e preconceituosa, ela feriu a lei e, por conseguinte, sujeitar-se-á aos rigores da lei. Logo, logo, cara colega! Estará chegando em Cabo Frio uma comitiva da Comissão Contra a Intolância, que para eles é um prato cheio, isto sem falar de outros orgãos de defesa da religião que poderão inclusive processá-la pelo preconceito religioso, e sem falar ainda que na condição de preposta do jornal, este, poderá ser demandado em danos morais. Situação difícil a sua
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João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pastor engana motorista paraplégico e acaba preso em Caxias






Álvaro Barbosa, de 31 anos, que se apresenta como pastor da igreja Assembleia de Deus foi preso no Rio de Janeiro na terça-feira passada por enganar um comerciante. Policiais do 15º BPM (Duque de Caxias) encontraram o acusado quando ele estava parado em um ponto de ônibus na Rio-Magé. Ele foi reconhecido pelo comerciante Anderson Pena da Silva, de 32 anos, que passava pelo local pouco depois de ter ido à casa de Barbosa, acompanhado de agentes da 60ª DP (Campos Elísios).

De acordo com a polícia, em 2009 o suposto pastor ofereceu para Anderson trocar a Kombi que possuía por um Ford KA. A Kombi servia como meio de sobrevivência e como transporte para o hospital do Fundão, onde fazia fisioterapia.

Depois de um mês com o KA o comerciante recebeu outra visita do pastor que ofereceu trocar o veículo por uma Fiat Palio, mas Álvaro saiu dirigindo o carro afirmando que traria o outro e nunca mais voltou.

Sem ter como se locomover, Anderson não pôde mais fazer fisioterapia e hoje vive encostado em uma cama e se movimenta com muita dificuldade em uma cadeira de rodas.

A polícia informou que o pastor tem onze passagens pela polícia por estelionato e por receptação, onde acabou tendo uma prisão temporária decretada.

Expectativa de vida de negros é 6 anos menor que de brancos



19/04/2011
CIRILO JUNIOR
DO RIO

A esperança de vida da população negra segue inferior à da população branca, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais, lançado nesta terça-feira no Rio.

Negros são mais atingidos por abandono e repetência escolar
Homicídios ficam estáveis no país, mas crescem entre negros

Entre a população preta e parda, a expectativa de vida, em 2008, era de 67,03 anos. Entre a parcela de cor branca, a perspectiva era de 73,13 anos.

Na média de toda a população brasileira, a esperança de vida era de 70,94 anos.

Entre os homens pretos e pardos, o indicador não passou de 66,74 anos. No contingente masculino da população branca, a expectativa alcançou 72,39 anos.

No estudo com as mulheres as mulheres, a esperança de vida entre pretas e pardas foi de 70,94 anos, abaixo dos 74,57 anos estimados para a parcela feminina da população branca.

O levantamento inédito foi feito pelo Nepo (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp, e está incluído no relatório desenvolvido pela UFRJ.

fOLHA ON LINE

..Ásia - Alunos 'afeminados' da Malásia serão enviados a acampamento


..Ásia

O jornal da Malásia New Straits Times afirmou que um grupo de 66 adolescentes malaios com "tendências afeminadas" será enviado a um acampamento com o objetivo de "passar por uma reeducação".

O jornal credita a informação a autoridades da Malásia, país que não tolera a homossexualidade.

Segundo o Departamento de Educação do Estado de Terengganu, o acampamento começou a funcionar no último domingo. Os jovens enviados ao local foram indicados por suas escolas, que foram instruídas no ano passado a "denunciar alunos que pudessem ser gays".

A Malásia considera ilegais as relações entre pessoas do mesmo sexo. Homossexuais malaios denunciam medidas do governo que consideram discriminatórias, como, por exemplo, a pena de 20 anos de prisão por sodomia.

De acordo com o New Straits Times, os estudantes terão aulas de educação física e religião, conduzidas por "palestrantes motivacionais".

O diretor do departamento, Razali Daud, disse ao New Straits Times que, embora os "sintomas" variem, o comportamento dos 66 jovens - todos estudantes do ensino médio - "não são comuns para rapazes normais desta idade".

"Nós não estamos interferindo com o processo da natureza, e sim meramente tentando guiar estes estudantes a seguir um caminho adequado em suas vidas", afirmou Daud.

"Nós sabemos que algumas pessoas acabam se tornando mak nyah (travestis) ou homossexuais, mas nós faremos o melhor para limitar este número", disse.

A entidade malaia Grupo Unido de Ação para a Igualdade de Gêneros (JAG, sigla em inglês) afirmou, em comunicado publicado pelo site de notícias The Malaysian Insider, que a medida vai contra os direitos humanos, além de promover a homofobia e o preconceito.

