sexta-feira, 29 de abril de 2011

Jeová, Oxalá, Jesus, e as outras religiõesAs outras formas de celebração da Páscoa



Fran Ribeiro

Semana Santa. Para a religião católica é o momento de se celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo. Mas, e as outras religiões, e sobretudo, as não cristãs? Como elas cultuam esse momento importante da história da humanidade? A reportagem do Primeira Edição foi atrás, e vai mostrar as diferentes formas de celebração da Páscoa nas principais religiões que formam a diversidade religiosa no Brasil.

190 milhões de habitantes

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, mais da metade dos brasileiros, cerca de 73,8%, são devotos da religião católica. Os outros 26,2 %, são evangélicos (protestantes e petencostais), umbandistas, espíritas, do Candomblé e judeus, além de outras religiões. Cada um, a partir de suas especificidades, celebram a Páscoa. A Páscoa que significa a peregrinação de Jesus Cristo, durante 40 dias até a sua morte e ressurreição. Ela tem origem na tradição judaica, muito antes do nascimento de Cristo. Para os Judeus, a cerimônia marca momentos significativos da cultura hebraica.

A Páscoa nas religiões

Católica – para os católicos, a Páscoa é a celebração da vitória da vida sobre a morte. A quaresma representa o momento de reflexão, se os homens poderão ressussitar junto com Cristo. Além desse símbolo espiritual, a religião elege o coelho (que representa a fertilidade), a água e o círio pascal, o fogo novo, como símbolos. Todo início da quaresma a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança a Campanha da Fraternidade, que em 2011 celebra a ‘Fraternidade e a Vida no Planeta’. A campanha tenta mostrar que a natureza também está precisando ressussitar. “Não só nós, humanos que estamos precisando de renovação. A natureza precisa ressussitar”, disse a praticante da religião Elza Ribeiro. “A Páscoa é o símbolo que podemos nos redimir das coisas ruins do mundo. A questão é saber se seremos dignos disso”, concluiu.

Evangélicos ( A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) – para os praticantes dessa religião, o momento é de alegria e de celebração conjunta pelo sacrifício de Jesus para os homens. “É um domingo onde nós nos juntamos aos demais cristãos, lembrando que Jesus Cristo recussitou ao terceiro dia, em um domingo da Páscoa judia, mas não há comemorações especiais”, disse Fernando Nunes, membro da Igreja. Segundo Fernando, é importante lembrar desse momento não só durante a Páscoa, mas durante todos os dias. “É um momento de extrema importância no evangelho cristão, porque é parte do grande sacrifício expiatório que Jesus fez por nós, mas lembramos disso a cada reunião que temos”, declarou.

Igreja Batista Nacional – para eles, o cordeiro é o principal símbolo e representa o corpo de Cristo. A Páscoa representa a saída do povo egípcio do cativeiro e a sua busca pela terra prometida. “Na biblía judaica é um momento novo, de libertação do povo”, disse o pastor da Igreja Batista do município de São Luís do Quitunde, Irmão Barros. A religião também acredita na ressureição no terceiro dia da Paixão de Cristo.

Umbanda e Candomblé – os praticantes dessa religião, apesar de não comemorar essa data em específico, celebram outras do calendário cristão.”Nós não aceitamos a ressurreição como uma verdade, mas respeitamos aqueles que acreditam”, declarou Maria Lúcia, praticante de umbanda. Eles celebram o orixá Oxalá, que representa Jesus. Muitos terreiros fecham durante a Semana Santa e só reabrem no Sábado de Aleluia, quando realizam celebrações espirituais para marcar o dia.

Espiritismo – é comum nessa religião não cultuar os dogmas da igreja cristã, mas existe o respeito pelas manifestações religiosas. Eles crêem que a Páscoa ou Passagem, como é chamada, significa a liberdade dos hebreus escravizados no antigo Egito.

Judeus – conhecida como Pessach, a Páscoa judaica marca o período do Êxodo do povo hebreu da escravidão no Egito. É o momento de libertação e de firmação da identidade desse povo, durante os séculos até os dias de hoje. O início da celebração é marcado no primeiro dia de lua cheia da primavera e dura sete dias.
Para além da celebração, todos os ouvidos pela reportagem acreditam que o respeito por cada especificidade das religiões que compõe a diversidade no país não aceitam a intolerância religiosa, que deixa uma mancha que não compete ao símbolo da época. “A intolerância nos faz mais fracos e torna as pessoas menos humanas. A Páscoa é o marco da vida. E a vida é um privilégio de todos”, concluiu Maria Lúcia.

Fonte: primeiraedicao.com.br