segunda-feira, 11 de abril de 2011

Chuta que é Macumba.Cuidado para não quebrar o Pé!

Por Ricardo Barreira.

Calma, eu explico. É que Macumba é uma árvore sagrada da África, onde os negros se reuniam para fazer suas orações. Aliás, árvore muito parecida com a formosa Copaíba que temos na Avenida Getúlio Vargas, aqui em Bauru.
Bom, agora que você já sabe isso, os que iam à Macumba eram os – adivinhe – macumbeiros. Isso mesmo. Poxa, e você utilizando esse termo sem saber. Mas tem mais, Macumba também foi o nome dado aos primeiros instrumentos de percussão, muito parecidos com os atabaques de hoje. Eles eram confeccionados com a Madeira da árvore sagrada e usados nos cultos em louvor aos Orixás. O fato é que durante três séculos, milhões de africanos foram escravizados e trazidos para o território brasileiro por colonizadores europeus. A religião foi um fator fundamental para a preservação dos costumes africanos, e tornou-se símbolo da resistência de povos que foram massacrados ao longo da história do nosso país, mas que exerceram importante papel para a formação da identidade e da cultura brasileira. É por isso que se fala muito que o povo brasileiro tem um pezinho na senzala. Eu arriscaria dizer que muitos têm também uma mãozinha no terreiro, pois a cultura religiosa afro-brasileira está enraizada em todo nosso país. Portanto, em nossa cidade, não é diferente.
Poucos são os que nunca fizeram uso de uma fitinha vermelha contra mau-olhado, cruzaram os dedinhos para torcer por alguma coisa, ou nunca tiveram um vasinho de sete ervas em casa. Você pode não ter percebido, mas o salzinho grosso atrás da porta não tem nada a ver com herança de uma religião européia.
Bauru possui cerca de oitocentos templos de Umbanda e Candomblé, espalhados por toda cidade, mas as lembranças de uma época de grande perseguição às religiões afro-brasileiras fizeram que se tornassem quase invisíveis. A grande maioria não possui identificação em suas fachadas e aparentam, propositalmente, residências. Mas invisíveis ou não estão aí, provavelmente bem ao lado da sua casa. Agora já sabe o que é Macumba. Madeira nobre e resistente. Pode machucar o pé, portanto, é melhor não chutar. Mas, melhor mesmo, é quando você não chutar nada. Quando você respeitar as pessoas por suas atitudes, posturas, ideais, e, principalmente, por seus corações. Respeite – e não apenas tolere - pois como disse Saramago: “Quando se tolera apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro." Fonte: Jornal Bom Dia

comentário



Macaumba nossa de todo dia, ragai por nós, que somos merecedores de paz e de sucesso e de cura dos nossos males do corpo e da alma

. O termo macumba ao longo de décadas no Brasil tem sido sinônimo de coisa ruim, coisa de macumbeiro, coisa de povo subdesenvolvido, coisa de quem não tem deus no coração e de quem está sempre voltado para a prática pagã de malefícios, sempre no intuito de fazer o mal ao seu semelhante, doutrina essa sempre espalhada com o fito de denegrir as coisas sagradas do culto afro-descendente. Quando na realidade o termo macuba, embora denote semânticamente o nome de uma árvore como diz o texto acima, ora em análise, é um tipo também de instrumento musical usado em orquestra afro.
A verdade é que, a chamada macumba urbana (Roger Bastide), é na realidade um conjunto de temperos, de rezas, e práticas, amerindias, lusos e negras, usadas e extraídas da culinária, do culto aos deuses nagôs, ameríndios e católicos (sincretismo), de tal forma que, o entrosamento entre os deuses tanto do panteão africano, quanto dos índios, os verdadeiros donos da terra e dos santos da igreja católica, estão tão entrosados e entrelaçados, que até hoje não se conseguiu desvencilhar tais elementos uns dos outros, no coração do brasileiro que louva São Jorge, louva também o Orixá Ogum, louva Yemanjá e louva Nossa Senhora das Candeias, o mesmo acontecendo no Catimbó, no ritual da juremeira (árvore sagrada) dos índios, no candomblé de caboclo e etc.
Quem hoje nesse Brasil caboclo brejeiro, mestiço, que não lança mão dos seus banhos de sal grosso, dos padês de waje (para agilizar), do padê de dendê (para fortalecer), dos banhos de ervas frescas (para limpar a aura espiritual), das defumações nos locais de trabalho e nas residências, para que os bons fluidos entrem e interajam fazendo a vida melhor e mais próspera?
Portanto, chutar macumba, pisasar macumba, se mal não fizer, bem, com certeza não fará. Passe ao largo, respeite, siga o seu caminho, pois deus, aquele que habita no altíssimo, tem entre nós o seu fiel mandatário, executor e cumpridor perfeito de todas as tarefas que lhes são confiadas, chama-se Exu! Boa segunda-feira. Axé!
João Batista de
Ayrá/advogado/jornalista/babalorixá