BBC BRASIL

TJRJ-Lei Maria da Penha é aplicada em ação envolvendo casal gay



Rio, 19/04/2011

O juiz Alcides da Fonseca Neto, da 11ª Vara Criminal da Capital, aplicou a Lei Maria da Penha (11.340/2006), que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, em um caso de lesão corporal envolvendo um casal homossexual. Na decisão, o juiz concedeu a liberdade provisória ao réu, sem o pagamento de fiança, mediante termo de compromisso, segundo o qual ele deverá manter uma distância de 250 metros do seu companheiro.

Em três anos de união homoafetiva, o cabeleireiro Adriano Cruz de Oliveira foi vítima de várias agressões praticadas por seu companheiro, Renã Fernandes Silva, na casa onde moravam na Rua Carlos Sampaio, no Centro do Rio. A última aconteceu na madrugada do dia 30 de março, quando Renã atacou o cabeleireiro com uma garrafa, causando-lhe diversas lesões no rosto, na perna, lábios e coxa.

Para o juiz, a medida é necessária a fim de resguardar a integridade física da vítima. “Importa finalmente salientar que a presente medida, de natureza cautelar, é concedida com fundamento na Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), muito embora esta lei seja direcionada para as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher. Entretanto, a especial proteção destinada à mulher pode e dever ser estendida ao homem naqueles casos em que ele também é vítima de violência doméstica e familiar, eis que no caso em exame a relação homoafetiva entre o réu e o ofendido, isto é, entre dois homens, também requer a imposição de medidas protetivas de urgência, até mesmo para que seja respeitado o Princípio Constitucional da Isonomia”, afirmou o juiz.

Na decisão, ele recebeu a denúncia contra Renã Fernandes, oferecida pelo Ministério Público estadual, que deu parecer favorável à medida.

O inquérito teve início na 5ª DP, na Lapa e, segundo os autos, os atos de violência ocorriam habitualmente. O cabeleireiro afirmou que seu companheiro tem envolvimento com traficantes e que já o ameaçou se ele chamasse a polícia por conta das agressões. O juiz determinou ainda que o alvará de soltura seja expedido e que o réu tome ciência da medida cautelar no momento em que for posto em liberdade.

Processo nº 0093306-35.2011.8.19.0001


Comentário:

De há muito que vimos batendo nessa tecla, no que diz respeito ao alcance dos efeitos da Lei Maria da Penha, também aos casais homossexuais, pois estes, vivem uma situação marital que não foge a realidade de um casal comum, sujeitos as mesmas mazelas e sequelas originárias de qualquer relacionamento afetivo.

Portanto, com bastante acerto o nobre sentenciante da 11ª Vara Criminal, ao decidir neste sentido, pois que assim, se coloca na vanguarda dos Juízes que de forma moderna e mais democrática ainda, interpretam a situação vivida por estes casais (homosexuais), como passiveis de aplicação dos ditames da referia Lei. E assim vamos nós, avançando cada vez mais, rumo a inserção cada vez maior no rol de crimes praticados contra as mulheres,os tammbém praticados contra os casais gays e destes contra seus pares
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João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Negro preso ao protestar contra racismo no Brasil e atear fogo na bandeira nacional



SEPPIR acompanha soltura de Paulo S. Ferreira Ele foi Negro preso ao protestar contra racismo no Brasil e atear fogo na bandeira nacional“Gostaria de chamar a atenção para a situação dos negros no país”. A argumentação está no interrogatório de Paulo Sérgio Ferreira, solto no dia 14 de abril, por decisão judicial, em atendimento ao pedido de relaxamento de prisão assinado pelo defensor público federal, Lúcio Ferreira Guedes.
O acusado foi preso na quarta-feira, após subir no mastro da praça dos Três Poderes e queimar a bandeira nacional, dizendo ter a intenção de despertar a atenção da sociedade. Devido à referência ao racismo, o caso foi acompanhado de perto pelo ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Carlos Alberto de Souza Silva e Júnior.
“Quando há a possibilidade da negação dos direitos do cidadão em função da questão racial, a SEPPIR tem que monitorar a sequência dos fatos e adotar medidas que se façam necessárias a cada caso“, declarou o gestor, segundo o qual a Defensoria Pública cumpriu o seu papel constitucional com eficiência e sensibilidade social. Na opinião do defensor Lúcio Guedes, a liberdade do acusado tinha que ser priorizada. “O réu não oferecia riscos à ordem pública, nem demonstrava intenção de perturbar a busca da verdade real, muito menos estava perturbando a instrução criminal, afugentando ou ameaçando testemunhas”, declarou o advogado, explicando o pedido de relaxamento de prisão que emitiu no mesmo dia da prisão. Segundo o defensor, somente nas circunstâncias descritas a privação da liberdade seria justificada.
“Na verdade, a prisão preventiva é medida cautelar em dois casos: para preservar a instrução criminal e para evitar o perigo de fuga. O caso não se aplica a nenhuma das duas hipóteses”, completou Lúcio Guedes. Desempregado, Paulo Sérgio foi dispensado também do pagamento da fiança de R$ 930 estipulada pela Justiça, já que o seu defensor reclamou “falta de condições financeiras do acusado para arcar com o ônus”. Aos 39 anos, Paulo Sérgio vai responder o processo em liberdade. Fonte: Comunicação Social - SEPPIR/PR seppir.imprensa@planalto.gov.br

