Um sacerdote de religião de matriz africana foi preso na cidade de Caatiba (a 607 km de Salvador), nesta quinta-feira, acusado de manter uma adolescente de 14 anos em cárcere privado. Conhecido como Pai Gaso, Lugelvan Cunha dos Santos, 23 anos, é proprietário de um terreiro no distrito de São José da Colônia. Ele é acusado também de maus-tratos contra a adolescente, que seria obrigada a dormir em uma esteira no chão. O Ministério Público (MP) de Barra do Choça (a 537 Km de Salvador) entregou a denúncia aos delegados Marcus Vinícius e Roberto Júnior, que ouviram o relato de maus tratos da jovem. Ela disse que era submetida a xingamentos e sessões de agressão com palmatória praticadas pelo sacerdote.
A bisavó da adolescente, Silerina Maria Ribeiro, 69 anos, afirmou aos policiais que a menina tinha "passamentos" e que por isso procurou Pai Gaso, que disse ser necessário um tratamento para ela no terreiro. Lugelvan negou as acusações e alegou que ela apenas fazia um trabalho há duas semanas para se libertar de uma "pomba gira" e curar um problema no coração.
Ele foi autuado em flagrante e responderá pelos crimes de cárcere privado, maus tratos e prática de curandeirismo.
Agência A Tarde
comentário
De há muito que vimos abordando o tema "recolhimento" em casas de santo de matriz africana, divulgamos até um documento que deve obrigatoriamente ser preeenchido pelo sacerdote da nação afro que tem em sua casa essa prática religiosa, posto que, o recolhimento, principalmente de menores, deve ser cercado de todas as cautelas jurídicas necessárias, até para prevenir futuros problemas quanto a integridade física e mental dos recolhidos, lembrando sempre que no caso de menores, os pais devem autorizar expressamente todo e qualquer tratamento, tido como espiritual, e se haverá necessidade de recolhimento, devendo ser especificado nesse documento, todo o caminho que será percorrido pelo sacerdote, para restituir ao paciente espiritual, o possível retorno do equilíbrio espiritual, que passsa naturalmente, pela cura de muitos males, que muitas das vezes a pessoa (o tratado), já foi até desengando pela medicina.
Mas a recomendação maior que se faz, são referentes ao recolhimento de menores, até por conta dos inúmeros casos registrados pela imprensa e polícia de pedofilia contra menores. A cautela deve ser muito grande, pois o recrudescimento no combate a esse tipo de crime, tem sido uma constante pelo poder público. Esperamos que esse sacerdote, ora envolvido com esse fato danoso, não só a sua reputação, mas também a reputação da religião afro, consiga provar que os fatos na realidade aconteceram de forma diversa, da qual está sendo apresentada. Porém, se for culpado, que arque com as consequências do seu ato.
João Batista de Ayrá/Jornalista/advogado/babalorixá