comentário

O protesto até que foi válido, pois exteriorizou uma revolta contida de uma situação de preconceito secular, a diferença que nos dias atuais esse e qualquer outro cidadão seja ele de que raça for, poderá exteriorizar a sua revolta, porém arcando com os execessos da mesma, o bem nacional atacado para chamar a atenção das autoridades e do brasil, foi um símbolo nacional (a bandeira Nacinal), que é protegido por lei assim como todos os símbolos nacionais, portanto, o desrespeito ao símbolo é que busca a lei punir.

Tão provado é que nos dias de governo petista, foi dada a devida garantia legal a este cidadão, inclusive o de responder ao processo em liberdade. O caso serve de reflexão aos brasileiros, que não basta protestar, é preciso atuar em todas as frentes sociais, buscando o respeito com base na constitução federal estabelece a igualdade racial e social a todos os cidadãos. Mas não custa nada ser comedido.

Para isso existe o poder judiciário que através da garantia constitucional do direito de petição, qualquer um do povo pode acessá-lo, bastando ter um direito seu ofendido ou lesado. Mas este é o Brasil de hoje, mais moderno, mais humano, e mais coerente com os anseios da grande massa.

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

domingo, 17 de abril de 2011

OBÁ A DEUSA AFRICANA À LIDER DAS MULHERES




Oba é um dos “orixás femininos” sobre a qual recaiu uma espécie de esquecimento. Todavia, não obstante este fato, ela goza de enorme significado no universo das religiões de matriz africana. Muito pouco se tem escrito sobre a mesma, talvez por ela nos remeter a um mito original que se repete em várias culturas que fala “de um tempo em que o mundo era governado pelas mulheres.”

Em alguns terreiros de candomblé que ainda preservam a figura desse principio ancestral, Obá aparece como uma caçadora. Este fato faz alusão aos primórdios dos grupos humanos que tinham a atividade coletora como principal meio de sustento. Pena que ainda hoje quando retomamos esta imagem, logo nos vem à mente figuras masculinas, contrariando alguns mitos afro-brasileiros que trazem enfaticamente a presença de mulheres a frente de grupos que mais tarde darão origem às grandes civilizações. Em todos os mitos preservados no Brasil, Obá apresenta-se como caçadora ao lado de outras como Oyá e Iewá, daí a sua ligação direta com Odé, o caçador. Outra imagem que reforça a antiguidade do seu culto é a de que tal orixá também é um rio do mesmo nome que ainda hoje corta uma parte do território iorubá.

Conta-se que, após vários dias de batalha, estando os orixás liderados por Ogum e Oxalá, fragilizados pela guerra, Obá não se contentando em reunir apenas as mulheres de seu tempo, convocou todas as fêmeas do mundo animal. Ao ver Obá chegar rodeada de animais, aquela guerra foi vencida porque os inimigos fugiram de seus postos. Afirma-se nos terreiros que Obá mantém relações profundas com os animais, outra imagem antiga preservada do tempo em que os primeiros grupos humanos acreditavam encantá-los através de seus desenhos. O tempo em que os caçadores e caçadoras confundiam-se com a própria caça.

O culto a Obá é ainda hoje cercado de mistério. Mistério velado pelas cores escuras, representadas pelo vermelho encarnado que compõem seus elementos rituais nas poucas vezes em que aparece. Em alguns terreiros de tradição jeje nagô, a cantiga que diz “Obá, líder da sociedade Elekô comanda todas as mulheres guerreiras”, inicia a seqüência de músicas que dentre outras coisas, lembra a sua importância como representante das mulheres como caçadora, chamando para si funções sociais, políticas, culturais e religiosas. Em outras palavras, Obá, além de desempenhar um papel como desbravadora, cabia a ela defender o grupo, o protegendo em todos os sentidos, fomentar seu sustento e garantir a sua integridade política. Os caçadores eram ainda médicos, mágicos, verdadeiros entes divinos que sabiam que da relação de sua comunidade com os ancestrais dependia a sua permanência no mundo. Daí a expressão: “Obá Elekô”.

Elekô, a exemplo de muitas outras sociedades secretas, era uma espécie de “maçonaria de mulheres”, que dentre outras funções, zelava pela preservação da relação entre estas e a terra, para alguns grupos humanos, a grande mãe ancestral. Pena que apenas persistiu dentre nós, fragmentos de uma história que diz ter sido Obá enganada por uma das mulheres de Xangô que a teria induzido cortar uma de suas orelhas.

Acho mesmo que a imagem da orelha cortada por Obá neste mito é menos importante do que aquilo que considero tema principal: o amor. Obá é símbolo do amor, esse principio universal que por mais esforço já se tenha feito para traduzi-lo através das poesias, das filosofias, das religiões e recentemente da ciência, ainda é um mistério, talvez por ser ele um dos mais divinos. Gosto muito da história que diz que certa ocasião muito triste por ter perdido um de seus filhos, uma mulher adentrou-se na mata e pediu a Obá que o trouxesse de volta. Adormecida na floresta, a jovem sonhou com sementes que lhes eram trazidas por um enorme pássaro.

Acordada do sono, a mulher foi procurá-las. Chegando a beira de um rio, mal pode conter a sua alegria ao deparar-se com as sementes que a noite havia sonhado, ao mesmo tempo em que se deu conta de que, era ela mesma o pássaro que a noite havia visto em sonho. Das sementes plantadas pela mulher arrebentou uma planta que se transformou numa árvore de tronco escuro a partir da qual a humanidade melhor podia se representar, trazendo presente na forma de esculturas seus antepassados: o ébano. Obá, dessa maneira é a “verdadeira deusa do ébano”, não somente da madeira escura, de brilho natural que tanto nos representa através das mãos dos artistas africanos, mas a verdadeira “deusa negra” presente em todas as mulheres, nossas irmãs e mães que hoje mais do que nunca vão ao enfrentamento para defender a sua dignidade através da garantia da integridade de seus filhos.

Mulheres que embora tenham conquistado espaços nas sociedades contemporâneas ainda são aquelas mais estigmatizadas, violentadas e que tem seus direitos menos respeitados. Mulheres que como Obá amam, e por isso vão a luta pelos seus sonhos e são capazes não apenas de liderar quilombos, revoltas armadas, greves, movimentos sociais, mas grupos inteiros pois assim foi desde o inicio quando Obá saiu á frente convocando todas as mulheres para reconquistar o mundo.

Postado por VILSON CAETANO DE SOUSA JUNIOR

“Liberdade de culto sim, Crueldade não”

Por Castelo Hanssen. A Câmara Municipal de uma cidade da Grande São Paulo aprovou há tempos um projeto de lei proibindo o sacrifício de animais nos cultos religiosos em que essa prática é decorrente. Não faltaram vozes iradas acusando os vereadores de estarem praticando ato contra a liberdade de culto. Outros, mais irados os acusaram de racismo, pois tais cultos são de origem africana.

Grande besteira, pois esses cultos são praticados por pessoas de todas as etnias, da mesma forma que a Igreja Católica Apostólica Romana não é praticada apenas por latinos. Este escrevinhador entende que os vereadores daquela cidade estão corretíssimos. Há que se preservar toda liberdade de cultos e de culturas, mas todo ato de crueldade deve ser banido, se possível através de conscientização e convencimento. Do contrário, deveriam ser permitidas práticas de bruxaria, muitas vezes com sacrifícios de pessoas humanas.

Todas as civilizações primitivas cometem ou cometeram atos de crueldade. Os deuses primitivos eram cruéis e exigiam sacrifício para não punir os mortais. A vida era difícil e as pessoas precisavam ser fortes e insensíveis para sobreviver. Mas já estamos no Terceiro Milênio, está na hora de acabar com o culto à violência e força física.

A crueldade contra animais tem sido condenada através de lei. O abate de animais para consumo (já que a cadeia alimentar é uma lei natural) deve ser praticada com menos sofrimento possível. Pseudo esportes que implicam em crueldade, como rinha de galos, touradas e outros já são proibidos no Brasil. Até na Espanha, onde as touradas são tradição cultural, esse esporte começa a ser combatido por leis regionais. Enquanto redijo esse artigo, tramita na Câmara Municipal de Guarulhos o projeto de lei 3030 de 2005, de autoria do vereador Wagner Freitas, prevendo uma alteração na lei do vereador José Luís que proíbe espetáculos com animais.

O projeto altera o artigo 26, de forma a permitir a realização de rodeios e cavalhadas. Os rodeios no Oeste americano e as festas do peão de boiadeiro no interior do Brasil originam-se na doma de potros selvagens ou redomãos. Mas hoje o espetáculo é realizado com animais domesticados, mansos, e para que eles se revoltem e tentem derrubar os peões são submetidos a maus tratos. Essa tradição não pode ser mantida se quisermos ser considerados povos civilizados. Faço um apelo aos vereadores Gileno, Zuquila e Unaldo, da Comissão de Esportes e Lazer da Câmara, para que deem parecer contrário ao projeto, para que ele não vá à Ordem do Dia. Se for, espero que a maioria dos nossos representantes o rejeitem. Fonte: Folha Metropolitana

comentário.

Esse tema, já vem sendo discutido principalmente pelo segmento afro-afro brasileiro, mais precismente pelas lideranças das casas de candomblé de matriz africana que adotam nas suas ritualisticas o "sacrum ofício"do ofertório de anmais. Porém, o que nós aqui dessa tribuna eletrônica temos combatido e esclarecido, é que a questão passa pelo disposto em uma lei federal de número 9605/1998, lei de proteção ao meio ambiente, que estabelece em um dos seus artigos punição para aqueles que de qualquer forem pegos impondo violência no sacrificio de animais, seja ele de qual religião for, a lei é ampla, e se aplica a qualquer um do povo, indistintamente de sua religião.

Jurídicamente, temos a esclarecer que por ser uma lei de naturza federal, somente uma outra lei dessa mesma natureza poderá dispor de forma contrária ou acrescnetar algo a já existente. Mas, tem pipocado em vários estados da federação, projetos de lei visando modificar esse artigo da lei federal, existindo vários, inclusive no Rio Grande do Sul, que questionam a constitucionalidade dessa lei no que diz respeito ao desrespeito a norma cultural religiosa, existente nos cultoss de origem afro no que diz respeito ao sacrifpicio de animais.Mas nada impede que em vários estados, vereadores e deputados, venham tentando apresentar projetos, uns visando o respeito a prática e outros visando proibir, no caso de de parlamentares ligados a evangélico, que são os maiores opositores das práticas do culto afro.

Mas uma coisa deve ser dita e deve ser seguida por todos, pois a lei federal existe, e quem for encontrado segundo o disposto na lei federal sujeitar-se-á pela autoridade policial aos rigores da lei. Cabendo a cada um, utilizar-se de métodos que não impliquem em sofrimento desnessário aos animais oferecidos em holocausto aos deuses do panteon africano.

Não devendo outrossim, esquecermos que o estado garante a ao cidadão acusado, o direito a ampla defesa, o contráditório e toda a assistência jurídica necessária para fazer a contra prova da acusação, até mesmo para quem não tem dinheiro para pagar um advogado o estado garante a assistência juridica gratuita. O resto, é uma questão de conscientização de novas metodologias a serem usadas na prática do santo ofício do sacrifício de animais.

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

sexta-feira, 15 de abril de 2011

BA: Pai de Santo é preso por cárcere privado de menina


BA: sacerdote é preso por cárcere privado de menina 15 de abril de 2011 •

Um sacerdote de religião de matriz africana foi preso na cidade de Caatiba (a 607 km de Salvador), nesta quinta-feira, acusado de manter uma adolescente de 14 anos em cárcere privado. Conhecido como Pai Gaso, Lugelvan Cunha dos Santos, 23 anos, é proprietário de um terreiro no distrito de São José da Colônia. Ele é acusado também de maus-tratos contra a adolescente, que seria obrigada a dormir em uma esteira no chão. O Ministério Público (MP) de Barra do Choça (a 537 Km de Salvador) entregou a denúncia aos delegados Marcus Vinícius e Roberto Júnior, que ouviram o relato de maus tratos da jovem. Ela disse que era submetida a xingamentos e sessões de agressão com palmatória praticadas pelo sacerdote.
A bisavó da adolescente, Silerina Maria Ribeiro, 69 anos, afirmou aos policiais que a menina tinha "passamentos" e que por isso procurou Pai Gaso, que disse ser necessário um tratamento para ela no terreiro. Lugelvan negou as acusações e alegou que ela apenas fazia um trabalho há duas semanas para se libertar de uma "pomba gira" e curar um problema no coração.
Ele foi autuado em flagrante e responderá pelos crimes de cárcere privado, maus tratos e prática de curandeirismo.

Agência A Tarde

comentário

De há muito que vimos abordando o tema "recolhimento" em casas de santo de matriz africana, divulgamos até um documento que deve obrigatoriamente ser preeenchido pelo sacerdote da nação afro que tem em sua casa essa prática religiosa, posto que, o recolhimento, principalmente de menores, deve ser cercado de todas as cautelas jurídicas necessárias, até para prevenir futuros problemas quanto a integridade física e mental dos recolhidos, lembrando sempre que no caso de menores, os pais devem autorizar expressamente todo e qualquer tratamento, tido como espiritual, e se haverá necessidade de recolhimento, devendo ser especificado nesse documento, todo o caminho que será percorrido pelo sacerdote, para restituir ao paciente espiritual, o possível retorno do equilíbrio espiritual, que passsa naturalmente, pela cura de muitos males, que muitas das vezes a pessoa (o tratado), já foi até desengando pela medicina.

Mas a recomendação maior que se faz, são referentes ao recolhimento de menores, até por conta dos inúmeros casos registrados pela imprensa e polícia de pedofilia contra menores. A cautela deve ser muito grande, pois o recrudescimento no combate a esse tipo de crime, tem sido uma constante pelo poder público. Esperamos que esse sacerdote, ora envolvido com esse fato danoso, não só a sua reputação, mas também a reputação da religião afro, consiga provar que os fatos na realidade aconteceram de forma diversa, da qual está sendo apresentada. Porém, se for culpado, que arque com as consequências do seu ato.

João Batista de Ayrá/Jornalista/advogado/babalorixá

quinta-feira, 14 de abril de 2011

VUDU AFRICANO – FEITIÇARIA OU CULTURA





As poderosas emoções humanas na arte vodu

O Jornal Globo do dia 10 de abril publicou matéria sobre este tema, na qual relata uma amostra de uma exposição “Vodu”, aberta esta semana em Paris, na Fundação Cartier. Nesta estão sendo expostas estatuetas de madeira de figuras humanas amarradas, espetadas ou carregando todo tipo de badulaque, de concha, a caveiras de animais e mandíbulas humanas. DEMONIZADO NO OCIDENTE O Vodu é uma das religiões africanas mais demonizadas e incompreendidas no Ocidente. Ela surgiu no Benin, na África, e se expandiu ao longo de dois séculos até o Caribe, chegando ao Brasil através dos escravos. No imaginário popular de muitos ocidentais, vodu pé magia negra; vê-se logo um sujeito espetando uma boneca, para se vingar de alguém. Mas, para os africanos vodu é a encarnação do divino e uma forma diferente de lidar com os problemas do mundo e do cotidiano. As estatuetas são a ponte de comunicação entre os espíritos e o mundo concreto. -Para nós, o vodu não é uma prática, é uma filosofia de vida: quem somos nós? De onde viemos? –Diz Gabin Djimassé, do Benin, autor de um dos textos da exposição.

A mostra não fala sobre religião, mas sim sobre os objetos de arte que o vodu produz. Impossível, no entanto, não mergulhar no universo da religião africana. Os cem objetos forram trazidos a paris por um grande colecionador de arte primitiva. Jaques Kerchache, morto em 2001. Nos anos 1960, ele fez uma serie de expedições à África.

Quando chegou ao Benin, descobriu as esculturas vodu, tornando-se um dos seus maiores colecionadores. Segundo os organizadores da mostra, cada objeto vodu tem uma história, e é criado para um determinado fim, se você tem um problema com seu parceiro ou com seu inimigo, objeto é criado para resolvê-lo. O objeto chamado, bócio –bo (poderoso) e cio (cadáver)- pode ser usada para atacar ou para se defender de alguém. Para funcionar tem que ser acionado num ritual de sacralização, o Fa. Ele ganha “poder” divino sacrificando-se um animal ou cuspindo-se na estátua.

Os africanos guardam os objetos sob as camas ou em templos. Alguns os carregam no corpo, até que o pedido seja atendido. Estatuetas são também colocadas em portas de casas, cruzamentos de ruas ou plantações para proteger. A mostra da Fundação Cartier é uma viagem visual, sobretudo. O visitante é confrontado com cada escultura, em nenhuma explicação ao lado. A forma da mostra está aí: no mistério e exotismo que o vodu exala. Quase todas as estatuetas são corpos amarrados com cordas e espécies de pregos espetados. Numa delas os pregos estão perto das orelhas, no peito e no quadril. Ela teria sido coberta com sangue de animal sacrificado e usada para criar todo tipo de problema ao adversário, torná-lo estéril ou mudo, sufocá-lo, provocar dor de barriga. Quando os pregos são removidos, o “inimigo” se recupera e não sofre mais. Uma mandíbula amarrada no corpo significa o desejo de afastar a testemunha indesejada. Na mostra há pelo menos duas com mandíbulas humanas.

A coleção é variada. Duas estatuetas foram usadas para causar asfixia e morte. Numa delas a figura tem um metal na boca. Na outra, os olhos vendados por cordas. As cordas estão presentes em todas: elas ativam o poder. Embora estejam associadas à morte, podem também significar vida; cordas amaradas no quadril de uma grávida protegem contra aborto involuntário. Quando saiu do Benin levado por escravos, o vodu foi adaptado incorporou figuras do catolicismo, como santos.

No Benin a escultura colocada na entrada de vilarejos – Legba – normalmente é representada por um pênis em ereção. No Haiti, Legba foi transformada numa representação de São Pedro. Tanto Gabin Djimassé, do Benin, quanto ao artista haitiano Patrick Vila ire ambos envolvidos na amostra de Fundação Cartier –queixam –se de incompreensão da arte e da prática vodu no ocidente. Quando os colecionadores chegaram à África, tudo o que viam os africanos fazer –como o vodu, por exemplo- não era considerado “humano”, explica Djimassé. Daí porque a colonização era dita “civilizadora”. – Eles estimaram que precisávamos viver como eles(os brancos) – explica. Para o haitiano Vilaire, quando o Ocidente não compreende outra cultura, ele a estereotipa e a persegue. - O vodu foi associado ao mal, e perseguido pela igreja católica. MS está tão arraigado na cultura e na vida das pessoas que é impossível vencê-lo com perseguição- diz.

Comentário:

O tema é por demais atual, principalmente para nós do culto afro-brasileiro, pois a prática vodu, pouco importando a sua origem, se africana ou haitiana, posto que, cá no Brasil ela tomou contornos próprios, assim como o próprio culto as divindades de matriz africana, ou seja, uma nova roupagem foi inserida tanto num quanto noutro, por conta de costumes só existentes no Brasil, no caso, as implicações de natureza católica, ameríndia, e do culto ao chamado Exu Egum, que só existe no Brasil.

Paralelamente a essa prática vãmos encontrar fatores que levam ao populismo ou a vulgaridade de tão importante culto.
De um lado, por conta de supostos sacerdotes, ou melhor, que se dizem, “pais de santo”, que sem qualquer envergadura, no verdadeiro culto as essas energias, divulgam através da imprensa, geralmente a escrita, serem possuidores de “fórmulas mágicas”, para resolverem os problemas das pessoas que os procuram, normalmente no afã de resolveram problemas de “ A a Z(malefícios).

E com isso, imprimem no culto vodu uma característica que ele originariamente não possui, ou seja, a de acessibilidade a qualquer um, que bastando-se dizer sacerdote, poderia lançar mão dos mistérios desse culto. Quando na realidade, vodu é uma ciência, que não se aprende em escola, ou cursos de “odus ou jogo de búzios, ou de conceitos de magia africana, Não. Vodu, é laço consangüíneo, é herança, conhecimentos que são passados de pais para filhos, desde que estes, possuam o cabedal, e o arquétipo personalítico espiritualista necessário para o exercício desse mister.

Entendemos nós, que o sacerdote vodu ou o aprendiz sempre, tem que ter o “carrego certo, e certo o carrego”, sem isso, estariam fadados ao fracasso. No Brasil, não existe o culto próprio e independente do Vodu, ele se encontra agregado às práticas fetichistas das casas de santo (candomblé, umbanda e quimbanda), mais precisamente as casas de culto Kimbundo (quimbanda), ou aquelas de origem nordestina como no caso do Tambor de Mina do Maranhão, as de pajelança, e o chamado Candomblé de Caboclos, cujas práticas estão mais voltadas à natureza e seus elementos votivos.

No rito vodu, existe toda uma hierarquia para a consagração de um sacerdote neste ritual, tipos; consulta a Ifá sobre se o candidato é realmente um escolhido, os ebós de limpezas, o recolhimento, a escolha de um padrinho material (ser humano) e um espiritual, geralmente é um Ganga (ser de luz do mundo Kimbanda, que irá referendar aquela feitura) e, finalmente o ritual de consagração do aprendiz. A durabilidade desse tipo de feitura extrapola o tempo médio para uma feitura de orixá, às vezes levam-se anos, estudando e pesquisando o iniciado, e todas as suas vicissitudes espirituais.

Ao longo da reportagem observamos algumas referências sobre alguns tipos de utilidades mais comuns que possui o “fetiche vodu”, sendo mais largamente conhecido, o chamado feitiço para debelar os poderes dos inimigos, ou seja, aqueles realizados com o intuito de fazer o mal a alguém.

Quando na realidade, por conta desse estigma, é que foi conhecido o “fetiche vodu”, aqui no Brasil como uma prática maligna, sempre voltada para o mal. Por que poucos são aqueles que se dizem prestadores de serviço na área do “vodu”, que se comprometem a esclarecer que tal remédio (vodu), está voltado também para as práticas do bem, o que em África é muito mais comum e corriqueiro, pois o mais natural que a sociedade africana, busque muito mais a firmeza dos seus empreendimentos através da pratica vodu, do que utilizá-la na prática comum de refrega (contenda) com inimigos, sendo natural, na sociedade africana sob o jugo do colonialismo,se utilizasse dessa prática para abrandar as forças dos seus inimigos.

Porém, na atual sociedade africana, até por conta das dificuldades de natureza financeira, má distribuição de renda, falta de empregos e até alimentos, não se concebe hoje ao africano lançar mão dos seus poucos recursos financeiros, para adquirir geralmente produtos caros, tipo animais, alimentos perecíveis, bebidas e ou congêneres, para a realização de feitiços aos seus pretensos inimigos.

O fetiche vodu, hoje é muito mais largamente usado em África para a firmeza de casas, de instituições religiosas, de lavouras, de fazendas onde se criam animais (bois, cavalos, ovelhas), ou plantio de produtos agrícolas, onde de cada safra se retira um pouco para a oferenda, à figura vodu feita em um ojubó (assentamento), onde se encontra a imagem de Legbá (Exu) ou uma estatua vodu que pode retratar outro tipo de energia).

No Brasil, essa prática não é muito comum, pois como já se disse supra, as pessoas estão mais condicionadas a procurar a magia vodu para resolver problemas relativos á anulação de feitiços oriundos de inimigos. Esquecendo-se, pois, que o vodu, a sua magia, é muito mais largamente usado para os caminhos da prosperidade nos negócios, no desempenho sexual, na capacidade intelectiva, na manutenção das casas de negócios sempre em prosperidade, fechamento de corpo contra males diversos, inclusive contra doenças.

O problema está, no fato de poucos sacerdotes iniciados e formados neste culto, estarem preparados para a confecção das chamadas imagens de bonecos vodus, pois para quem não sabe, vodu é imagem, as formas são as mais variadas, podem ser humanas ou de animais, cada uma com um fim específico, e a sua confecção depende de um período de cura, ou seja, de permanência em local apropriado, para a chamada imantação. E que assim possa finalmente ser usado pelo contratante.

Bem, não vamos querer aqui esgotar o assunto, até por conta da sua importância e profundidade, mas vale à pena analisarmos o tema, divulgado pelo O Globo, em caráter cultural. Porém nos reservamos o direito de trocar em miúdos as suas idiossincrasias por conta do conhecimento da prática vodu, segundo o modelo brasileiro, na doutrina da Quimbanda e do Tambor de Mina Gêje Nagô. Pena que a amostra está se realizando em Paris.

João Batista de Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá

- MASSACRE DE REALENGO -Missa Pós-Tragédia reúne Diversidade Religiosa


Cerca de 2,5 mil pessoas assistiram nesta quarta-feira (13 de abril) a uma missa seguida de um ato inter-religioso em homenagem aos 12 adolescentes que foram assassinados na semana passada em uma escola pública do Rio de Janeiro.



O ato contou com a presença de autoridades, sobreviventes do massacre e alunos e professores da Escola Municipal Tasso da Silveira, onde na quinta-feira passada ocorreu o crime que comoveu a o país.

Após uma missa celebrada pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta, a homenagem foi seguida por um ato inter-religioso do qual participaram líderes de várias religiões, entre eles o xeque Jihab Hassan Hammeh, representante dos muçulmanos e quem negou qualquer vínculo do assassino com o islamismo e representando as Religiões Afro-brasileiras, o Babalaô Ivanir dos Santos da CCIR (Comissão de Combate à Intolerância Religiosa).

Também esteve presente no ato o sargento da Polícia Militar Márcio Alves, que atirou na perna do assassino. "Não abandonem a escola", pediu o sargento depois que vários pais de alunos anunciaram a intenção de transferir seus filhos para outras instituições. Durante a homenagem, um helicóptero da Polícia jogou pétalas de rosas sobre a multidão.

Fonte: UOL
Imagem: O Reporter

Pastor adventista é autor de texto achado na casa do atirador do Realengo



Um pastor adventista que mora na Bahia é autor de pelo menos um dos textos religiosos encontrados na casa de Wellington Menezes de Oliveira, 23, o atirador que invadiu a escola municipal Tasso da Silveira, na zona oeste do Rio, e matou 12 crianças na última quinta-feira (7). Uma missa e um ato ecumênico foram realizados nesta quarta-feira, no Rio, em homenagem às vítimas.

Havia pelo menos três textos de caráter religioso na casa de Wellington –leia todos eles aqui. Os temas dos textos do pastor eram inferno, alma e espírito, e morte e ressurreição. Nenhum deles induz a ataques homicidas nem faz apologia à violência.

Além desses impressos, a polícia também recolheu textos escritos de próprio punho pelo atirador, nos quais ele tece considerações sobre religião e conceitos de bem e mal.

Um trecho diz: “[...] faço todos os dias minha oração do meio-dia que é a de reconhecimento a Deus e as outras cinco que são de dedicação a Deus e umas 4 horas do dia passo lendo o Alcorão [...] e algumas vezes medito no 11/09″.

Em outro trecho, o atirador registra: “meu tempo livre entrego a Deus ao invés de entregar aos prazeres passageiros do mundo… e sei que Deus olhará para meu sacrifício e minhas ações neste mundo com muito favor e satisfação e sei que serei muito bem recompensado.”

Procurado pela Folha, o pastor Demóstenes Neves da Silva, 53, confirmou a autoria do texto sobre o inferno e afirmou ser “muito provável” que os demais também sejam dele. Silva contou que até 2003 respondia perguntas de internautas sobre religião em um site adventista.

“Escrevi tanta coisa naquela época que não lembro de tudo, mas são temas correlatos e creio que todos sejam meus.”

O site ainda existe, mas o pastor não participa mais dele. Atualmente não é possível acessar nenhum de seus textos –segundo o pastor, por questão técnica. Mas outros sites copiaram e mantêm os textos no ar.

O pastor não faz pregações regulares porque se dedica exclusivamente à atividade docente nas Faculdades Adventistas da Bahia, na cidade baiana de Cachoeira (105 km de Salvador).

“Uma atitude dessa [o ataque do atirador] só pode ter sido cometida por alguém com um desvio muito sério”, avalia Silva.

Fonte: Folha